Tugueje ibne Jufe
Tugueje ibne Jufe ibne Iltaquim ibne Furane ibne Furi ibne Cagã | |
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Nascimento | século IX Vale de Fergana |
Morte | 906 Bagdá |
Nacionalidade | Califado Abássida Reino Tulúnida |
Progenitores | Mãe: ? Pai: Jufe |
Ocupação | Governador e general |
Religião | Islamismo |
Tugueje ibne Jufe ibne Iltaquim ibne Furane ibne Furi ibne Cacane (Ṭughj ibn Juff ibn Yiltakīn ibn Fūrān ibn Fūrī ibn Khāqān) foi um oficial militar turco que serviu o Califado Abássida e o Reino Tulúnida do Egito e Síria. Foi o pai de Maomé Iquíxida, o fundador da dinastia iquíxida.
Vida
[editar | editar código-fonte]Tugueje foi o filho de Jufe, o primeiro membro atestado da família a entrar no serviço do Califado Abássida sob o califa Almotácime (r. 833–842). A família era oriunda do Vale de Fergana e foi recrutada por Almotácime junto de outros outros habitantes de Fergana em seu exército (o regimento Faraguina).[1] Sua família reclamou ascendência real; o nome de seu ancestral, "Cagã", é um título turco real.[2] Jufe e seus descendentes portanto não eram membros da casta escrava militar (mamelucos e gulans), mas uma casta de homens nascidos livres, provavelmente nobres.[3] Tugueje também teve irmãos, Badre e Uazar, que também ingressaram no serviço militar, mas são apenas ocasionalmente mencionados e pouco se sabe sobre eles.[4]
Como seu pai, Tugueje serviu aos abássidas, mas depois entrou ao serviço dos tulúnidas, que desde 868 tornaram-se governantes autônomos do Egito e Síria.[5][6] Segundo Ibne Calicane, Tugueje primeiro entrou ao serviço de Lulu, um gulam do fundador da dinastia tulúnida Amade ibne Tulune, mas então dirigiu-se à Moçul, onde serviu o governador Ixaque ibne Cundaje, até depois da morte de ibne Tulune em 884.[7] A morte de ibne Tulune pareceu apresentar uma oportunidade para seus inimigos capturarem alguns dos domínios tulúnidas na Síria de seu herdeiro e filho inexperiente, Cumarauai. Ibne Cundaje e seu aliado Maomé ibne Abi Alçaje, bem como o regente abássida, Almuafaque, atacaram os tulúnidas, mas no evento Cumarauai saiu vitorioso, e ibne Cundaje foi forçado a reconhecer sua suserania em 886/887.[8][9] Durante as negociações entre ibne Cundaje e Cumarauai, segundo Ibne Calicane, o último notou Tugueje e ficou impressionado por sua aparência, levando-o para servi-lo.[7]
Segundo Tabari, em agosto de 892 Tugueje liderou um raide de verão (saifa) contra o Império Bizantino em nome dos tulúnidas. Ele invadiu os arredores de Tireu (ar. Taraium) e um local conhecido em árabe como Malúria (Malūriyah; possivelmente Malacopeia ou Balbura).[10] Mais adiante ele tornou-se governador de Tiberíades, Alepo (a capital do distrito de Quinacerim) e Damasco,[5][6] e particularmente distinguiu-se por repelir os ataques dos carmatas sob Saíbe Anaca em Damasco em 903.[11] Tabari também afirma no mesmo ano, quando estava em Alepo, informou Ragibe que Cumarauai queria vê-lo. Depois disso, escreveu uma carta para Maomé ibne Muça ibne Tulune, o emir de Tarso, informando-lhe que os bens de Ragibe estavam em posse do pagem Macnune e que Ragibe estava a caminho da cidade, bem como que quando o pagem chegasse na cidade deveria ser capturado e os bens consigo deveriam ser confiscados.[12]
Após a morte de Cumarauai em 896, contudo, o Reino Tulúnida rapidamente começou a ruir de dentro, e falhou em estabelecer qualquer resistência séria quando os abássidas dirigiram-se contra ele para restabelecer controle direto sobre a Síria e Egito em 904.[13] Tugueje desertou para os abássidas invasores sob Maomé ibne Solimão Alcatibe e foi nomeado governador de Alepo em troca; mas ibne Solimão cairia vítima de intrigas cortesãs logo depois, e Tugueje e seus filhos Maomé e Ubaide Alá seriam presos em Bagdá. Tugueje morreu na prisão em 906, mas seus filhos foram libertados logo depois.[6] Após uma carreira tumultuada, Maomé dirigiu-se para o Egito em 935 para estabelecer-se como mestre do país, conseguir governá-lo, bem como partes da Síria, até sua morte em julho de 946.[14] A dinastia por ele estabelecido, os iquíxidas, durou até o Egito ser capturado pelo Califado Fatímida em 969.[15]
Referências
- ↑ Gordon 2001, p. 32; 158–159.
- ↑ McGuckin de Slane 1868, p. 217, 219–220.
- ↑ Gordon 2001, p. 159.
- ↑ Tabari 1985, p. 13 (nota 77), 30 (nota 155), 155 (nota 742).
- ↑ a b Kennedy 2004, p. 311.
- ↑ a b c Bacharach 1975, p. 588.
- ↑ a b McGuckin de Slane 1868, p. 218.
- ↑ Sharon 2009, p. 12.
- ↑ Kennedy 2004, p. 177, 310.
- ↑ Tabari 1985, p. 14.
- ↑ Kennedy 2004, p. 185, 286.
- ↑ Tabari 1987, p. 177.
- ↑ Kennedy 2004, p. 184–185, 310.
- ↑ Bacharach 1975, p. 588–609.
- ↑ Kennedy 2004, p. 312–313.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bacharach, Jere L. (1975). «The Career of Muḥammad Ibn Ṭughj Al-Ikhshīd, a Tenth-Century Governor of Egypt». Medieval Academy of America. Speculum. 50 (4): 586–612. ISSN 0038-7134. doi:10.2307/2855469
- Gordon, Matthew (2001). The breaking of a thousand swords: a history of the Turkish military of Samarra, A.H. 200–275/815–889 C.E. Albany, Nova Iorque: State University of New York Press. ISBN 978-0-7914-4795-6
- Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second ed. Harlow, RU: Pearson Education Ltd. ISBN 0-582-40525-4
- McGuckin de Slane, William (1868). Ibn Khallikan's Biographical Dictionary, translated from the Arabic by Bn. William McGuckin de Slane, Vol. III. Paris: Fundo de Tradução Oriental da Grã-Bretanha e Irlanda
- Tabari (1987). Fields, Philip M., ed. History of al-Tabari Vol. 37, The: The 'Abbasid Recovery: The War Against the Zanj Ends A.D. 879-893/A.H. 266-279. Albânia, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 978-0-87395-876-9
- Tabari (1985). Rosenthal, Franz, ed. The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVIII: The Return of the Caliphate to Baghdad: The Caliphates of al-Muʿtaḍid, al-Muktafī and al-Muqtadir, A.D. 892–915/A.H. 279–302. SUNY Series in Near Eastern Studies. Albânia, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 978-0-87395-876-9
- Sharon, Moshe (2009). Corpus Inscriptionum Arabicarum Palaestinae, Volume 4: G. Handbuch der Orientalistik. 1. Abt.: Der Nahe und der Mittlere Osten. Leida: BRILL. ISBN 978-90-04-17085-8