Taller de historia oral andina
Taller de historia oral andina | |
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Fundação | 13 de novembro de 1983 |
Tipo de instituição | instituto de pesquisa |
Localização | La Paz Bolívia |
Taller de historia oral andina (em português: Oficina de História Oral Andina) é uma instituição de investigação e oficina de propostas metodológicas ligadas à construção oral do conhecimento, elemento característico das culturas Andinas.[1][2] Fundado em 1983, tem como temas principais de seu trabalho: história, relações de gênero, direitos e a cultura dos povos indígenas andinos de Bolívia e sua inter-relação com a sociedade mestiza.[3] Seu trabalho é significativo na formulação estratégica de uma metodologia de descolonização baseada na historiografia andina revisionista, nas demandas territoriais e na ação política coletiva.[4]
História
[editar | editar código-fonte]A oficina foi fundada em 1983, por um grupo estudantes de sociologia da Universidade Maior de San Andrés, alunos da socióloga Silvia Rivera Cusicanqui, que também fez parte da oficina.[5] Entre os requisitos iniciais de admissão para seus membros, se encontrava o conhecimento da língua aimara ou quechua, ainda que com o tempo este requisito foi flexibilizado para incluir outros membros compatíveis com seus objetivos.[4][5]
A oficina era influenciada por perspectivas marxistas, pelo katarismo e pelo indigenismo de Fausto Reinaga.[5] Desde o início, o grupo tinha como objetivo a utilização da história oral para explorar e ressignificar a história das populações indígenas bolivianas.[5]
Os trabalhos dos membros da oficina ao longo de sua primeira década de operação envolveu tanto a realização de entrevistas com membros das comunidades indígenas andinas quanto a pesquisa em arquivos e hemerotecas de La Paz.[5] Durante este período, o principal objeto de pesquisa eram os movimentos de luta indígena por terra nas décadas de 1920 e 1930, e as redes de caciques cujo principal expoente era o ayllu Santos Marka T'ula.[5] O resultado desta pesquisa foi publicado em um livro de 1984, e mais tarde, em 1986, foi transformado em uma radionovela, publicada em 90 episódios e transmitida em castelhano e em aimará por rádios do interior rural boliviano.[5] Entre 1983 e 2016, o grupo havia sido responsável pela produção de um total de 8 radionovelas, além da criação de uma rádio própria, intitulada de Illapa.[5]
Para além da pesquisa e da produção de conteúdos em áudio, a partir do ano de 1989 o Taller de Historia Oral Andina passou também a produzir material audiovisual.[5] Gravando com uma câmera VHS, os membros da oficina produziram um documentário sobre mulheres anarquistas na Bolívia (intitulado "Voces de Libertad") e uma cinebiografia de Adrián Patiño.[5]
Sobretudo ao final da década de 1980 e ao longo da década de 1990, o grupo esteve envolvido junto com os esforços mais amplos das comunidades aimarás na reconstituição dos Ayllus, forma histórica de organização social indígena, remetente ao Império Inca.[5] Para além da documentação do movimento social em curso do período, o trabalho da oficina foi importante no resgate e na divulgação dos movimentos indígenas históricos nos territórios andinos.[5]
Obras
[editar | editar código-fonte]- El indio Santos Marca T´ula. Cacique principal de los ayllus de Callapa y apoderado general de las comunidades originarias de la república.
- Los constructores de la ciudad. Tradiciones de lucha y trabajo del sindicato central de constructores y albañiles 1908-1980
- Mujeres y resistencia comunitaria: Historia y memoria
- Taraqu: Masacre, guerra y renovación en la biografía de Eduardo Nina Qhispe
Prêmios e reconhecimentos
[editar | editar código-fonte]Em 2006 receberam o Prêmio Nacional de Ciências Sociais e Humanas Fundação PIEB, em sua versão: “Prêmio Contribuição Institucional ao desenvolvimento da investigação científica em ciências sociais e humanas”.[6]
Outras Leituras
[editar | editar código-fonte]- Cusicanqui, Silvia Rivera. "El potencial epistemológico y teórico de la historia oral: de la lógica instrumental a la descolonización de la historia." Teoria crítica dos Direitos Humanos no século XXI. Porto Alegre: EDIPUCRS (2008): 154-175.
- Ottavianelli, Lucia Gandolfi. "Subalternidad e historia oral en Bolivia. El caso del Taller de Historia Oral Andina." XIV Jornadas Interescuelas/Departamentos de Historia. Departamento de Historia de la Facultad de Filosofía y Letras. Universidad Nacional de Cuyo, 2013.
- Stephenson, Marcia. "Forging an indigenous counterpublic sphere: the Taller de Historia Oral Andina in Bolivia." Latin American Research Review (2002): 99-118.
Referências
- ↑ «La oralidad en la generación de conocimiento». PIEB digital. 21 de maio de 2009. Consultado em 8 de setembro de 2018
- ↑ «Contra la ventriloquia: notas sobre los usos y abusos de la traducción de los saberes subalternos en Latinoamérica» (PDF). Consultado em 19 de outubro de 2021
- ↑ «Taller de Historia Oral Andina - Bolivia». 14 de setembro de 2001. Consultado em 19 de outubro de 2021
- ↑ a b Stephenson, Marcia (2002). «Forging an Indigenous Counterpublic Sphere: The Taller de Historia Oral Andina in Bolivia». Latin American Research Review (2): 99–118. ISSN 0023-8791. Consultado em 19 de outubro de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j k l Criales, Lucila; Condoreno, Cristóbal (2016). «Breve reseña del Taller de Historia Oral Andina (THOA)». Fuentes, Revista de la Biblioteca y Archivo Histórico de la Asamblea Legislativa Plurinacional. 57 páginas. Consultado em 4 de agosto de 2022
- ↑ PIEB, Periódico Digital. «Periódico Digital PIEB: Emotiva entrega del Premio Nacional de Ciencias Sociales y Humanas Fundación PIEB». Periódico Digital PIEB (em espanhol). Consultado em 19 de outubro de 2021