Capítulo 6

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O som da brisa do mar era a única melodia audível, o sol beijava sua pele e fazia-o suar de leve, apesar de qualquer circunstância da natureza que encantava, os olhos do pequenino Harry de 4 anos não se desviavam da imagem de Nalu sobre uma prancha na areia enquanto explicava para o filho como ter equilíbrio.

Harry era encantado por ele, mesmo sendo pequeno, a admiração era plenamente manifestada por meio de seus olhinhos brilhando para cada movimento do pai, o sonho do cacheado era ser surfista, era dar muito orgulho pra Nalu e ser capaz de fazer todas aquelas manobras inexplicáveis iguais à ele.

Nalu desceu da prancha após toda a explicação, ele sorria largo enquanto Harry imitava tudo que ele havia dito, mostrando que havia aprendido e assim que o filho terminou de falar, Nalu teve a atitude da memória que seria a mais viva e importante em toda a vida de Harry, embora ele não soubesse disso.

— Filho, papai vai pra um duelo importante daqui a pouco. Papai precisa ir. — Murmurou, a voz estremecida enquanto se agachava para estar da altura do pequeno Harry. — Eu tenho um presente pra você.

Ele pegou algo no bolso, esticando o colar com o símbolo dos Irons na direção do filho e colocando o colar em Harry, Nalu carregava um igual em seu peito.

Naquele momento, Harry não poderia explicar o sentimento que cresceu em si ao ver o símbolo da âncora com detalhes que simbolizavam as tradições da Ilha da Goiaba em seu peito, parecia tão certo, ele quis chorar com a intensidade de suas emoções, parecia haver acendido uma chama de algo muito maior do que ele poderia imaginar.

Você é um Iron, filho. — Nalu tateou com os olhos marejados o símbolo no peito de Harry. — Essa equipe e tudo que ela representa, um dia pertencerá à ti.

De repente, Harry levantou o torso desnudo e suado na cama, despertando-se daquele sonho que já havia presenteado em suas noites incontáveis vezes, o sonho era sempre igual e Styles o tinha decorado em sua mente, sabia todas as falas e cada parcela dos detalhes que por vezes, ganhavam mais sentido à cada noite.

Não acho que eu e ele partilhamos do mesmo interesse, Marilene. — Abruptamente, a testa de Harry franziu-se quando escutou uma voz conhecida vindo de outro cômodo.

— Louis? — Murmurou pra si mesmo, coçando os olhos e calçando suas pantufas de pintinho.

Abriu a porta de seu quarto, tropeçando em seus pés sem querer, mas não abalou-se e andou até a varanda, onde encontrou Louis e Marinele bordando enquanto eram acompanhados por duas xícaras de chá.

— Harry? — Murmurou, o surfista quando notou sua presença. Um vasto sorriso surgiu nos lábios dele ao passo que analisava desde o rosto sonolento do cacheado até as pantufas em seus pés.

— Kelly? — Proferiu confuso, como se uma parte de seu cérebro ainda não houvesse despertado.

A feição de Louis mudou, rindo com a confusão de Harry ao vê-lo chamar pelo nome do pai. Marilene por seu lado, possuía um semblante de alerta para Harry não falar nenhuma besteira na frente de Louis.

— Oh, Louis. — Ele desembaçou os olhos novamente, concertando-se ao testemunhar o olhar sério de Marilene. Foram questões de segundos para Harry notar que estava vestindo apenas uma bermuda cinza surrada e velha junto de pantufas de pintinhos na frente do capitão. — Meu Deus, e-eu esqueci de me trocar.

— Deixe disso, menino, se junte a nós. — Marilene ordenou, revirando seus olhos. — Praticamente ninguém usa camisa aqui filho e essa é literalmente a melhor parte de morar na Ilha.

— Dona Marilene! — Harry repreendeu-a, embora tivesse rindo de sua audácia no auge de seus 68 anos.

— Eu concordo com a senhora. — Disse Louis, também rindo enquanto bordava. Harry o enviou o mesmo olhar e ele apenas deu ombros, despreocupado.

— Sério, não aguento vocês. — O cacheado soltou uma risadinha, roubando a xícara que ele pensava ser de Marilene e bebericando-a.

— Ah, ótimo, eu nem queria mais chá mesmo. — O capitão murmurou, fingindo e Harry se engasgou com o chá.

— Meu Deus, é seu? — Colocou a xícara de volta na mesa com o rosto vermelho. — Me desculpa, eu...

— Tá' tudo bem, Harry. — Ele e Marilene riram da reação do cacheado. — É o de Marilene mesmo.

— Aí, meu senhor. — Harry massageou as têmporas. — Eu não sabia que vocês juntos iam causar tanto.

— Você ainda não viu nada, filho... — Murmurou de modo maléfico, Marilene. — Harry, me lembro de você ser bom de costura quando mais novo, isso mudou?

— Não, senhora. — Respondeu, jogando-se no sofá ao lado de Louis já que era o único espaço disponível. — É o quê eu faço de melhor.

— Você podia fazer as roupas aquáticas de Surf pro Louis, não poderia? — Ela sugeriu, pensativa. — Quer dizer, as roupas estão prontas, elas chegaram hoje mais cedo, são lindas, só que estão sem o símbolo dos Slaters, você daria conta do trabalho?

Ele ponderou por um instante, seus pensamentos voaram e Harry recordou-se de seu sonho, certamente a ideia de ajudar a equipe rival da pessoa que ele mais amava na vida parecia um tanto inusitada, mas ele lembrou que não faria nada além de um detalhe nas roupas então, deu ombros.

— Claro que dou conta. — Afirmou. — Posso ajudar vocês a bordarem esses casacos pra equipe também, se quiserem.

— Toda ajuda é bem vinda. — Disse Louis. — Ah, estava quase me esquecendo, Malia disse que amanhã irá te levar pra comprar roupas novas e negar isso a ela está fora de cogitação.

— Está realmente precisando de roupas novas... — Sussurrou, Marilene enquanto passava os olhos pelas pantufas e a bermuda velha do neto.

— Nossa, Marilene... — Harry pôs a mão sobre o peito. — Sua capacidade de me ofender sem nem perceber é inspiradora. E não se preocupe, Louis, depois dessa eu faço questão de refazer todo o meu guarda-roupa.

— Eu não faço de propósito, meu bem. — Ela sorriu meiga, levantando-se. — Vou ao banheiro se não minha bexiga irá estourar, comportem-se crianças.

Ao se ver sozinho com Louis, Harry chegou um pouco para o lado, apenas porque estavam com os corpos muitos próximos e agora com espaço ao lado, não havia mais necessidade disso.

— Então. — Louis começou hesitante e Harry nem notou todo o nervosismo dele porque estava concentrando demais na imagem do quadro de seu pai na parede à frente. Harry nunca havia visto esse. — Você vai fazer algo hoje a noite?

Styles saiu do transe, olhando para Louis enquanto engolia em seco.

— Então, na verdade eu... — Harry voltou a olhar para a forma em que seu pai olhava com mágoa para Kelly na imagem à beira-mar de algum campeonato qualquer. — Tenho compromisso.

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