Capítulo 4: Sobre o efeito do Ódio.

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  Três dias se passaram,estou feliz porque hoje é sábado. Alice já está melhor e em casa, nenhuma de nós trocou palavras uma com a outra, não estou a fim de brigas e confusão, incluindo violência, na parte da Alice.

  Estava no meu quarto me preparando pra sair na companhia da Luana, minha melhor amiga. Ela quis assistir um filme comigo no cinema que lançarão nesta tarde, às duas e meia da tarde. Ela é a minha amiga desde o fundamental, ela pode até não estar sempre presente quando mais preciso, porém é uma grande amiga, uma joia rara.

  Botei um cropped top preto, calças jeans azuis claras de cintura alta, camisa xadrez azul e preto de manga longa com botões - que fiz questão de não fecha-los - , algumas pulseiras na mão direita, no pescoço o meu colar de ouro, cujo pingente é de uma cruz,dado por minha avó querida, Sarah. É uma joia que ela ofereceu a Alice e a mim antes de partir. Tudo virou de cabeça abaixo quando escutei o seu último suspiro a quatro anos atrás. A morte dela destruiu a nós todos, era ela como uma ponte que segurava a nossa harmonia e amor de família, porém quando ela partiu, a união também partiu. Tenho que confessar, ela era como um candieiro nas nossas vidas obscuras.

- Clarice. - O som da porta tira-me dos meus devaneios.

Nos pes, uso os meus coturnos pretos com algumas correntes de prata em volta. Olho para o espelho e admiro o meu reflexo. Sorri impressionada.

Sinceramente, eu nunca vou deixar de amar o meu espelho. Poxa!

  Faço uma oração  breve, em seguida abro a porta e vejo a Beatriz sorrindo amarelo pra mim. Okay, né.

- Uau! - lá vai ela com os elogios exagerados. - você está gata, linda, gostosa, maravilhosa,  princesa. - Não falei!?

- Nem tanto! - sorri empolgada. Ela arqueia uma de suas sobrancelhas. - Ah, tá bom, eu sei. Eu tô linda, não é? Também gostei. - falei me achando a pessoa mais gata do mundo.

- Não se acha tanto. - rimos. - a Luana está lá embaixo a espera. - informou. Assenti.

Corri para descer os degraus que de acordo com a minha ansiedade, não tinham fim. Finalmente por segundos que tornaram-se em horas, cheguei a sala de estar. Observei a Luana que trocava risos e conversava normalmente com a Alice que ainda estava de pijama, provavelmente esteve a manhã toda assisto séries em seus lençóis.

Me aproximei ainda mais, já que nenhuma delas notou a minha presença. Luana vestia uma calça jeans azul apertada, cuja partes da coxa estava rasgada deixando-as exportas. Por cima uma camisola de algodão cor-de-rosa bebê com capuz e que deixava a sua barriga em forma exposta também. Por fim e por baixo, a sua querida e fiel namorada , Nike Air Jordan Preta, cor-de-rosa bebê e branco.

Ela estava linda. Luana era uma branca linda, magra, olhos verdes muito claros, mas agora azuis pelas lentes de contato. O cabelo sempre curto pintada com a cor lilás, um pouco de rosa  e loiro. Estranho, porém singular.

- Oi. - me pronunciei.

Finalmente notaram a minha presença. Notei um sorriso verdadeiro se formar mos lábios da Lú, e Também a Alice revirando os olhos e tendo a expressão de tédio.

- Que linda! - Lú saltou pra mim me dando um abraço apertado.

Por um momento escutei o murmúrio "Que horror" da Alice, mas decidi ignorar.

- Obrigada. - sorri.

- Vamos, são 14:39 , como você demora garota. O filme já deve ter começado. - sorri. Ela tem razão, demoro bué pra me arrumar.

- Entao, Lezgo. - rimos.

O "Lezgo" foi a palavra "Let's go" que significa "Vamos", onde a Luana tentou pronunciar quando o professor de Inglês mandou pra ler no quadro. Nesse dia eu ri tanto que senti que a minha véia poderia explodir.

- Para onde vão? - pergunta Alice mostrando tédio.

- Cinema.

- Hmmm, interessante. - olhou para às unhas  postiças azuis claras -  Quero ir junto. Posso? - tudo isso para me prejudicar.

Eu sabia que ela não me deixaria em paz, não depois daquela guerra no hospital. Ela ama me destruir, com palavras e com as suas próprias mãos. Ela me machucava tanto, eu tinha noçao do porquê mas não dou-lhe razão nenhuma. Ninguém deve agir sobre o efeito do ódio e da raiva, é prejudicial não só para o próximo mas também, para o seu próprio ser. O ódio é como se fosse um vírus, infecta um pouco e o pouco se torna muito, espalhando-se a cada vez que você não se cuida e se protege.

  Ele não passa de uma droga, onde às pessoas esquecem-se do amor e do perdão, e passam a agir sobre o efeito dela. E quando elas consumem o tal, ou seja, alimentam-o , provavelmente o ódio sobrevive, e o Amor...morre de fome.

  Luana me olha, como se estivesse me dando espaço para responder, ela sabia que a Alice me prejudicava, mas ao mesmo tempo sabia que eu não recusaria.

- Clari...

- Sim, você pode.  A gente te espera! - respondi rapidamente.

  Um sorriso se formou nos lábios da Alice, julgo que não seja algo bom. Eu espero muitas coisas boas da Alice, mas recebo muitas coisas ruins.

 

The TwinsWhere stories live. Discover now