Theophrastus redivivus
Theophrastus redivivus é um texto filosófico clandestino em latim publicado em uma data desconhecida entre os anos de 1600 e 1700.[1][2] O livro foi descrito como "um compêndio de velhos argumentos contra a religião e a crença em Deus" e "uma antologia do pensamento livre."[3] Contém tratados materialistas e céticos de fontes clássicas como Pietro Pomponazzi, Lucilio Vanini, Michel de Montaigne, Maquiavel, Pierre Charron, e Gabriel Naudé.[4]
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]Theophrastus redivivus é conhecido por proclamar que todos os grandes filósofos, incluindo o homônimo Teofrasto, foram ateus;[5] que as religiões são invenções humanas; que não há nenhuma prova válida da existência de deuses, e que aqueles que afirmam ter passado experiências com um deus ou são desonestos ou doentes. No entanto, ao contrário do Tratado dos Três Impostores, outra obra anti-religiosa publicada à mesma época, Theophrastus redivivus nunca foi mencionado pelos filósofos do Iluminismo ou pensadores do século seguinte, apesar de ser uma das primeiras obras explicitamente anti-religiosas já publicados na Europa moderna.[6]
Estrutura
[editar | editar código-fonte]Theophrastus redivivus se divide em um prefácio ("prooemium") e seis tratados ("tractatus"), também chamados de livros ("libri"). Cada tratado se subdivide em múltiplos capítulos ("capita").[7]
- Tractatus primus qui est „de Diis“ – Sobre os deuses
- Tractatus secundus qui est „de Mundo“ – Sobre o mundo
- Tractatus tertius qui est „de religione“ – Sobre a religião
- Tractatus quartus qui est „de anima et de inferis“ – Sobre a alma e o inferno
- Tractatus quintus qui est „de contemnenda morte“ – Sobre o desprezo pela morte
- Tractatus sextus qui est „de vita secundum natura“ – Sobre a vida natural
Manuscritos sobreviventes
[editar | editar código-fonte]Sabe-se apenas de quatro cópias restantes: uma na Biblioteca Nacional da França, em Paris (doada por Claude Sallier em 1741, que supostamente a teria comprado no leilão das propriedades de Karl Heinrich von Hoym, em agosto de 1738), dois na Biblioteca Nacional da Áustria, em Viena, e uma com um professor Belga. Os estudiosos italianos Gianni Paganini e Guido Canziani mostraram que os dois manuscritos austríacos da coleção Hohendorf, que eram propriedades do Príncipe Eugênio de Sabóia são, provavelmente, mais antigos, baseados em um original anterior, e que os manuscritos parisiense e belga foram copiados dos pertencentes ao Príncipe Eugênio. Eles também editaram e publicaram em 1981 a obra Theophrastus redivivus. Erudizione e ateismo nel Seicento (Nápoles, 1979), de autoria do estudioso Tullio Gregory.
Theophrastus redivivus de 1659, por Hessling
[editar | editar código-fonte]O manuscrito possui o mesmo título que outra obra, um livro impresso publicado em Frankfurt, por um Elias Johann Hessling, em 1659. O livro de 1659, escrito em alemão defendendo o cientista e ocultista renascentista suíço-alemão Paracelso, não tem nenhuma conexão com a obra anônima. Não se sabe qual obra foi escrita primeiro, ou por que os dois livros compartilham o mesmo título; nenhuma das duas obras menciona a outra.
Referências
- ↑ Hecht, Jennifer Michael (2004). Doubt: A History. HarperOne. pp. 325, ISBN 0-06-009795-7.
- ↑ Hall, H. Gaston (1982). A Critical Bibliography of French Literature; Volume III A: The Seventeenth Century Supplement. Syracuse University Press. pp. 369, ISBN 0-8156-2275-9.
- ↑ Craig, Edward (1998). Routledge Encyclopedia of Philosophy. Routledge. pp. 375, ISBN 0-415-07310-3.
- ↑ Hunter, Michael. Wootton, David (1992). Atheism from the Reformation to the Enlightenment. Oxford University Press. pp. 33, ISBN 0-19-822736-1.
- ↑ Hecht, Jennifer Michael (2004). Doubt: A History. HarperOne. pp. 325-326, ISBN 0-06-009795-7.
- ↑ «Theophrastus Redivivus.». Renaissance Quarterly. 37. ISSN 0034-4338. doi:10.2307/2861009
- ↑ Tractatus primus, Caput 1-6