O tempo passou e quando eu vi era quase duas horas da tarde. Eu estava morrendo de dor de cabeça e estava com fome também, já que nem café da manhã eu havia tomado direito.
Procurei por um remédio, mas a caixinha já estava vazia. Porém, havia uma farmácia na rua ao lado, então peguei minha bolsa e fui até o elevador.
Em pouco tempo eu fui até a farmácia e lá mesmo já tomei o remédio para ir fazendo efeito. No caminho de volta para a empresa, estava tentando falar com a senhorita Mendonça para ela me encontrar na entrada, mas nada dela me responder.
De última tentativa tentei ligar para a loira, mas a mesma mão atendeu. Foi quando, na esquina do outros lado da rua da empresa, avistei a senhorita Mendonça conversando com um homem. Um homem um pouco alto, bonito até... e que estava segurando nas mãos da Mendonça a olhando nos olhos enquanto falava alguma coisa.
Naquele momento senti alguma coisa dentro de mim que não havia sentido antes. Um aperto no peito, misturado com... ódio? Não sei descrever o que senti ao ver aquela cena. Mas ao ver o homem abraçando a mesma, foi o suficiente para me fazer sair rapidamente daquele lugar.
Adentrei o prédio, peguei o elevador e rapidamente voltei para minha sala. Me sentei em minha cadeira e comecei a lembrar do que acabei de ver do outro lado da rua. Naquele momento me veio na mente tudo o que Maiara havia me dito, cada palavra ecoava na minha cabeça junto com as imagens de cada momento que tive com Marília desde o dia em que conheci a loira.
Foi então que senti um aperto no peito e, como um estalo dentro de mim, percebi que ela realmente tinha razão e eu estava tentando mentir para mim mesma. Como pude ser tão tonta? Maiara tinha razão e eu estava mentindo para mim mesma. Marília chamou minha atenção desde o primeiro dia em que a vi, eu estava realmente me apaixonando por ela e estava negando isso. O que eu senti lá embaixo não era ódio, era ciúmes.
– Meu Deus, eu sou uma idiota! - Disse para mim mesma e deitei minha cabeça sobre meus braços na mesa.
Além de estar mentindo para mim mesma, eu briguei com minha irmã por um assunto idiota, sendo que ela estava certa desde o início.
– Anna? - Disse ao pegar o telefone. - Por favor, avise a minha irmã que eu preciso dela na minha sala agora. Obrigada!
Após alguns minutos, Maiara entra em minha sala. Ainda sem virar a cadeira escuto suas palavras e a respondo.
– Queria me ver? - Ela diz séria.
– Sim!
– E não podia simplesmente ir até minha sala? Precisa mandar as pessoas me chamarem?
Foi então que sem dizer nada, apenas virei a cadeira com os olhos cheios de água. Estava segurando para não chorar, mas era muita informação na minha cabeça naquele momento.
– O que aconteceu? Por que está com os olhos cheios de água?
– Mai, me desculpe por ter gritado com você? - digo, me encostando na cadeira mordendo os lábios.
Maiara me olhou e, sem dizer nada, veio até mim e se abaixou do meu lado.
– Você tem razão... - digo sentindo uma lágrima escorrer. - Eu gosto dela e estou mentindo para mim mesma.
– Oh, minha irmã - ela me abraça. - Eu sabia desde o começo, mas por que mentir assim?
– Eu não sei... talvez eu... - hesitei em falar. - Acho que ainda estou presa ao passado...
– Maraisa, olhe para mim - diz me fazendo erguer a cabeça. - Olha, eu sei que seu último relacionamento não deu certo e sei que você se machucou muito. Mas, além disso, você é minha irmã, banque a durona o quanto quiser, mas no fundo eu sei exatamente como você se sente.
– Eu sei... mas você sabe que eu não demonstro as coisas assim.
– Isa, conheço você desde o dia em que nascemos. Você é minha metade, sabe que eu te conheço melhor que qualquer um! Você é durona por fora, mas por dentro você é extremamente sensível, carinhosa, divertida... só não demonstra para muitos.
– O que eu seria sem você minha irmã? - Digo secando uma lágrima. - Desculpa ter brigado com você. Se tem uma coisa nesse mundo que me deixa muito mal é brigar com você.
– Eu sei, sabe que também não gosto. Mas não importa, já passou! - Diz me abraçando. - Agora, conte-me, o que te levou a perceber que estava mentindo pra você mesma?
– Talvez eu tenha visto uma cena que me fez ter um leve choque de realidade... Vi Marília abraçada com um homem do outro lado aqui da rua. Voltei aqui parainha sala e comecei a ter flashbacks de momentos com ela desde quando há conheci, e então suas palavras ecoaram pela minha cabeça e... bom...
– Certo, eu entendi. Tenta não pensar nisso agora. Mas... - hesitou antes de falar.
– Mas...?
– Quem era aquele homem?
– Eu não sei! Ela nunca me disse que tinha um irmão, então descartei essa possibilidade. Tudo que me resta é... namorado?
– Namorado? Não acho que ela tenha namorado.
– E como você sabe disso?
– Bem, eu... - Maiara é interrompida por uma batida da porta. - Deixa que eu vejo.
Mai se levantou e caminhou até a porta. Ao abrir, não consegui ver quem era, pois Maiara não abriu a porta toda. Porém, logo descobrir ao ouvir a voz da pessoa...
– Perdão interromper, mas sua irmã estava me ligando. Aconteceu alguma coisa? Ela precisa sair?
– Não, não mais. Maraisa não precisa de você mais por enquanto, Mendonça.
– Ah... perdão por atrapalha. Com licença. - Disse por fim e se retirou.
Maiara fechou a porta logo depois e voltou a me olhar. Mesmo sem dizer nada, sabia o que ela queria que eu fizesse, mas não estava pronta para isso no momento.
Minha cabeça está cheia de informações no momento. E, agora, duvido muito que a loira fosse querer alguma coisa comigo.
– Sabe o que fazer!
– Eu sei, Maiara. Só, por favor, me de um tempo para pensar. Um tempo para colocar a cabeça no lugar. Prometo que depois disso, descubro quem era aquele homem e prometo conversar com ela. Só não prometo dizer toda a verdade...
– Maraisa!
– E se não for recíproco? O que eu obviamente acho que não é!
– Vocês duas são tontas, isso sim! Ambas se olham com um brilho no olhar extraordinário, só vocês não percebem que tem alguma coisa.
– Falando assim até parece que nós duas somos completamente apaixonadas desde o primeiro momento, só não sabemos dizer a verdade e... e eu tô me descrevendo outra vez.
– Bom que notou... - diz rindo. - Não pensa nisso agora, mais tarde quando estiver em casa, você tira um tempo para pensar?
– Prometo que vou pensar no assunto.
– Ótimo! Até mais tarde irmã.
– Até. - digo antes dela sair.
Maiara tinha razão, precisava pensar em tudo o que aconteceu. Só não prometi dizer o que realmente sinto por ela... Acredito que não estou pronta para isso, não quero perder essa relação de amizade que já estava sendo difícil de começar entre nós.
– Meu Deus, por que essas coisas só acontecem comigo?
Digo para mim mesma, antes de voltar a realidade. Deixei esses pensamentos de lado e voltei a trabalhar. Pedi almoço e comi no meu escritório mesmo, não estava afim de sair hoje, não depois de tudo.
Só quero entender realmente o que sinto por ela, antes de tentar falar alguma coisa e talvez até estragar tudo.
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A Motorista
FanfictionAs irmãs Maiara e Maraisa são donas de uma importante empresa em Nova York e, por conta de um imprevisto, Maraisa estava atrás de outro motorista para ela e uma para a irmã. Conversou com algumas pessoas, mas não gostou muito delas para esse trabalh...