Capítulo 44

                                    

                                          
Amanda 
                          
Hoje acordei com muito enjoo, nada está parando no meu estômago. Vicenzo saiu cedo, nem vi ele.
                          
Estou deitada me sentindo muito indisposta, pego meu celular e tem uma notificação da Emily. 
                          
"Amanda Sumida Gambino! Estou com saudade de vc"
                          
Resolvo ligar pra ela, tenho que desabafar com alguém... Ainda não falei sobre a gravidez com minha vó, pois estou com vergonha, sinto que ela irá me julgar, se decepcionar comigo. Eu não queria ser uma decepção para minha avó. 
                          
O celular chama algumas vezes e logo Emily atende. 
                          
— Finalmente você deu sinal de vida mulher! 
                          
— Oi Emily, como você está? 
                          
— Nada de como estou, vamos falar sobre você sumida. Você casou e eu fiquei sabendo por meio de uma revista?! Você nem me falou. 
                          
— Desculpa, é que foi tudo muito rápido. 
                          
— Sério Amanda quando vi fiquei sem entender nada. Em uma noite você vai jantar, então não voltou para casa, eu tava tipo "Vai Amanda, aproveita aquele homem gostoso" Então você falou das Maldivas, eu fiquei eufórica amiga... Mas o tempo foi passando e você foi sumindo e do nada é a senhora Gambino... Ele tem o que, uma pica de ouro? 
                          
Ela ri no final e eu também, ela não consegue ficar séria e nem brava muito tempo. 
                          
— Você tem visto minha vó? 
                          
— Não, não fui mais na sua casa... Está tudo bem entre você e ela? 
                          
— Mais ou menos, nós discutimos ao telefone... Eu queria que ela se mudasse para uma casa mais segura, o Vicenzo ofereceu mas ela se ofendeu.
                          
— Sério, porque não pediu isso pra mim amiga? Pode ter certeza que eu diria sim.
                          
Ela e eu rimos alto, eu estava com saudade disso. 
                          
— No final de semana vai ser meu casamento na igreja, eu queria que você fosse minha madrinha... 
                          
— E eu queria ser sua madrinha.
                          
Ela e eu rimos. 
                          
— Você está ansiosa para o casamento? 
                          
— Não, na verdade estou com outra questão que vem tomando minha atenção. 
                          
Ela fica em silêncio por alguns instantes e então fala um pouco baixo. 
                          
— O que é? 
                          
Falo um pouco apreensiva. 
                          
— Estou grávida. 
                          
— Eu vou ser tia?? Eu vou ser tia!!! Sério Amanda??
                          
A reação dela me surpreende, ela ficou feliz? Sim, ela está feliz... Eu precisava disso. 
Estou tão cheia de medos que pensei que a reação dela seria negativa, me julgaria por ser muito jovem, por conhecer Vicenzo a pouco tempo... Mas não, ela ficou feliz, é por isso que amo a Emily, ela está sempre vendo o lado positivo das coisas, celebrando a vida. 
                          
— Sim, você vai ser titia. 
                          
Ela da gritinhos animada. 
                          
— Eu vou comprar roupinhas, bem fofas... Ei espera, quando o bebê ter 18 anos, eu vou ter quantos??? Vou poder levar meu sobrinho na balada né. 
                          
A conversa continuou animada, até esqueci do meu enjoo matinal. Emily tem uma alegria contagiante, ela deixa tudo mais leve. 
Falar com ele me deu confiança para ligar para minha vó. 
                          
— Oi vó, como você está? 
                          
— Bem. 
                          
Fica um silêncio constrangedor na linha, ela ainda está chateado comigo. 
                          
— Hoje falei com a Emily, ela vai ser minha madrinha de casamento. 
                          
Ela não fala nada. 
                          
— Você não vai ir mesmo? Eu queria você no meu casamentos.
                          
— Já não fui no civil, não tem porque eu ir no religioso né. 
                          
— Desculpa vó, eu não queria magoar a senhora. 
                          
— Não adianta chorar pelo leite derramado Amanda. 
                          
Minha vó nunca havia agido dessa forma comigo. 
                          
— Eu tenho uma notícia para te dar. 
                          
— O que é, vai tentar me tirar da minha casa de novo?
                          
— Não, não tem nada haver com isso... É sobre mim... 
                          
— Eu não quero nem saber, você parece estar se vendendo para esse Vicenzo a troco de luxo e conforto. 
                          
Ela está me irritando, decido falar de uma vez. 
                          
—Eu vou ter um bebê. 
                          
Ela fica muda do outro lado da linha por um tempo, então finalmente fala. 
                          
— Você é uma decepção Amanda, eu criei você com todo amor quando minha filha te abandonou... Você era meu orgulho, minha menina perfeita. Agora nem ao menos te reconheço. O que você é? Uma golpista? Engravidou para segurar o ricaço? Por isso ele vai casar com você?
                          
Lágrimas inundam meu rosto, como ela tem coragem de falar essas coisas? Não reconheço mais minha vó. 
                          
— Não sei como me enganei tanto com você Amanda... Você é igualzinha sua mãe, uma decepção. Mas fica sabendo de uma coisa, quando ele abandonar você não venha correndo pra mim, pois não vou criar mais nenhuma criança fruto da ganância da mãe. 
                          
— Eu jamais abandonaria meu filho aos cuidados de alguém como você... Agora vejo a pessoa horrível que você é. 
                          
Estou decepcionada pela mulher que minha vó se mostrou ser. 
                          
— Eu carrego uma vida, jamais usaria uma criança para tirar proveito de alguém, você deveria saber que eu jamais agiria assim... Você Carmen Cooper é uma decepção não eu.
                          
Desligo o telefone e me jogo na cama... Choro alto. A tristeza toma conta de mim.