Capítulo 13

                                    

                                          
Luz
♡
Meu grande sonho era ser pianista.
Uma pianista, não sei se diria uma pianista famosa, de sucesso, mas eu queria apenas ser uma pianista. 
Quando comecei a tocar piano, eu ainda era uma menininha, Célia me ensinou e eu fui me apaixonando pelo piano a cada dia, cada vez que eu tocava as teclas emitindo uma melodia confortante, meu coração se apaixonava mais e mais pelo piano. 
Quando mamãe me inscreveu para estudar em Julliard, no começou fiquei com raiva porque ela não havia nem mesmo me perguntado se era o que eu queria, tocar piano era uma alegria, faz eu me sentir viva, sinto um amor tão grande em poder transmitir meus sentimentos nas teclas do piano, mas mesmo com raiva, quando recebemos a carta da escola e vimos que Julliard tinha se interessado por mim ao ver os meus vídeos tocando, eu comecei a sonhar com a minha estadia em uma escola tão famosa, boa e espetacular quanto Julliard e um dia, dar para as pessoas um pouco do amor que sinto ao tocar. 
Fui aceita...
Agora eu preciso me decidir e a carta me pede para confirmar a minha ida para Julliard no ano que vem até o início do mês que vem, e desde então, desde que abri a carta estou sem saber o que fazer. 
Talvez o meu sonho tenha mudado...
Talvez o meu sonho não seja mais o mesmo...
Talvez eu deva pensar melhor...
Talvez Julliard não seja uma boa ideia e o meu desejo de ser apenas uma pianista retorne.
Talvez conhecer o Samuel e poder ver um sentimento nascer dentro de mim, tenha mudado as minhas prioridades e sonhos.
Escuto algumas batidas na porta do meu quarto, logo a mesma abre relevando mamãe, ela sorri fraco e entra fechando a porta, em seguida senta ao meu lado na cama, percebendo que seguro algo, mamãe olha bem e se dá conta de que é a carta de Julliard.
- O que eles disseram?
- Querem que eu confirme minha ida... 
Mamãe franze a testa.
- E você não sabe mais se quer ir, meu amor?
- Não sei, mãe... Eu, eu teria que morar lá. Deixar vocês. Deixar... 
- Deixar o Samuel...
- Eu sei que Julliard não é longe, mas entrar lá significa me dedicar ao estudo de corpo e alma e eu sei se é isso o que eu quero. Não sei mais se é isso que eu quero, mãe.
Mamãe pega minha mão.
- O seu sonho sempre foi ir para Julliard. Quando a olheiro te viu tocando no concerto e veio falar com você, meu amor, eu nunca, nunca vi você tão feliz! Era o seu sonho que estava se realizando e eu me sentia a mãe mais feliz do mundo também. Mas quando você conheceu o Samuel, eu vi você com a mesma felicidade que eu vi quando aquele homem saiu do camarim. Talvez uma felicidade muito maior. Mas eu vi, Luz... - ela sorri. - Filha, os sonhos mudam, pessoas mudam, planos mudam. E se você não quer mais ir para Julliard, esse é um direito seu. Se quiser ficar aqui com a gente, com o Samuel e a Maria, você pode ficar! Porque somos sua família e acima de tudo, a gente te ama, meu amor. Mas se você quiser ir para Julliard, isso também é um direito seu! Não vamos nos opor a isso. Seu sonho. E você merece viver tudo o que sonhou e sonha. 
Ela sorri acariciando minha mão.
- Faltam 4 meses para o ano acabar. Você tem 4 meses para se decidir. Enquanto isso, pense bem, viva bem e não se desespere, querida. 
- Acha que que vou saber o que fazer fazer 4 meses?
- Sim! Com toda certeza.
- Mãe...
- Vem cá, minha menina!
A abraço, mamãe me aperta contra seu corpo e fecho meus olhos sentindo o calor materno da minha mãe aquecer meu coração que está cheio de confusão.
Não sei o que quero.
Não sei o que fazer...
4 meses para me decidir? 4 meses para alguém indeciso ainda é pouco tempo.
A única coisa que eu sei neste momento é que eu não quero ficar longe do Samuel e da Maria. 
Depois de uma longa conversa com mamãe sobre sonhos e presente, Vicente chegou com Vini dizendo que um advogado do papai o procurou para dizer que precisa falar com toda a família. Então fomos todos para o escritório do papai para aproveitar a mesa de reuniões.
Mamãe sentou na cadeira da ponta, onde meu pai sentava, quando quando era criança, costumava espiar meu pai tendo reuniões com alguns acionistas da Pluris neste mesmo escritório, nesta mesma mesa. Vini e a  nossa advogada Kelly, sentaram do outro lado, já Vicente e eu sentamos de frente para eles ficando em um dos lados da mamãe.