— Acho que sim… — Hesitei.
— Você não achou que uma planta ia fazer eu insistir tanto em você, achou? — Edward disse antes de se virar e atravessar a porta da estufa, saindo.
Contraí os lábios, e chacoalhei a cabeça. Lutando contra minha vontade, eu o segui, porque minha curiosidade era maior que tudo.
— Então não estou aqui por causa da planta? — Perguntei.
— Você está aqui por muitas razões, Jacob. — Edward me olhou por cima do ombro.
— Por que você sempre dá respostas evasivas às minhas perguntas? — Ergui as sobrancelhas.
O clima agradável da estufa foi embora, dando lugar ao frio habitual de Forks. O cheiro de terra molhada me invadiu. A chuva havia cessado, mas o céu continuava mortalmente nublado.
Edward parou de caminhar e se virou de frente para mim, seu rosto ficou a centímetros do meu. Eu poderia ter me afastado, poderia ter desviado. Poderia. Mas não fiz. Em vez disso, eu sustentei o olhar dele.
— Qual seria a graça se eu respondesse tudo diretamente? Agora você vai para casa e tudo que vai conseguir pensar é nas razões pelas quais esteve aqui — ele sussurrou com a voz grave.
Edward não esperou que eu respondesse, apenas deu um passo para trás, se virou e continuou andando na direção da garagem. Eu o segui em completo silêncio, que para minha surpresa não foi constrangedor, e sim… confortável. Aquilo me assustou. Assustou de verdade. Eu deveria ficar desconfortável e deveria estar com raiva pelas respostas evasivas, mas não estava. Eu estava apenas curioso. Não havia sentimento ruim, apenas uma sensação estranha e boa ao mesmo tempo.
Quando chegamos a garagem, também me surpreendeu, porque minha casa também caberia dentro dela. Havia lugar para pelo menos dez carros aqui, mas não foi isso que me chamou atenção, foram às duas motocicletas encostadas na parede do fundo.
— Uma das amigas da minha mãe fez um brechó — Edward iniciou. — Esme disse para irmos e comprarmos algo…
— E você comprou duas motos que provavelmente não ligam há pelo menos dois anos — enfiei minhas mãos nos meus bolsos. — Pensei que você rico.
— Número 1 — Edward fez o sinal do número em sua mão — minha mãe pediu para eu comprar algo. Número 2 — ele também gesticulou esse número — essas eram as últimas coisas que precisavam vender para fechar as vendas.
— Porque você é muito caridoso, certo? — Ergui as sobrancelhas tentando não rir.
— Você ficaria surpreso — o garoto deu de ombros. — Então, acha que consegue consertá-las? Se conseguir, não haverá mecânico mais bem pago que você. Você pode fazê-las funcionar, não pode?
Eu queria muito dizer não, de verdade, eu queria, mas pensei no Rabbit parado em minha garagem, esperando por um conserto que nunca acabava porque eu não tinha dinheiro suficiente para comprar todas as peças de uma vez. Era isso ou ter que andar eternamente em uma picape que não ultrapassava os 90 km/h. Antes que eu pudesse pensar muito sobre o assunto, antes que pudesse me arrepender, respondi:
— Sou o melhor mecânico da cidade, me senti ofendido com sua falta de fé. É claro que posso. Quando começamos? — Edward esboçou um sorriso presunçoso, mas não pude deixar de reparar na surpresa em seu rosto, como ele não esperasse essa resposta.
— Amanhã Bella virá para cuidar da Bromélia, eu cuidarei dela lá quarta e você pode vir na quinta para cuidar dela também e na sexta para podemos ir até Seattle comprar as peças, faça uma lista delas. Acho que você pode começar a trabalhar nas motos no sábado, o que você diz? — Edward indagou. — Não se preocupe, eu pagarei sua gasolina também.
— Certo, mas não seria melhor se eu viesse cuidar da Bromélia na quinta e fossemos até Seattle no mesmo dia? Dessa forma, poderíamos começar a trabalhar nas motos na sexta. Quero dizer, pouparia tempo. — Falei.
Edward suspirou, e ficou calado por alguns segundos.
— É claro — ele disse por fim com certa melancolia. — Você é o mecânico, você que manda.
Dei um passo para trás, os olhos de Edward me acompanharam.
— Vejo você na quinta, Cullen. — Falei.
— Faça um favor por mim, tudo bem? Não conte ao seu pai que está andando comigo. — Pediu ele.
— É claro, eu jamais diria ao meu pai que estou andando com más influências.
Ele riu da minha resposta, e eu caminhei o mais rápido possível até minha picape, precisava chegar em La Push antes que anoitecesse, contudo, mal sabia eu o que aguardava quando finalmente chegasse.
Edward tinha razão, e me custou admitir isso, mas tudo que consegui pensar quando deitei em minha cama foram nas razões pelas quais estive com ele.
E a resposta não me agradou.
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ANOITECER
FanfictionJacob Black é só um garoto normal tentando se adaptar a nova escola depois do fatídico incidente em sua antiga escola em La Push. Seu pai, Billy, é incisivo em relação a família de "frios" que frequenta a Forks High School. Ele não quer que Jacob...
Bromélia
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