Capítulo 28

                                    

                                          
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PoV. Harry



                          
Os exames estavam sendo um pesadelo.
                          
Mesmo que eu estudasse dias, semanas adiantado, apenas a ideia de ser a Semana de Provas, me deixava nervoso. Três provas por dia, exceto na sexta que tínhamos duas.
                          
Perrie se jogou no chão do corredor, sentando ao meu lado com um baque baixo da cabeça na parede.
                          
— Eu odeio matemática. - ela flexionou os dedos, como se tivesse tensionado tanto durante o tempo de prova que eles estavam duros, eu sentia o mesmo - Me lembre porquê precisamos estudar isso.
                          
— Para contar o troco no mercado. - falei com confiança.
                          
Perrie riu.
                          
A sexta-feira estava com o clima meio úmido. A janela distante do corredor mostrava um céu escuro que prometia chuva, mas a temperatura continuava um pouco alta. Essa mistura de opostos deixava meu corpo cansado, ainda mais depois de uma prova difícil.
                          
Cada vez que piscava via uma equação diferente. Esfreguei meus olhos.
                          
— Está nervosa para a próxima prova?
                          
Perrie desfez a trança do cabelo cor-de-rosa e as mechas caíram ao redor do rosto e nos ombros.
                          
— Você sabe, estou sentindo uma quantidade adequada de nervosismo, mas de um jeito descolado.
                          
— Está aterrorizada, não está? - indaguei.
                          
— Odeio Física, Hazz. - ela confessou, assentindo e afundando o rosto nas mãos - Mais do que odeio Matemática.
                          
Dei um tapinha amigável no ombro dela.
                          
— Só mais uma, Pezz. - lembrei - Mais uma prova e estamos livres.
                          
Ficamos em silêncio, ouvindo os passos quietos dos professores que supervisionavam os exames, ouvindo os cochichos dos alunos que andavam pelos corredores, ansiosos.
                          
Em certo momento Perrie foi até a máquina automática de lanches, na parede oposta, e encarou os pacotes coloridos do outro lado do vidro, como se eles pudessem marchar para fora da máquina e oferecer um diploma de conclusão de Ensino Médio que não exigia notas de provas.
                          
— Vou me entupir de batatas. - ela falou, brincando com as moedas, então olhou por cima do ombro para mim - Você quer alguma coisa?
                          
— Ah, não. Hoje eu não trouxe dinheiro.
                          
— Eu pago. - abri a boca para protestar, mas ela emendou: - Amanhã você trás dinheiro e me paga com outro lanche, ok?
                          
Talvez não fazia sentido para outras pessoas. Mas ser bolsista em uma escola recheada de milionários, ver diariamente, a diferença de mundo que existe entre as pessoas, fazia o dinheiro ser uma questão delicada para mim. Quando me pagavam coisas, eu me sentia... pequeno, como se valesse menos do que eles.
                          
Eu sabia que não era verdade, Perrie nunca me veria como inferior. Mas hábitos são hábitos. Eu estava tentando melhorar.
                          
Depois disso, a segunda e última prova do dia começou. Não foi tão difícil. Eu consegui me manter lúcido por boa parte das questões, talvez tenha perdido a cabeça em umas duas e mandei o "foda-se" e marquei qualquer uma das respostas.
                          
Assim que saí da sala, ouvi uma comoção no corredor ao lado. Curioso, fui ver do que se tratava.
                          
Para minha surpresa, umas vinte pessoas estavam em frente a sala da Diretora Madonna, cochichando e até tirando fotos. Me espremi entre elas e estiquei a cabeça por cima das outras.