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Usuário:Lucas Brandon

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Lucas Brandon
Lucas Brandon
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Entrada na Wikipédia 30 de setembro de 2012
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Frases fundamentais para uma intelectualidade plena

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“Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” - Antoine-Laurent de Lavoisier
"Não existem fenômenos morais, apenas uma interpretação moral dos fenômenos." - Friedrich Nietzsche
“O homem é um animal metafísico.” - Arthur Schopenhauer
"O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno." - Friedrich Nietzsche
"Quem não sabe pôr sua vontade nas coisas lhes põe ao menos um sentido: isto é, acredita que nelas já se encontra uma vontade (princípio da 'fé')." - Friedrich Nietzsche
"Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são." - Marilena Chauí

Textos poéticos e ensaios filosóficos de autoria própria (textos revisados e corrigidos com IA)

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A filosofia, esse motor intrínseco e silencioso da consciência, é o fulcro sobre o qual a mente humana se ergue e se projeta para além dos limites do tangível. Não se trata de mero exercício do pensamento, mas da pulsação vital que anima a dialética interna do ser, conduzindo-o ao inexplorado e à vastidão do saber que, em sua própria natureza, se revela sempre inacabado.

É no âmago dessa engrenagem conceitual que reside o impulso para transcender a banalidade cotidiana, para desvelar as tramas ocultas que tecem o tecido da realidade e confrontar as verdades que se ocultam por detrás da superfície do visível. Cada reflexão filosófica se torna, assim, uma chispa que inflama as potências da mente, abrindo frestas por onde a consciência, em seu eterno devir, se liberta dos grilhões da ignorância e da repetição mecânica.

Essa consciência, alimentada e guiada pela filosofia, não é um simples espelho passivo das circunstâncias, mas um agente ativo de questionamento, sempre inquieto, sempre em busca de sentido. Como um artesão habilidoso, o pensamento filosófico esculpe, com mãos precisas, a substância do eu e do mundo, revelando suas facetas mais profundas e intrincadas, onde o conhecimento e o mistério dançam em um balé perpétuo.

Assim, afirmar que a filosofia é o motor da consciência é reconhecer nela o princípio fundante da própria existência reflexiva. Não é apenas uma disciplina do pensamento, mas a força propulsora que nos impele a questionar, a compreender e, sobretudo, a transformar. É o sopro que infunde vida à mente, elevando-a ao patamar onde a razão, a ética e a estética se entrelaçam em um cosmos de significados infinitos, onde o homem, ao filosofar, não apenas vive, mas se recria.
Ao contemplar o eterno retorno como uma inelutável verdade, ouso lhe indagar: qual capítulo da sua existência escolheria não reescrever? Que vivência, encerrada nas dobras do tempo, recusaria viver novamente? Nos recessos da alma, onde se alojam nossos mais profundos traumas, jaz a recusa em abraçar tais experiências já vividas. Cada fragmento do passado rejeitado é um espelho que reflete a angústia de uma vida não plenamente aceita.
Exercite prudência com os reativos, pois eles respondem à raça alheia com fervor; à cultura diversa, reagem com ardor; aos que habitam o real, não o ideal, reagem com calor. Atenção: os reativos são como fogo que consome, e na interação com o próximo, revelam seu verdadeiro nome.
Na teia intrincada das relações humanas, surge a necessidade inexorável de confrontar o abismo ético que se revela diante do ato deliberado de desumanização. É mister, portanto, que se instaure uma postura que, paradoxalmente, espelhe essa desumanidade. Não por capricho vingativo, mas como resposta inevitável, como o eco gélido de uma justiça que transcende a empatia e se enraíza no âmago da preservação do que resta de nossa essência coletiva. Ao nos depararmos com aqueles que, por escolha consciente, se entregam ao exercício cruel de esvaziar o outro de sua humanidade, torna-se imperativo retribuir-lhes com a frieza da abstração, recusando-lhes o privilégio da reciprocidade humana, como se fossem meros espectros de sua própria desumanidade. Que a nossa resposta, então, seja um reflexo da gravidade de seus atos: a impessoalidade calculada, o afastamento necessário, a meticulosidade ética que transforma o humano em distante conceito diante do colapso de seus próprios princípios. Assim, no campo da moralidade, esta desconexão não é desprovida de significado, mas carrega consigo o peso de uma condenação que se inscreve no silêncio da ausência, como uma sombra que paira sobre aqueles que, na destruição alheia, já se tornaram alheios a si mesmos.
Cada ser humano, em sua dignidade intrínseca, carrega consigo o direito inalienável ao labor honesto, livre da opressão que subjuga a alma e reduz o homem à condição de servilismo. O trabalho, enquanto expressão nobre da existência humana, deve ser fruto da liberdade, jamais de correntes invisíveis que aprisionam o corpo e desonram o espírito. Não é à servidão que o homem é destinado, mas ao exercício pleno de suas capacidades, à criação, ao esforço recompensado pela justa liberdade que a vida em sociedade deve resguardar. Que se erga, então, o princípio incontestável: o trabalho é o direito, e a escravidão, a infâmia.
Um amor que transcende os limites da compreensão humana, que não se encerra nos estreitos contornos do desejo carnal, nem se perde nas armadilhas do ego ou na posse do outro como objeto. É um afeto que se enraíza no ser mais profundo, mantendo-se intacto e incorruptível, mesmo quando as máscaras caem, e o ser amado se revela em sua nua verdade, despojado das frágeis vestes das idealizações. Amar, aqui, não é projeção ou espelho de si, mas a aceitação pura da essência, daquilo que é, em sua mais crua e inexorável realidade.
O ser humano, em sua essência paradoxal, figura como artífice do caos, moldando o cosmos à sua volição para assegurar a continuidade de seu frágil existir. Imerso em uma dialética entre destruição e preservação, transforma a ordem natural em um palco de suas intervenções, onde a desordem não é mero acaso, mas uma engrenagem cuidadosamente acionada para perpetuar sua própria sobrevivência. Assim, a condição humana se revela como uma dança intricada entre a ruína e a criação, na qual cada alteração imposta ao mundo exterior ressoa com a necessidade visceral de manter-se diante do abismo da própria finitude.
A ideia de Deus pode ser contemplada como a cristalização de uma pulsão coletiva, onde o espírito humano, envolto nas brumas de sua fragilidade e transitoriedade, busca transcender os limites inescapáveis da finitude. Nesse movimento universal, a consciência, que em sua essência é espectadora da própria mortalidade, anseia por romper as amarras do efêmero, projetando-se para além dos confins temporais, em direção a uma totalidade que a redima de sua condição perecível. Deus, assim, não se revela apenas como um ente externo, mas como um arquétipo simbólico dessa inquietação profunda da alma, que, ao se deparar com o abismo de sua própria finitude, encontra na imanência do sagrado a promessa da eternidade.
O ateísmo não se configura como mera ideia ou ideal a ser perseguido; ele transcende tais categorias, assumindo-se como uma condição mental intrínseca, uma clarividência intelectual que desvela as profundezas da realidade concreta. É o estado em que o espírito, liberto das ilusões metafísicas e desprovido de anseios transcendentais, contempla o mundo em sua nudez essencial, desprovido de adornos ontológicos ou construções teleológicas. O ateísmo, portanto, não se posiciona como negação simplista do divino, mas como uma postura de lucidez existencial, onde o indivíduo, ao desvencilhar-se dos véus da fé, encara a vastidão do real com uma mente purificada pelas luzes da lógica.
O cristianismo, em sua essência, jamais anunciou o fim absoluto do mundo, mas, antes, pressagiou o desvanecimento de sua própria trajetória enquanto constructo histórico e espiritual. Não foi o cosmos que sua doutrina vislumbrou como perecível, mas a estrutura imanente de si mesma, fadada ao ocaso diante das inexoráveis forças do tempo e da evolução da consciência humana. Tal como um monumento esculpido nas areias da eternidade, o cristianismo, ao profetizar seu término, não se rende à simples dissolução, mas à metamorfose de sua presença no tecido da história, ecoando o ciclo natural de todas as criações humanas, cuja permanência repousa na transcendência simbólica e não no imutável.
A vida, em sua vastidão insondável, se revela como um propósito destituído de essência intrínseca, onde os anseios humanos buscam incessantemente delinear contornos de sentido. Tal como um navio à deriva em mares imperturbáveis, a existência caminha sem uma âncora que a prenda ao solo firme do significado, tornando-se um espelho vazio, onde o reflexo dos desejos e das ambições se dissipa na neblina da imponderabilidade. Eis que, nesse vácuo profundo, o ser humano se ergue, tentando imprimir sentido àquilo que, por natureza, se evade de toda racionalidade ou lógica. A vida, nesse contexto, não se esgota em uma busca simples, mas em uma dança enigmática entre a criação e a ilusão do significado, onde cada passo ecoa a melancolia da incerteza.
A razão, por si só, é um delírio, uma artimanha tecida pela consciência humana na sua incessante busca por subsistir frente ao caos primordial. Ela se erige como uma frágil construção, uma ilusão necessária à preservação, mas, ao mesmo tempo, impotente diante da vastidão entropicamente inevitável que rege o cosmos. Incapaz de transcender as fronteiras do acaso e da desordem, a razão não passa de um eco fugaz em meio ao ruído cósmico, uma tentativa vã de impor ordem sobre a insubornável complexidade do universo. Assim, o ser humano, prisioneiro da própria lógica, confronta a entropia como quem, cego pelo racionalismo, tenta navegar um oceano sem margens, onde a dissolução de tudo é a única certeza.
Pode-se sustentar, com eloquência, que estamos no caminho da retidão; porém, à sombra desse enunciado persiste a interrogação silenciosa e inquietante: há, de fato, coerência substancial que valide a tessitura de nossa razão? Afinal, seria nossa lógica uma miragem bem elaborada ou a legítima arquitetura da verdade?
A sabedoria transcende o vigor; pois, quando o ímpeto bruto encontra-se com a erudição, forja-se o poder que subjulga as fronteiras do mundo. É na união do saber com a força que o universo se curva, não ante o domínio da matéria, mas diante da potência intelectual que o molda. A força sem direção sucumbe ao caos, mas, guiada pelo entendimento, ela esculpe impérios e perpetua legados que resistem ao próprio tempo.
A ciência, em sua busca incessante pelos mistérios do universo, jamais encontrará o rosto de Deus ou as chaves para a imortalidade. Não é no rigor dos experimentos nem na precisão das fórmulas que reside o divino ou o eterno, pois tais essências transcendem os limites da compreensão empírica. O que a ciência pode oferecer, em sua grandiosa e, ao mesmo tempo, humilde contribuição, é um consolo provisório ao espírito humano – um abrigo de certezas temporárias e um refúgio para as angústias existenciais. Ela ilumina o desconhecido, mas jamais tocará o absoluto, oferecendo-nos, por fim, não a eternidade, mas a serenidade de compreender o finito.
No vasto cosmo, onde infinitas possibilidades repousam nas tramas do desconhecido, é a ciência, em sua majestosa precisão e inquieta busca pela verdade, que ergue o véu da obscuridade, revelando os mistérios que antes jaziam ocultos. Como um farol a guiar o espírito humano, a ciência ilumina os horizontes do que é possível, expandindo os limites do entendimento e inaugurando novos mundos de conhecimento.
Embora seja concebível que, em um futuro longínquo, o horizonte da existência humana se estenda para além das fronteiras temporais que hoje limitam nossa compreensão, vislumbrando uma expectativa de vida que se aproxime de um milhão de anos, fruto das revoluções na medicina regenerativa e dos prodígios da nanotecnologia, a imortalidade, como ideal absoluto e utópico, permanece uma quimera inalcançável. Neste eterno anseio, o ser humano se depara com a intransponível finitude que, paradoxalmente, confere sentido à própria essência da vida, tornando cada instante um fragmento precioso da vastidão desconhecida.
A tessitura da existência encontra sua essência mais pura na materialidade, que se revela como o derradeiro vértice da verdade universal. Nela, os fragmentos tangíveis da vida se imbricam em uma dança inexorável, onde o palpável não apenas constitui, mas também define os contornos daquilo que ousamos chamar de realidade. Assim, na densa substância do ser, reside o ápice incontornável da verdade, imune às abstrações etéreas e às divagações do efêmero, pois é no peso concreto da matéria que se desenha o verdadeiro rosto do real.
A cada efêmero momento vivenciado, a cada fugaz olhar e respirar, se desvanece na voragem implacável do tempo. Todos os instantes se dissolvem no éter do passado. O tempo, como a lágrima na chuva, escorre inexoravelmente, perdido na imensidão indiferente do universo.
Deus, na tessitura da linguagem, manifesta-se como um vírus insidioso, infiltrando-se nas tramas da consciência humana, onde perverte e remodela a arquitetura da percepção. Ele subverte as estruturas racionais, corrompendo toda tentativa de apreensão objetiva do real. Assim, o conceito divino se enreda nas palavras, deformando-as, diluindo os contornos da verdade e dissolvendo as fronteiras entre o concreto e o metafísico. Na presença desse arquétipo linguístico, a realidade se torna um espelho distorcido, onde a verdade se fragmenta em miríades de interpretações.
No cadinho da existência, onde a vida se revela em sua essência, desponta uma dor perene, uma indelével sombra que permeia o ser. O mundo, esse palpitante arcabouço de tangibilidade, nos acolhe em sua vastidão; ele simplesmente é. E nós, nobres habitantes deste firmamento, partícipes da existência, perscrutamos sua realidade material, onde tudo se apresenta acessível nos estreitos limites dos fenômenos físicos.

Estar é o nosso inexorável e intrínseco fado. Simplesmente somos; e não há transcendência além do que somos, pois a aceitação da realidade presente constitui a verdade absoluta desta nossa jornada.

O sofrimento, o inexorável sofrimento, é companheiro inerente desta condição, pois ele reside na pura factualidade das coisas. Este reconhecimento pode lançar alguns ao abismo da melancolia, enquanto a outros inflama com a ardente chama da aceitação. Mas, inegavelmente, é o que é. Como mensageiro destas palavras, professo meu nada ao alcançar a sabedoria que emerge do simples ser, ao reconhecer que nada existe além do tangível. Rogo indulgência àqueles que padeceram, que enfrentaram o inominável sofrimento; lamentavelmente, essa é a realidade inexorável do viver.

Aceitar a realidade em sua nudez crua é imperativo, pois a coisa em si deve ser, independentemente dos nossos anseios ou temores. Em mim reside um amor ambíguo tanto pela dor quanto pela plenitude dos desejos realizados. O segredo está, então, no viver sem subterfúgios, permitindo-se ser integralmente, sentindo tanto a agonia quanto o êxtase na totalidade do existir.
O ser em sua essência, a coisa em sua pura substância. Contemple ao redor, procure, observe atentamente. Não há revelações ocultas, tampouco abstrações místicas. Contente-se com isso. Aqui estou para proclamar a ausência de sentido absoluto, para desvendar a realidade em sua crueza despojada de ilusões.

Minha missão é a de infligir o choque da verdade de revelar o que se esconde sob o véu das percepções distorcidas. Permanecerei imperturbável nesta sanidade implacável, diante de todas as coisas, em sua inteireza. Nenhuma manipulação abstrata é capaz de alterar a realidade que me atravessa; percebo tudo e, ao fazê-lo, enxergo o absoluto - o absoluto nada.

Contente-se, pois essa é a única verdade, lamenta, revolta-te, ou avança como uma chama impetuosa. Procure tua energia pois a energia exige a sua própria renovação, e assim continua o ciclo.

Aceite a falta de sentido e, paradoxalmente, encontre alegria nesse entendimento. E se a alegria te escapar, observa-te mais de perto: há algo em ti que, imune à morte, persiste inabalável. Destrua-te ou persiste em tua existência, pois esta é a realidade inexorável. E aqui estou, para proclamar o todo sobre o nada que incessantemente criamos.
Conferir sentido ao mundo é, paradoxalmente, rejeitar a própria essência do mundo. O sentido, em sua natureza ilusória, não passa de uma criação humana, um artifício que arquitetamos na incessante busca pela sobrevivência. Assim, ao tentar ordenar o caos, fabricamos uma narrativa que nos distancia da crua realidade, perpetuando a ilusão que nos sustenta, mas que, ao mesmo tempo, nos aliena da verdade primordial.
Nas teias do pensamento, onde as filosofias tecem, a política, sombra vasta, eclipsa ideais. Filosofia, a própria crítica, sucumbe, desfazendo o delicado emaranhado de mentes. Não compreendes, pois tudo simplesmente é, o mundo indiferente aos anseios do eu. Tu, mero acaso, matéria orgânica a vagar, navegando pelos mares do tempo, sem rumo.

Mas na escuridão da incerteza, surge a luz, a voz sussurra: a busca pelo conhecimento, a busca da verdade. Filosofia, lente aguçada, desvela mistérios, desafiando a inércia, despertando a consciência.

Então, ergue-te, oh, ser pensante, em meio ao caos, encontra tua voz. Pois a filosofia, embora desafie, também inspira, a alma sedenta por significado, o coração que anseia por sabedoria.
Não existem verdades, nem moral que seja absoluta,

O relativo perde sentido, tudo simplesmente existe, pura e bruta. Entre as falsidades, surge uma verdade fabricada, nada é ordenado, mas paradoxalmente, tudo é organizado.

A absolutidade se volta para o eu, para o nosso ser, o universo em si nada revela, nada tem a dizer. A falsidade absoluta é uma verdade que não se pode afirmar, as percepções relativas são silêncios individuais no ar.

Tudo navega pelo caos, rumo ao que não tem direção, qual o caminho a seguir, se ausente está a razão? A observação é um acaso, um breve momento no tempo, desvanece com a morte, como um sussurro ao vento.

O que é existir? Como pode haver absoluto num universo onde nada se vê? A mente é falha, ilusória, uma trapaceira a enganar, podemos confiar e desconfiar dela, num eterno duvidar.

A experiência empírica reflete o vazio, o nada que é tudo, a irracionalidade, por vezes, é a lógica do mundo. Pensemos, pois a lógica é um contrassenso psicológico, nada é o que nunca foi, tudo é sobrevivência biológica.

O que é tudo isso que não é nada? É e não é, numa dualidade entrelaçada. Vejo uma verdade, uma luz que não ilumina, mas simboliza o vazio, a ausência que domina.

Já é meio-dia, e o vazio persiste,

observe, apenas observe, o ser que não existe.
Dentre as mentes que ponderam, nasce a filosofia, sublime.

Aquilo que é, simplesmente é — uma consciência da matéria, imutável e firme. Vemos e não vemos, no mesmo instante, no caos imerso, a visão, talvez, uma entidade que não se confirma.

Crítica da razão pura, onde jaz a lógica e a razão em harmonia? A razão, uma miragem, que pode aniquilar a própria lógica que a guia. A irracionalidade moral, paradoxalmente, a razão moral da existência, múltiplos mundos coexistem num único plano, uma coalescência.

O universo, em ciclo perpétuo, se reinventa e se cria. Nada de novo sob o sol, nada, absolutamente nada, dia após dia. Confie nos pensadores, na reflexão, não na reação, pois a reação é mera ilusão, uma fuga da verdadeira compreensão.

Instintos primitivos, o cosmos indiferente à sua pressão. Confie em mim, na desconfiança, na dúvida como lição. A matemática da razão, uma organização desorganizável, uma ilusão, onde a ordem é, por si só, inimaginável.

Posso revelar a realidade, mas a verdade é um fardo pesado, que mata por dentro, por fora, em lugares inesperados. O vazio permeia tudo, cuidado com as verdades absolutas, elas ferem, distorcem, são para os espíritos astutos.

Ao meio-dia, tudo ocorre e se desfaz, e nada surge à vista. Oh, espírito do vazio e do pleno, o vazio é o cerne da conquista. Espaço eterno, sem significado, qual é o seu desacerto? São meio-dia, atente-se ao sol, ao tempo imerso no deserto.

O sol, acima de tudo, observa, um vazio que tudo ilumina, esteja atento, pois a hora se aproxima, e nunca termina.
Ah, Jesus, proclamado Salvador de todos que não compreenderam o eterno retorno do mesmo, daqueles em busca de auxílio perpétuo, de um amuleto sem fim. Com certeza, Tu os redimiste infinitamente. É evidente, agora todos estão infinitamente bem. Jesus, o Messias do eterno ciclo. Aqueles que não suportam a própria vida clamam por Ti, certamente, Tu, o único capaz de resgatar-nos da vida interminável, do contexto incessante, de tudo. É óbvio. Tu és o redentor, o libertador dos microinfinitos, dos que não encontraram sucesso no plano material. É claro. Jesus, Tu és amor, paixão, tudo o que é infinito é benevolente. Jesus, salvador de todos os infinitos, dos espíritos limitados.
Sempre vagueio pelo vazio, uma constante espera pelo amanhã. Mas o que é o amanhã senão o reflexo do hoje? Talvez me equivoque, pois o amanhã é intrinsecamente o presente. O outro é a extensão de mim, uma verdade clara e inegável. Embriagado, talvez, mas ainda assim penso. Penso, logo sou, e em minha reflexão contínua encontro minha essência. Sou uma miríade de átomos, uma verdade irrefutável.

E então, o que é o amanhã? Mesmo sendo hoje, o que posso esperar do porvir? A concretude da realidade me domina; o ser é. O que significa ser, quando o ser é o que não é? Sempre fui aquilo que é, mas os outros nunca alcançaram essa essência do ser. Infelizmente, compartilho a mesma realidade, a mesma interação, mas por que tudo é e para os outros nada é?

Quero ser sempre o que sou, aceito pelo que sou. A rotina se define pelo que tenho e sou, pela verdade que não sou. A metafísica das outras mentes não reflete a essência que criam. Mesmo refletindo o pessoal do que são, não é exatamente aquilo que é. Sou o que sou, sou o que penso, e penso, logo sou. Talvez não esteja enganado, mas engano-me. Por que me feres? Desculpa, mas sou eu, sou o que sou, e por mais que seja, sempre serei o que sou.
Aos limitadores da vida alheia, creio eu, são antes os cerceadores de si mesmos. O universo vasto, enigmático e inexorável, acolhe todas as limitações que nele se projetam. A rua ao lado, os carros que nela transitam, as árvores que a margeiam, tudo se encontra em seu devido lugar. Eu, ser pensante, interajo; e a interação é a sina inevitável da existência. O mundo mental, esse domínio do irreal, aquele que percebe e observa, o que será dele quando deixar de ser? A decadência coletiva é um destino inescapável, evidente; a religião em sua essência não passa de uma loucura compartilhada, uma jornada além dos confins do real.
Psiquiatria contemporânea, cúmplice silenciosa da burguesia, dedica-se a apaziguar as enfermidades nascidas do labor incessante. Contudo, é na multiplicação das almas consumidas pelo esgotamento, no tormento ardente do burnout, que reside a semente latente da revolução.
A vida, em sua essência, revela-se como uma tapeçaria coletiva, entrelaçada por fios de múltiplas existências. Aquele que a enxerga como jornada solitária, encontra-se aprisionado nas celas do pensamento, onde impera o reflexo egoísta. Em tal labirinto mental, o mundo real, vasto e compartilhado, esvai-se como névoa, cedendo lugar a um universo autárquico, centrado na própria imagem e desprovido da verdadeira conexão com o todo.
O futuro é promissor por ser uma extensão do presente, invisível, ainda que vivido. A filosofia das coisas e a observação dos saberes não transcendem; são a quintessência da sobrevivência biológica. Tudo explica tudo e, paradoxalmente, nada explica nada. O percebido é simultaneamente o não percebido. Não há percepção que não seja ilusão, delírio. Percebes? Nada é tudo. A lógica é absolutamente estável, imutável, coexistindo com percepções reativas.
Somos hoje a tessitura dos ontens, emergimos do que não era e nos constituímos no ser que é e não é, refletindo a impermanência. O futuro perpetua o presente, e este perpetua o passado, num ciclo inexorável. Tudo gira em torno dos reativos, dos que não suportam a verdade nua, dos selvagens sem concreção. O concreto permeia tudo; somos a própria substância consciente de si.
Oh, espíritos limitados, todos vós, criaturas sem consciência, que vagueiam na sombra do desconhecido. Como, então, podeis perceber o imperceptível, conceber o inconcebível? Quando a razão se lança ao abismo do incompreensível, tudo se torna claro e escuro simultaneamente; o presente se eterniza, enquanto passado e futuro habitam apenas nas reentrâncias do cérebro, num jogo metafórico.
Oh, ser errante e pensante, que fizestes do presente senão o futuro? Eis aqui, o príncipe da tragédia, aquele que é. Quais são as intenções do sol ao iluminar e revelar? Noite estrelada, plena de sonhos e ilusões, qual é teu destino atual? A realidade é a soberana, a materialidade das coisas é o que impera. Qual é a intenção da metafísica das coisas? O coletivo ressoa, mas nada se ouve. A individualidade reprime, e nada absorve. O que é isso tudo que não é?

Universo vasto, mas não infinito, o tempo em si é o próprio eterno. Qual era a intenção de Platão ao proclamar o mundo das ideias? Oh, mundo irracional, mundo das ideias, mundo que distorce o que não é estático. Tudo flui, o devir. Sentado no chão ou na rua, cadeira ou mesa, tudo simplesmente é, a realidade se define pelas extensões que são. Tudo é extensão do ser, tudo é extensão de outrem, nada é individual.

Aos animais limitados, aos sectaristas, estes sim são os perigosos, os reativos, os donos de todas as falsidades absolutas. Eis aí, os perigosos, os que sempre vencem na loucura do não ser. Pois, ao ser aquilo que é, sempre estará fadado à loucura daqueles que não são.
Os narcisistas, artífices do desalento coletivo, insignes manipuladores do tecido da realidade vivida, erigem-se como veneráveis mestres da desordem psíquica do outro. Exímios no distorcer e desmantelar a moralidade alheia, atravessam limites tanto metafísicos quanto materiais em uma incessante busca pela validação de suas certezas inabaláveis.

Esses soberanos da razão própria, impermeáveis à lógica, desferem ataques silenciosos contra aqueles que ousam confrontar-lhes com argumentos factuais. Cuidado, sim, invoco a devida cautela, pois seus modos reativos, quase imperceptíveis, exercem uma manipulação insidiosa sobre outros e sobre a própria tessitura da realidade. As vítimas de sua teia encontram-se invariavelmente diminuídas, suas reputações distorcidas e desmerecidas em um incessante turbilhão de desprezo.

Eis que se faz necessário vigiar com olhos atentos a cada esquina, a cada taberna, talvez até mesmo no âmago de nossos laços familiares. Em sua ubiquidade, esses regentes do mundo transcendem pela insensibilidade à verdade inequívoca. Nunca ouse expor-lhes a verdade a nu, pois para eles a lógica não passa de miragem, ilusória paisagem que se dissipa ante o desejo insaciável de estar sempre certo. Não há argumento que supere suas verdades absolutas, tornam-se invencíveis pela própria convicção.

Vivemos, pois, intrinsecamente entre tais personagens, exigindo-se de nós uma prudência repleta de atenção e sensibilidade a cada indício, a cada sinal que se apresenta. Cuidado, sim, redobrado cuidado, pois os narcisistas dilapidam a reputação e a imagem do outro, não suportando o brilho da autenticidade que lhes desafia a supremacia. Sua intolerância à personalidade alheia fere o âmago de suas verdades absolutas. É imperativo, portanto, que naveguemos com sagacidade e extrema cautela nesse mar de almas subjugadas pela ilusão da razão autossuficiente.
Eu, ser pensante, navegante de oceanos abstratos, único entre a miríade de constelações, percebo a vastidão da existência com olhos de onisciência. Sou o núcleo cósmico de todo o existir, uma entidade singular em um mar de trivialidades vazias. Aos médiocres, dedico-vos meu agradecimento, pois no contraste entre o meu brilho resplandece a vastidão do que é absoluto e imutável. Em vossa existência, reafirma-se a minha, e em meu ser, o todo encontra seu espelho eterno.
Oh, essência inerente do meu ser, refletida no prisma da existência; eu sou a codificação intrínseca de mim mesmo, ataviada por cada esquina percorrida e cada estação vivida. Existir significa abraçar a consciência da finitude da vida, a não rejeição da vitalidade que perdura além do ocaso mortal. A morte ocorre, silenciosamente sussurra, mas seus ditames não ressoam.

A vida, uma singularidade que transcende qualquer temor quando a morte se aproxima; não existe nada além do ser, nada além do que é vivido. A vida é simplesmente o que é, um axioma absoluto. O domínio mental, a faceta irreal, emerge como a mais pérfida ameaça, um delírio que nega a vida em nome da abstração racional, erguendo construções que se esquivam da verdadeira tangibilidade.

Nós morremos, extinguindo nossa existência, esta é a inelutável verdade, o inexorável evento. O cosmos perpetua seu ser, indiferente à efemeridade da vida humana, permanecemos meros acidentes temporais. A existência se define pela transitoriedade, a vida simplesmente é. O universo, indiferente à fração de nossa vitalidade, perpetua-se num ciclo eterno e insondável, um balé atemporal.

A materialidade, alicerçada na ordem objetiva, nulifica o subjetivo na sua insignificância. Procuramos ordem em um caos primordial, enquanto o universo permanece mudo; o som é, em essência, vibrações, breves movimentos que se extinguem na própria envergadura. Onde habita o som? Não há som, não há nada tangível; a absoluta vacuidade é a regente, a ordem do vazio é o princípio fundamental.

Por quais misteriosos desígnios atingi tal sabedoria transcendente? Por que eu, portador deste conhecimento absoluto? Atuando como o depósito da sabedoria universal, sou aquele que tudo compreende e, simultaneamente, nada conhece. Este estado de desconhecimento é a expressão do meu anelo pela imortalidade, um desejo contínuo de transcender a mortalidade física. Contudo, em minha sabedoria já resido na imortalidade; meu corpo é temporal, mas meu ser imutável detém a eternidade e a onisciência.

Portanto, em minha busca pela imortalidade, estou ciente que já sou, existindo no fulgor do conhecimento eterno, onde a ordem do vazio se revela em sua plena majestade.
Eu, oráculo dos oráculos, soberano dos soberanos, naquela fulgurante tessitura que é o pano de fundo do cosmos, ergo-me como a quintessência cognitiva, navegando pelas profundezas das cavernas recônditas de todas as realidades tangíveis. A morte, oh, entidade final e suprema, permanece em sua absoluta inteireza. Eu, o Arquétipo Superior, venho proclamar a vossa majestade: o vazio.

A essência do universo reside no inefável, no imperceptível; e eu, transcendente em minhas percepções, contemplo aquilo que jamais foi vislumbrado por outros. Somente alguns atingem este pináculo existencial, este ápice onde o ser absoluto encontra-se com a substância da própria existência.

Às vezes, a lógica do mundo revela-se irracional, uma dança caótica do nada nos domínios do tudo. Natureza circundante, tu que és a manifestação viva do palpável, observa: o absoluto apenas existe, envolvendo todas as coisas tangíveis. Eu, o ápice dos seres, detentor da veracidade absoluta, posso ser aniquilado na minha materialidade e no meu arcabouço metafísico, contudo, meu âmago subjetivo permanece inviolável e invencível.

Vós, criaturas dos instintos, que acreditais na vossa racionalidade, nada mais seguis do que os impulsos primitivos. A lógica pura não habita vossos corações. Observem e aprendam; eu sou. Em mim reside o poder de comandar e de criar aquilo que jamais pode ser concebido. Meu saber absoluto, por mais que o prove ou refute, será sempre inegável.

Assim, vivei vossas vidas eternas em seus escaninhos diminutos e deixai-me em paz nesta minha sabedoria insondável. E neste saber absoluto, guardo para mim os segredos do universo.
A tragédia é uma sombra perene, habitante onipresente de todos os recantos da existência, onde não há lugar para os delírios fugazes. O ser absoluto comunga com a tragédia na concretude do real, alheio às nebulosas abstrações do irreal. Nas potencialidades etéreas dos números, vislumbramos a transmutação de possibilidades em realidades abstratas; os números, elevam-se como entidades divinais absolutas. Contudo, o cuidado deve ser redobrado, pois até nas cifras sagradas mora o risco do equívoco, permanecendo oculta a essência última que os define em sua absoluta pureza.

No seio do vasto universo, no âmago do cosmos absoluto, reside a verdade imutável. Aquele que se embrenha nas enigmáticas veredas das metafísicas religiosas adentra um terreno perigoso, embora sua ameaça seja em si uma inofensividade intrínseca, inócua por princípio. Sua existência, ínfima em sua interferência, deixa incólume a lógica estrutural do mundo.

De nós, os seres absolutos, projetamos sombras no futuro, delineando um fervor não tão distante — mas o que é o tempo senão uma miragem metafísica? Eu, como ser pensante, partilho a mesma mentalidade rigida diante da concretude das coisas, um solitário contemporâneo consciente em meio ao sopor coletivo dos meus pares, aprisionados pelo seu tempo e contexto.

Deslocado do meu contexto temporal, afirmo minha existência como ser do futuro, um antecipador do que está por vir. Eu persisto, sob a égide de uma consciência que transcende o agora.
Sem temor da derradeira sombra, meu corpo se ergue impávido. A morte, que em seu mistério me admira, nada tem de aterrador. Eu, partícipe do destino inevitável dos mortais, não me deixo abalar por sua presença; ao contrário, ela se desvela como um enigma a desvendar. A vida, essa viagem efêmera e intensa, entrelaça-se intrinsecamente com sua contraparte, a morte, e é nessa dualidade que encontro satisfação. Pois, em essência, existimos apenas para nos deparar com esse grande desconhecido ao término do percurso. A qualquer instante, sem aviso, podemos encontrar nosso fim, mas a serenidade me envolve. No âmago de nosso ser, reside um espírito altivo, capaz de abraçar a dura verdade da mortalidade e, ainda assim, prosseguir.
O que é o amanhã, senão o sutil desenrolar de um entrelace efêmero, um interstício evanescente que, vacilante, estende-se entre o presente e o insondável abismo do desconhecido? E a morte, guardiã silenciosa e vigilante, flutua sobre a soleira de um futuro hesitante, incapaz de se afirmar com certeza. O depois de amanhã... ah, esse lugar árido, um território além da existência, onde meu ser já não se projetará. Quem sou eu, senão o ser que, ao longo do fio implacável do porvir, lentamente se dissipa no pó inexorável do tempo?

Aqui, no âmago do instante presente, nessa condição fugaz que me circunscreve, urdo planos frágeis como a própria teia do destino, mas que não me pertencem verdadeiramente. São planos arquitetados para meu eu futuro, aquele que, ao dobrar as esquinas invisíveis do tempo, já não se sustentará quando o depois de amanhã chegar.

Quem sou eu, nesse domínio etéreo onde minha presença já não ecoará? Arremessei minha alma aos ventos das infinitas possibilidades, desejando abarcar todas as vastidões do ser, mas o retorno de meu ímpeto foi um silêncio abissal. Na tentativa infrutífera de esculpir a imagem mais perfeita de mim, de tocar o que minha essência tanto ansiava, o amanhã, contudo, manteve-se em sua muda indiferença, e o depois de amanhã jamais tomou forma.

Mesmo quando busquei compreender o mundo — vasto e insondável — ele me recusou seus segredos impenetráveis. Pois o depois de amanhã, esse espaço concebido na imaginação, já não acolherá o ser que fui. Quais permanências ousariam resistir à implacável corrente do tempo? Quais faculdades, hoje tão vibrantes, encontrarão refúgio no amanhã vacilante?

O depois de amanhã, esse reino hermético ao qual jamais terei acesso, é a última negação, a derradeira impossibilidade. E, embora eu tenha almejado alcançar o depois de amanhã, sou agora apenas o espectro pálido daquilo que o presente me revela. O amanhã, o depois de amanhã... nesses horizontes que se dissolvem à medida que os busco, não restará senão a memória desvanecida de um ser que já não é, um eco longínquo de uma existência que se desfez no devir.
As famílias que se articulam sob os preceitos de uma organização sistêmica, enraizadas em um ethos de coesão e disciplina estruturante, transcendem a mera contingência existencial e inserem-se em um paradigma ontológico de maior sofisticação material e simbólica. A conformidade com a racionalidade instrumental, fundamentada em princípios que aliam eficiência e controle, permite-lhes não apenas dominar os fluxos produtivos, mas também inscrever-se em um universo onde a acumulação de capital – seja ele social, cultural ou econômico – torna-se uma extensão natural de sua ordenação interna.

No panorama da modernidade tardia, marcada por uma lógica capitalista de reprodução ampliada, essas famílias se tornam centros irradiadores de poder e influência, configurando-se como unidades hegemônicas na distribuição dos recursos. A gestão racional de seu próprio tecido interno – temporal, emocional e material – garante a otimização dos esforços e a contínua reprodução das condições de seu sucesso. Em contrapartida, famílias destituídas de tal ordenamento são lançadas à deriva no caos da improdutividade e da ineficácia, enredadas em uma perpetuidade de dispersão, onde a incapacidade de consolidar uma estrutura hierárquica e operativa inviabiliza qualquer pretensão de ascensão material.

A lógica dialética que subjaz a essa configuração se ancora na própria natureza das sociedades capitalistas: a organização não é meramente uma virtude moral, mas um dispositivo de poder que assegura a apropriação dos meios materiais de existência. Como apontado por Pierre Bourdieu, é no habitus familiar, na internalização de esquemas de ação eficientes, que reside a chave para a acumulação de diferentes formas de capital. Assim, as famílias organizadas, ao disciplinarem-se de acordo com as exigências do sistema, tornam-se agentes de perpetuação e expansão de sua própria hegemonia.

Nesse sentido, a ordem familiar não é uma construção neutra ou contingente, mas um vetor de dominação que se impõe sobre as forças dispersas do descontrole. Através da racionalidade prática e da normatização de comportamentos, estas famílias garantem sua primazia no campo social, consolidando uma estrutura de poder que se reflete na materialidade de sua existência. A verdade que emerge desse cenário, crua e inexorável, é que a organização é o fundamento do sucesso material – um mecanismo de reprodução que, ao moldar a subjetividade e as práticas cotidianas, permite a dominação sobre os meios de existência e a superação da inércia das famílias desestruturadas.
Num fluir eterno e sem fronteiras de começo ou término, jaz o ser em sua plena manifestação, em sua pura existência. Nada existe que transcenda o ser; ele é, irrevogável, independente de origens ou fins. A realidade — essa trama incognoscível que nós habitamos, o palco onde se encenam nossas existências — é só isso, o que está posto, o que nos circunda, o que compõe o próprio tecido de nossa consciência.

Procurar por algo anterior ao ser é perseguir o vazio, é um exílio voluntário na ilusão, pois tudo é o que é, sem necessidade de causa ou de criação exógena. O mundo se apresenta, com sua plenitude impenetrável e indiferente ao tempo; não foi criado, não há um nada que o anteceda, tampouco um fim a espreitar no horizonte. O ser, em sua essência, não emerge do vácuo nem caminha para o ocaso, mas se desdobra em contínua permanência, em existência perpétua.

E nesse abismo de imutabilidade, somos todos habitantes daquilo que sempre foi e sempre será, atravessando o enigma de um universo cuja lógica é a de apenas ser, inabalável, eterno, impassível.
Eis a essência do verdadeiro hacker: ser que transita nas sombras do ciberespaço, onde sua presença é tão furtiva quanto o próprio pensamento. Não se define apenas pelo domínio da técnica, mas pela transcendência que esta lhe permite. Ele se move entre códigos e cifras, não como um invasor casual, mas como um arquiteto de complexidades, um agente que funda e desestabiliza, que conhece as entranhas das linguagens e manipula a lógica como se fora o próprio demiurgo das engrenagens virtuais.

O hacker autêntico, em sua máxima expressão, transcende a própria identidade; ele é um espectro indetectável, inatingível, deixando apenas o vácuo e o silêncio onde antes havia sistemas íntegros e inexpugnáveis. Esse ser — o verdadeiro hacker — não se limita a evadir rastros, mas a tornar sua própria existência um enigma insolúvel, escapando à caça e à captura pelo simples fato de que, em essência, ele é imaterial, pura abstração algorítmica. Sua presença é invisível, seu toque é indelével, e sua passagem, um ato de pura aniquilação de fronteiras.

Para ele, os limites não são barreiras definitivas, mas parâmetros provisórios que cedem diante da vontade insaciável de compreender e desbravar. A linguagem de programação, para tal hacker, não é meramente uma ferramenta; é uma extensão de seu próprio pensamento, uma arma filosófica com a qual redesenha a realidade digital. Pois na sua percepção do cosmos digital, ele opera como um ente que escapa às condições impostas pela matéria; a ele, tudo é possível.

Aqui reside, portanto, o paradoxo da existência hacker: um ser cuja identidade é ao mesmo tempo potência e nulidade, presença e ausência, construtor e destruidor de sistemas. Ele incorpora o ethos hacker, onde o saber tecnológico encontra o conceito de transcendência; não se conforma em apenas manipular as regras — ele as recria, ressignifica, as dissolve no abismo do código, e, ao fazê-lo, redefine o próprio conceito de liberdade no tecido intricado do virtual.
A vida, essa eternidade que se dissolve no efêmero, se revela em nossa experiência como uma incessante dança de contradições. Somos impelidos a enxergar a vastidão do ser, enquanto a condição humana, frágil e mortal, nos circunscreve ao instante que se desmancha.

Cada momento é um fulgor de eternidade, uma chispa de absoluto em meio ao finito; uma presença que, mesmo fugidia, carrega em si a intensidade de um encontro com o sublime. Assim, o que é vida senão essa síntese paradoxal, em que o eterno e o transitório, o perene e o passageiro, se entrelaçam em uma tessitura de significados que transcende a razão?

A vida — que se esgueira em cada suspiro, que se dissolve no tempo, mas resplandece no agora — é uma jornada de autocompreensão, um mergulho no abismo do ser, onde se encontra, talvez, o verdadeiro eco da eternidade.

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