Bromélia

1.7K 281 116
                                    

— Você demorou — Edward disse, analisando a planta à sua frente. 

— Teve sorte que eu vim — retruquei me aproximando. — Pensei que tivesse dito algo sobre não querer vir à sua casa. 

Edward desviou os olhos para mim, com um brilho repentino em suas íris.

— Tecnicamente você não está na minha casa. — Ele deu de ombros simplesmente. 

O encarei incrédulo. 

— Não, claro que não, Cullen, só a trinta metros dela — apontei para a enorme casa de vidro a poucos metros. 

— Você não disse nada sobre os arredores da minha casa — Edward disse sarcasticamente. 

Ergui as sobrancelhas, ainda cético. 

— Alguém já lhe disse que você é presunçoso? — Perguntei. 
 
— Muitas pessoas, nenhuma delas em voz alta — murmurou ele colocando a pequena planta em um vaso marrom avermelhado. 

Pisquei lentamente. 

Tudo bem, pensei, mesmo que nada estivesse bem.

Naquele momento, tive certeza de duas coisas; a primeira delas era que Edward Cullen era completamente e insanamente louco; a segunda delas, era que eu teria que trabalhar mutuamente com ele, então, seria mais fácil se eu simplesmente ignorasse esse fato. 

— É claro — falei pegando a pequena pá em cima do balcão repleto de outras plantas. Aqui era lindo, eu precisava admitir. O vidro não era exatamente transparente, ele era levemente embaçado, o que trazia uma sensação de imersão no colorido das centenas de flores que havia ao redor. — Imagino que não tenha chamado Bella para essa pequena reunião de pais.

O garoto sorriu, como se esperasse essa pergunta há minutos. Suas mãos seguravam a plantinha conforme eu pegava à terra exposta em um recipiente branco e despejava em seu novo vaso.

— Ah, não — iniciou Edward. — Bella estava cansada, ela viajou por horas, e nós já conversamos previamente. 

Levantei as sobrancelhas, sem lhe lançar nenhum olhar.

— Sobre o que conversaram? — Perguntei calmamente.

Ele não respondeu por um tempo, como se estivesse se concentrando ou escutando os sons à sua volta, mas não havia sons ao nosso redor. Estranho. Edward não me encarou, mas ele parecia estranhamente consciente de todos os meus movimentos. 

— Sobre como seria nossa dinâmica — ele deu de ombros por fim. — Decidimos que precisamos visitar a Bromélia pelo menos três vezes por semana. Bella vem amanhã verificar como a planta está se adaptando ao novo ambiente… Trocar de vaso é uma experiência muito estressante, talvez ela até murche nos próximos dias. — Ele pausou. — Você pode vir na quinta, eu cuido dela, nos demais dias. 

— Tem certeza que funcionará dessa forma? — Coloquei mais terra no vaso. 

— Acho que sim, mas talvez tenhamos dificuldade com o clima — Edward disse, mexendo na flor de uma das plantas no balcão. 

— Clima? — Larguei a espátula de terra e me virei para ele. 

Edward sorriu, e desviou seus olhos para mim. O âmbar de suas íris se fixaram em mim. 

— Estamos cuidando de uma Bromélia, elas são plantas tropicais e… — Ele disse. 

— E nós não estamos em um clima nada tropical — o interrompi. 

Edward assentiu. 

Ele pegou o regador estranhamente colorido e regou à terra abundantemente, para que ela pudesse se assentar no vaso. 

ANOITECEROnde histórias criam vida. Descubra agora