Virada de mesa
Virada de mesa, ato ou efeito de virar a mesa, é a atitude antidesportiva de quem, ao estar sendo derrotado num jogo de cartas ou de tabuleiro, mistura propositalmente as cartas ou peças do jogo, impedindo o seu prosseguimento.
Sentido estrito
[editar | editar código-fonte]Em qualquer regulamento de competição esportiva, o jogador que provoca a virada de mesa é punido, no mínimo com a derrota naquela partida, mas muitas vezes também com a perda de um certo número de pontos e mesmo com a eliminação da competição ou com o banimento da liga ou federação por um determinado número de temporadas.
A virada de mesa não deve ser confundida com o gesto ritual de desistência do jogador que lança suas próprias cartas sobre a mesa, ou do enxadrista que inclina o seu próprio rei no tabuleiro, aceitando ou reconhecendo a vitória do adversário.
Sentido lato
[editar | editar código-fonte]Mais recentemente, o termo "virada de mesa" passou a ser aplicado a qualquer mudança de regras provocada por interesses circunstanciais ou casuísticos, buscando favorecer alguém em detrimento de outrem.
Num jogo de futebol, por exemplo, "virar a mesa" no sentido tradicional corresponderia a retirar o time de campo, ou provocar expulsões ou simular lesões até que a equipe fosse numericamente desqualificada, ou permitir que o gramado fosse invadido por não-atletas, ou (num jogo noturno) apagar as luzes do estádio, etc. No sentido estendido, a "virada de mesa" não ocorreria dentro de campo, mas nos tribunais desportivos, e se daria pela mudança na contagem de pontos ou nos critérios de desempate, pela remarcação de locais ou datas dos jogos, pela modificação nos critérios de promoção e rebaixamento,[1] pela anulação de partidas já disputadas,[2] etc.
No primeiro sentido, a "virada de mesa" é uma atitude de um indivíduo ou grupo de indivíduos, facilmente punível pela autoridade esportiva, bastando caracterizar a sua intencionalidade. No segundo sentido, a "virada de mesa" é praticada com a conivência da autoridade esportiva, ou determinada por ela própria,[3] o que torna a punição impossível, a não ser quando estabelecida por autoridade maior.[4][5]
Fora do campo esportivo
[editar | editar código-fonte]Em seu uso corrente, o termo "virada de mesa" passou a aplicar-se também a situações não-desportivas, como por exemplo:
- modificação nos critérios de promoção e rebaixamento em competições entre grupos carnavalescos[6] ou de outra natureza;[7]
- mudança de legislação relativa à reeleição de mandatários que foram originalmente eleitos sem que esta possibilidade fosse contemplada;[8]
- qualquer alteração brusca no funcionamento da economia de um país, provocada por mudança de governo.[9]
Sentido positivo
[editar | editar código-fonte]A partir da publicação do livro do empresário Ricardo Semler, Virando a Própria Mesa,[10] a expressão "virada de mesa" também passou a ser usada, em algumas circunstâncias, num sentido positivo, de mudança brusca mas eticamente justificável.
Em alguns casos, a expressão "virada de mesa" tornou-se sinônimo de "reversão de expectativa", nem positiva nem negativa, mas simplesmente inesperada, como por exemplo:
- no caso em que uma empresa maior compra o controle de uma empresa menor e, em seguida, coloca o presidente da menor à testa do grupo resultante da fusão;[11]
- no caso de uma pesquisa que identifica uma surpreendente mudança de comportamento numa população;[12]
- no caso de uma empresa em crise que, em pouco tempo, consegue voltar a ter lucros em função de uma mudança ou ajuste de procedimentos.[13]
Referências
- ↑ «Volta do Grêmio à primeira divisão em 1993 (Portal Bola na área)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «Repetição dos jogos do Brasileirão de 2005 (Clic RBS, 18/06/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «Mudança no regulamento da Copa União de 1987 (UOL esporte, 01/12/2009)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «Justiça condena CBF e Fluminense pela virada de mesa de 1996-97 (Globo Esporte, 25/03/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «Clubes brasileiros beneficiados por Viradas de Mesa». Consultado em 14 de junho de 2011. Arquivado do original em 15 de setembro de 2013
- ↑ «Virada de mesa em concurso de escola de samba (Portal Direito.com, 11/06/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011. Cópia arquivada em 28 de julho de 2012
- ↑ «Tentativa de virada de mesa na Stock Car (Estadão, 08/12/2007)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «Reeleição de Fernando Henrique Cardoso (Folha de S.Paulo, 13/05/1997)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «Equipe econômica sinaliza continuidade sem virada de mesa (Estadão, 24/11/2010)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ (SEMLER, Ricardo: "Virando a própria mesa", 1998, editora Rocco, ISBN 85-325-1348-4)
- ↑ «"Virada de mesa" na compra do banco ABN Amro pelo Santander (Revista Você S.A., março/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «Pesquisa de 2006 mostra novos dados sobre violência doméstica no Brasil (Revista Carta Capital, 06/12/2006)». Consultado em 2 de junho de 2011
- ↑ «A virada de mesa da Sony Music (Revista Mundo do Marketing, 21/12/2009)». Consultado em 2 de junho de 2011