Sirgianes Paleólogo
Sirgianes Paleólogo Filantropeno | |
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Dados pessoais | |
Nome de nascimento | Sytzigan |
Nascimento | c. 1290 |
Morte | 23 de agosto de 1334 (44 anos) Tessalônica |
Vida militar | |
País | Império Bizantino Reino da Sérvia (1333–1334) |
Hierarquia | mega-duque |
Batalhas | Guerra civil bizantina de 1321-1328 |
Sirgianes Paleólogo Filantropeno (em grego: Συργιάννης Παλαιολόγος Φιλανθρωπηνός; romaniz.: Syrgiannes Palaiologos Philanthropenos; c. 1290 — 23 de agosto de 1334), foi um aristocrata e general bizantino de origem cumano-grega ativamente envolvido na guerra civil entre o imperador Andrônico II Paleólogo (r. 1282–1328) e seu neto, Andrônico III Paleólogo (r. 1328–1341). Leal apenas a si mesmo e às suas próprias ambições, ele trocou de lado diversas vezes e terminou conquistando grande parte da Macedônia para o rei sérvio Estêvão Uresis IV (r. 1331–1346) antes de ser assassinado pelos bizantinos.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Origem familiar e primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Sirgianes nasceu por volta de 1290 e foi batizado em homenagem ao seu pai ou, possivelmente, avô, um líder cumano que se estabelecera no império juntamente com vários membros de sua tribo durante o reinado de João III Ducas Vatatzes (r. 1221–1254). O nome original deste seu parente era Sytzigan (em turco: Sïčğan; lit. "rato"); ele foi helenizado como Sirgianes (Syrgiannes; "mestre João") quando foi batizado.[1] O Sirgianes original ascendeu na hierarquia do exército bizantino, eventualmente alcançando a posição suprema de grande doméstico.[2] A mãe do jovem Sirgianes era Eugênia Paleóloga, um membro da família real dos paleólogos e sobrinha do imperador Miguel VIII (r. 1259–1282). Consciente do prestígio do nome de sua mãe, o jovem Sirgianes escolheu-o para ajudá-lo a ascender na hierarquia imperial.[3] Sirgianes também tinha uma irmã, Teodora, que se casou com Guy de Lusignan, o futuro rei da Cilícia armênia como Constantino II.[4]
Sirgianes aparece pela primeira vez nos registros históricos em 1315, quando ele foi apontado como governador militar de uma província da Macedônia perto da fronteira sérvia. Apesar dos tratados existentes e contra suas instruções, ele resolveu atacar tanto a Sérvia quanto o Despotado do Epiro. Deposto, ele se revoltou, foi capturado e preso. Antes de 1320, porém, ele foi supostamente perdoado e apontado para um novo comando na Trácia.[3][5][6]
Apoio de Andrônico III
[editar | editar código-fonte]Em 1320, após a morte de Miguel IX Paleólogo (filho mais velho de Andrônico II e co-imperador desde 1295), seu filho Andrônico III foi coroado como co-imperador pelo avô. Inicialmente popular junto ao velho imperador, o jovem Andrônico e sua corte de jovens nobres, entre os quais Sirgianes, caíram em desgraça com Andrônico II por suas extravagâncias. Seus excessos culminaram com a morte do jovem irmão caçula do imperador Manuel. Furioso, Andrônico retirou todos os títulos do neto e uma profunda rixa se abriu entre os dois.[7]
Na mesma época, Sirgianes e João Cantacuzeno compraram para si cargos de governador na Trácia, onde grassava o descontentamento em relação ao velho imperador, e eles rapidamente apoiaram o jovem Andrônico. Juntamente com Aleixo Apocauco e Teodoro Sinadeno, se preparou para derrubar Andrônico II em prol de seu neto.[7][8] Na Páscoa de 1321, o jovem Andrônico foi para Adrianópolis e ali a revolta se iniciou. Sirgianes liderou um grande exército e marchou para capital, forçando o imperador a negociar.[9][10] Este, em 6 de junho de 1321, firmou um acordo no qual o império foi repartido. O jovem Andrônico III foi reconhecido como co-imperador e recebeu a Trácia para governar como um virtual apanágio pessoal. Ele montou sua corte em Adrianópolis enquanto Andrônico II continuava a governar da capital Constantinopla como imperador sênior.[1][11]
Sirgianes ficou insatisfeito com o novo tratado, se sentindo mal pago pelo seu apoio a Andrônico III. Ele também ressentia o grande apreço que Andrônico III demonstrava em relação a João Cantacuzeno, que se tornou então um grande rival. Além disso, os cronistas também relatam uma história na qual Andrônico III teria tentado seduzir a esposa de Sirgianes.[9][12] Assim, em dezembro de 1321, Sirgianes trocou de lado, fugindo para Constantinopla. Premiado com o pomposo título de mega-duque, ele convenceu Andrônico II a retomar as hostilidades contra o neto.[11][13] Em julho de 1322, porém, outro acordo foi firmado entre os dois Andrônicos, o que deixou Sirgianes numa posição delicada, pois seus esquemas e conspirações falharam, o que terminou levando-o à prisão perpétua na Prisão de Anemas.[2][14][15]
Governador na Macedônia, deserção e morte
[editar | editar código-fonte]Em 1328, Andrônico III finalmente derrubou o avô e se estabeleceu como único imperador. Sirgianes foi libertado e conseguiu recuperar as graças de Andrônico a ponto de, no final de 1329, receber o importante governo de Tessalônica, a segunda maior cidade do império, da Macedônia ocidental e da Albânia.[2][16] Lá, ele se tornou novamente suspeito de estar articulando contra Cantacuzeno, desta vez com a mãe do imperador, Maria. Ela vivia em Tessalônica e estava ali para vigiar Sirgianes, mas, ao invés disso, se apaixonou loucamente por ele, adotando-o como filho.[17] Após a morte da imperatriz-mãe no final de 1333, o plano foi descoberto, Sirgianes foi preso e levado a Constantinopla para enfrentar a acusação de alta traição. Porém, ele conseguiu escapar e fugiu para a corte do rei da Sérvia Estêvão Uresis IV.[2][18][19]
Estêvão colocou Sirgianes a frente de uma grande força sérvia, com a qual ele invadiu a Macedônia bizantina em 1334. As habilidades de Sirgianes como general, seu conhecimento das posições do exército bizantino e a amizade que ele mantinha com os oficiais locais bizantinos resultaram na rápida conquista de diversas cidades importantes na região, incluindo Ácrida, Prilepo, Estrúmica e Castória. A estrada estava agora aberta para o avanço em direção a Tessalônica, para onde o exército de Sirgianes marchou. Ele acampou defronte às muralhas da cidade para enfrentar uma força bizantina que correu para proteger a cidade. Ambos os lados permaneceram acampados por diversos dias, mas, em 23 de agosto de 1334, Sirgianes foi atraído para fora de seu acampamento com poucos soldados para protegê-lo e acabou sendo assassinado por Esfrantzes Paleólogo, um general bizantino que havia desertado de propósito para o campo sérvio dias antes.[12][20][21] Com a perda do principal líder militar, os sérvios concordaram com uma paz negociada com os bizantinos bastante favorável a eles, pois permitiu-lhes que mantivessem a posse da maioria das cidades conquistadas por Sirgianes na Macedônia setentrional.[22]
Análise
[editar | editar código-fonte]A ambição, a constante articulação e as múltiplas traições de Sirgianes fizeram dele uma das mais negras sombrias de sua época aos olhos tanto dos historiadores contemporâneos quanto posteriores: o historiador do século XIV Nicéforo Gregoras comparou sua fuga para a Sérvia com a de Temístocles para os persas, enquanto Donald Nicol o comparou com Alcibíades e Angeliki Laiou o chamou de "a mais maligna presença" da guerra civil.[5][20]
Ancestrais
[editar | editar código-fonte]Ancestrais de Sirgianes Paleólogo | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Notas
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Syrgiannes Palaiologos», especificamente desta versão.
- [a] ^ A linhagem de Sirgianes Paleólogo foi esquematizada a partir das informações contidas no livro Medieval Lands: Byzantium 395-1057 de Charles Cawley.[4][23][24]
Referências
- ↑ a b Norwich 1996, p. 277.
- ↑ a b c d Kazhdan 1991, p. 1997.
- ↑ a b Vásáry 2005, p. 120.
- ↑ a b Cawley 2011, SYRGIANNES.
- ↑ a b Laiou 1972, p. 288.
- ↑ Nicol 1996, p. 19–20.
- ↑ a b Fine 1994, p. 250.
- ↑ Nicol 1993, p. 155–156.
- ↑ a b Fine 1994, p. 251.
- ↑ Bartusis 1997, p. 87.
- ↑ a b Nicol 1993, p. 157.
- ↑ a b Vásáry 2005, p. 121.
- ↑ Norwich 1996, p. 278.
- ↑ Norwich 1996, p. 282.
- ↑ Nicol 1993, p. 158.
- ↑ Fine 1994, p. 287.
- ↑ Nicol 1996, p. 30.
- ↑ Norwich 1996, p. 283–284.
- ↑ Nicol 1993, p. 176–177.
- ↑ a b Nicol 1993, p. 177.
- ↑ Fine 1994, p. 287–288.
- ↑ Fine 1994, p. 288, 311.
- ↑ Cawley 2011, IOANNES Komnenos Angelos Kantakouzenos.
- ↑ Cawley 2011, Origins.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bartusis, Mark C. (1997). The Late Byzantine Army: Arms and Society 1204–1453 (em inglês). Filadélfia: University of Pennsylvania Press. ISBN 0-8122-1620-2
- Cawley, Charles (2011). «Byzantium 1261-1453». Foundation for Medieval Genealogy
- Fine, John Van Antwerp (1994). The Late Medieval Balkans: A Critical Survey from the Late Twelfth Century to the Ottoman Conquest (em inglês). Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press. ISBN 0-472-08260-4
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Laiou, Angeliki E. (1972). Constantinople and the Latins: The Foreign Policy of Andronicus II, 1282–1328 (em inglês). Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. ISBN 0-472-08260-4
- Nicol, Donald MacGillivray (1993). The Last Centuries of Byzantium, 1261–1453 (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-43991-4
- Nicol, Donald MacGillivray (1996). The Reluctant Emperor: A Biography of John Cantacuzene, Byzantine Emperor and Monk, c. 1295–1383 (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-52201-4
- Norwich, John Julius (1996). Byzantium: The Decline and Fall (em inglês). Nova Iorque: Alfred A. Knopf
- Vásáry, István (2005). Cumans and Tatars: Oriental Military in the Pre-Ottoman Balkans, 1185-1365 (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-83756-9
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