Capítulo 15 - Talvez

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29 de setembro de 1991

"Talvez."

— E então? – Harry insistiu, já que Fawley estava começando a demorar para falar e ele estava ficando um pouco ansioso para saber o que era. — O que tem para me dizer?

— Unm... olha, Harry – Callum coçou a garganta — Eu estava ensaiando isso antes de vir para cá e esqueci meu discurso, vai ser tudo na base do improviso. Você sabe que eu sou de uma família puro sangue, não sabe? – Ele respondeu com um aceno positivo com a cabeça. Harry se lembrava muito bem do banquete em seu primeiro dia em Hogwarts que uma garota tinha comentado sobre isso na mesa da sonserina. — Mas eu não sou a favor de nada que eles pregam e acreditam, sou o mais afastado possível da minha família, só que demorou muito tempo para eu me desapegar de tudo e digamos que a maioria das famílias puro sangue são... são difíceis de lidar, principalmente quando você é pequeno. – Harry assentiu mais uma vez, para provar que estava prestando atenção. Faw começou a gesticular mais um pouco enquanto falava. — Até os meus oito anos eu era... – ele fez uma careta — Eu era tão ruim quanto o Nott é hoje. – Harry fez uma expressão estranha. Não tinha como o Fawley um dia ter sido como o Theodore, aquilo nem fazia sentido. — Meus pais eram difíceis e enchiam minha cabeça com as coisas que eles acreditavam, e eu os seguia porque... bem, eles eram meus pais e na minha cabeça eles sempre estavam certos. – Ele abanou o ar — Mas o ponto é que algumas famílias são terríveis e hoje em dia, infelizmente, a Malfoy é uma das mais conhecidas. Da pior forma. E era sobre isso que eu queria falar.

Harry já tinha entendido onde exatamente Faw queria chegar com toda aquela conversa, mas estava curioso sobre a família de Draco. Ele nunca fala sobre ela.

— Nossas famílias são complicadas e tudo que fazemos é seguir o que eles ditam o que é certo para nós e eu só percebi o quão errado eles estavam e o quão errado era o que pensavam quando eu perdi alguém importante para mim e hoje em dia, tendo uma noção de todas as coisas que já aconteceram comigo na minha família, eu meio que consigo imaginar como os Malfoy são. Principalmente Lúcios, o pai do Draco. E não ache que eu estou passando a mão na cabeça dele, eu realmente não estou dizendo que isso tudo que ele tem a possibilidade de estar passando com a família é uma desculpa para o deixar pensando desse jeito, mas você também precisa entender esse lado. São coisas que foram colocadas na nossa cabeça desde que nascemos e é muito difícil se desfazer das coisas que acreditamos por tanto tempo. – ele parou para respirar e mexeu com a cabeça de um lado para o outro, vendo o cabelo balançar com o movimento — Draco pode aparentar ser bem maduro às vezes, mas ele ainda é só uma criança que ainda é ligada aos pais e por mais que ele acredite naquela bobagem toda sobre sangue e sobre mestiços, com você é diferente – Harry se sentiu envergonhado pelo jeito que Fawley estava sorrindo para ele com a menção da fala de Malfoy — Eu só saí da bolha que meus pais me colocaram quando... – Ele engoliu em seco. Harry soube porque viu o pequeno pomo de adão que Fawley tinha subir e descer em uma velocidade anormal. — Depois que algo muito bom e bem ruim aconteceu. O que eu estou tentando dizer é que todos nós merecemos chances para melhorar e crescer. Com o Draco não é diferente.

— Se... se essa coisa com a família é acontece, porque ele simplesmente não disse.

— Talvez porque você não deixou ele dizer. – Harry franziu o cenho e coçou a nuca — E por mais que eu concorde com você, eu entendo o lado do Draco. Ser de uma família puro sangue é complicado e você fica dentro de uma bolha que te cega. Você só se relaciona com outros puro sangue, só conversa com pessoas que pensam da mesma forma e alguns chegam em um nível de nem conseguir estar em um ambiente com trouxas, mestiços e nascidos trouxas. Talvez não seja completamente culpa do Draco pensar assim.

Full Moons - Primeiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora