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SMS Don Juan d'Austria (1862)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
SMS Don Juan d'Austria
Operador Marinha Austríaca (1863–67)
Marinha Austro-Húngara (1867–73)
Fabricante Stabilimento Tecnico Triestino
Homônimo João da Áustria
Batimento de quilha outubro de 1861
Lançamento 26 de julho de 1862
Comissionamento 1863
Descomissionamento 1873
Destino Desmontado
Características gerais (como construído)
Tipo de navio Ironclad
Classe Kaiser Max
Deslocamento 3 646 t
Maquinário 1 motor a vapor
Comprimento 70,78 m
Boca 10 m
Calado 6,32 m
Propulsão 3 mastros a vela
1 hélice
- 1 900 cv (1 400 kW)
Velocidade 11 nós (20 km/h)
Autonomia 1 200 milhas náuticas a 10 nós
(2 200 km a 19 km/h)
Armamento 16 canhões de 48 libras
15 canhões de 24 libras
1 canhão de 12 libras
1 canhão de 6 libras
Blindagem Cinturão: 110 mm
Tripulação 386

O SMS Don Juan d'Austria foi um navio ironclad operado pela Marinha Austríaca e depois pela Marinha Austro-Húngara, a segunda embarcação da Classe Kaiser Max, depois do SMS Kaiser Max e seguido pelo SMS Prinz Eugen. Sua construção começou em outubro de 1861 na Stabilimento Tecnico Triestino e foi lançado ao mar em julho de 1862, sendo comissionado na frota no ano seguinte. Era armado com uma bateria de 31 canhões de diferentes tamanhos, tinha um deslocamento de mais de três mil toneladas e alcançava uma velocidade máxima de onze nós.

O Don Juan d'Austria participou em 1866 da Guerra Austro-Prussiana, sendo um dos membros da frota austríaca que enfrentou a frota italiana em julho na Batalha de Lissa. Nesta, ele enfrentou outros ironclads, mas não conseguiu infligir muitos danos e também não foi seriamente danificado. Passou por reformas depois da guerra a fim de melhorar sua navegabilidade e também recebeu um novo armamento, mas pouco fez pelo restante de sua carreira. O navio já estava obsoleto, deteriorado e com seu casco apodrecido em 1873, assim foi tirado de serviço e desmontado.

Características

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Ver artigo principal: Classe Kaiser Max (1862)

O Don Juan d'Austria tinha 70,78 metros de comprimento entre perpendiculares, uma boca de dez metros e um calado médio de 6,32 metros. Seu deslocamento era de 3 646 toneladas. Seu sistema de propulsão consistia em um motor a vapor horizontal de expansão única com dois cilindros que girava uma hélice. O número e tipo das caldeiras a carvão é desconhecido. Tinha uma potência indicada de 1,9 mil cavalos-vapor (1,4 mil quilowatts) para uma velocidade máxima de onze nós (vinte quilômetros por hora). Sua autonomia era de 1,2 mil milhas náuticas (2,2 mil quilômetros) a uma velocidade de dez nós (dezenove quilômetros por hora). Sua tripulação consistia em 386 oficiais e marinheiros.[1]

O armamento principal do Don Juan d'Austria era composto por dezesseis canhões antecarga de 48 libras e quinze canhões antecarga de 24 libras arranjados em uma bateria lateral. Também levava um canhão de doze libras e um de seis libras. Era protegido por um cinturão de blindagem feito de ferro forjado com 110 milímetros de espessura.[1]

Início de serviço

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O batimento de quilha do Don Juan d'Austria ocorreu em outubro de 1861 nos estaleiros da Stabilimento Tecnico Triestino em Trieste e foi lançado ao mar em 14 de março de 1862. Os trabalhos de equipagem foram finalizados no ano seguinte, quando foi comissionado na Marinha Austríaco. Logo foi descoberto que muita água respingava à vante no convés devido sua proa aberta, consequentemente o navio tinha uma navegabilidade ruim.[1] A Áustria entrou na Guerra dos Ducados do Elba em fevereiro de 1864 do lado da Prússia contra a Dinamarca. O Don Juan d'Austria junto com o navio de linha SMS Kaiser e duas embarcações menores sob o comando do vice-almirante barão Bernhard von Wüllerstorf-Urbair foram enviados para reforçar as fragatas Radetzkye SMS Schwarzenberg, comandadas pelo capitão de mar Wilhelm von Tegetthoff. Os dois grupos se encontraram em Den Helder, nos Países Baixos, prosseguindo para Cuxhaven em 27 de junho, chegando três dias depois. A frota dinamarquesa estava em inferioridade numérica e não procurou enfrentar a esquadra austro-prussiana em batalha. Em vez disso, as forças navais prussianas e austríacas deram suporte para operações de captura de ilhas no litoral ocidental dinamarquês.[2]

A Itália declarou guerra contra a Áustria em junho de 1866, iniciando a Terceira Guerra de Independência Italiana, parte da Guerra Austro-Prussiana.[3] Tegetthoff, nesta altura contra-almirante e comandante da frota, mobilizou seus navios. Eles começaram a receber tripulações completas e realizar treinamentos em Fasana. Tegetthoff levou sua frota para Ancona em 27 de junho em uma tentativa de atrair os italianos para uma batalha, mas o almirante Carlo Pellion di Persano, comandante italiano, se recusou.[4]

Batalha de Lissa

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Disposição das frotas austríaca e italiana no começo da Batalha de Lissa

A frota italiana deixou Ancona em 16 de julho e seguiu para a ilha de Lissa, onde chegou dois dias depois. Junto estavam navios de transporte de tropas com três mil soldados.[3] Os italianos passaram os dois dias seguintes bombardeando as defesas austríacas na ilha e fracassaram em uma tentativa de desembarque. Tegetthoff recebeu vários telegramas entre 17 e 19 de julho notificando-o do ataque, que ele inicialmente achou que era uma distração a fim de afastar a frota austríaca de suas principais bases em Pola e Veneza. Entretanto, Tegetthoff se convenceu na manhã do dia 19 que Lissa era de fato o objetivo italiano, assim pediu permissão para atacar. Os austríacos aproximaram-se na manhã de 20 de julho, com a frota italiana estando arrumada para uma nova tentativa de desembarque. Estes estavam divididos em três grupos, com apenas os dois primeiros conseguindo se concentrar em tempo. Tegetthoff arrumou seus ironclads em cunha, com o Don Juan d'Austria no flanco direito.[5]

Persano, enquanto colocava seus navios em formação, transferiu sua capitânia do ironclad Re d'Italia para o Affondatore. Isto criou um buraco na linha italiana e Tegetthoff aproveitou a oportunidade para dividir a frota italiana e criar um melê. Ele passou pelo buraco, mas não conseguiu abalroar navio algum, assim foi forçado a dar a volta e tentar de novo. O Don Juan d'Austria inicialmente tentou seguir o ironclad SMS Erzherzog Ferdinand Max, a capitânia de Tegetthoff, mas rapidamente perdeu contato no meio do combate. O navio foi cercado por ironclads italianos, fazendo seu irmão SMS Kaiser Max vir no auxílio. O Don Juan d'Austria em seguida enfrentou o Re di Portogallo durante meia-hora, trocando então de alvo para o Affondatore. Este acertou a embarcação austríaca com três projéteis em sua proa, mas causou poucos danos. O primeiro atravessou todo o navio sem explodir, o segundo acertou o cinturão de blindagem e não o penetro, já o terceiro acertou o tombadilho.[6]

O Re d'Italia afundou e a frota italiana começou a recuar, com o navio de defesa de costa Palestro em chamas tentando acompanhar, mas ele logo foi destruído por uma explosão interna de um depósito de munição. Persano encerrou a batalha e recusou montar um contra-ataque com suas forças desmoralizadas, mesmo ainda mantendo uma superioridade numérica. Além disso, seus navios estavam com pouco carvão e munições. O recuo dos italianos foi acompanhado pelos austríacos, mas Tegetthoff manteve uma certa distância para não colocar seu sucesso em risco. A batalha terminou por completo com o cair da noite, com os italianos seguindo para Ancona e os austríacos para Pola.[7]

Resto de carreira

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Tegetthoff, depois de voltar para Pola, manteve a frota no norte do Mar Adriático em patrulhas contra um possível ataque italiano. Isto nunca ocorreu e os dois países assinaram em 12 de agosto o Armistício de Cormons, encerrando as hostilidades e levando ao Tratado de Viena. Apesar da Áustria ter derrotado a Itália em Lissa e na Batalha de Custoza em terra, o Exército Austríaco foi derrotado decisivamente pela Prússia na Batalha de Königgrätz. Isto levou ao Compromisso de 1867 e o estabelecimento da Áustria-Hungria, que foi forçada a ceder Lombardo-Vêneto para a Itália.[8] As duas metades da monarquia dual tinham poder de veto sobre a outra, com o desinteresse húngaro em uma expansão naval levando a orçamentos seriamente reduzidos para a frota.[9] A maior parte da frota austríaca foi descomissionada e desarmada imediatamente depois do fim da guerra.[10]

A Marinha Austro-Húngara iniciou um modesto programa de modernização depois da guerra, concentrando-se no rearmamento dos ironclads com novos canhões.[11] O Don Juan d'Austria passou por reformas em 1867 a fim de corrigir sua navegabilidade, com sua proa sendo coberta e o navio rearmado com doze canhões antecarga de 178 milímetros e dois canhões de 76 milímetros. Ele estava obsoleto e com o casco apodrecido em 1873, assim foi decidido substituí-lo. O governo se recusou a conceder dinheiro para a construção de novos ironclads, mas projetos de "reconstrução" eram menos polêmicos e assim orçamento foi aprovado para que os três navios da Classe Kaiser Max fossem modernizados. Na realidade, o Don Juan d'Austria foi desmontado a partir de dezembro de 1873, com apenas alguns elementos como seu motor e placas de blindagem reciclados para serem usados no novo SMS Don Juan d'Austria, construído com o dinheiro para a reconstrução do antigo e nomeado com o mesmo nome para que a verdade fosse escondida.[12]

  1. a b c Sieche & Bilzer 1979, p. 268
  2. Greene & Massignani 1998, pp. 210–211
  3. a b Sondhaus 1994, p. 1
  4. Wilson 1896, pp. 216–218, 228
  5. Wilson 1896, pp. 221–225, 229–231
  6. Wilson 1896, pp. 232–235, 243
  7. Wilson 1896, pp. 238–241, 250
  8. Sondhaus 1994, pp. 1–3
  9. Sieche & Bilzer 1979, p. 267
  10. Sondhaus 1994, p. 8
  11. Sondhaus 1994, p. 10
  12. Sieche & Bilzer 1979, pp. 268, 270
  • Greene, Jack; Massignani, Alessandro (1998). Ironclads at War: The Origin and Development of the Armored Warship, 1854–1891. Pensilvânia: Da Capo Press. ISBN 978-0-938289-58-6 
  • Sieche, Erwin; Bilzer, Ferdinand (1979). «Austria-Hungary». In: Gardiner, Robert; Chesneau, Roger; Kolesnik, Eugene M. Conway's All the World's Fighting Ships: 1860–1905. Londres: Conway Maritime Press. ISBN 978-0-85177-133-5 
  • Sondhaus, Lawrence (1994). The Naval Policy of Austria-Hungary, 1867–1918: Navalism, Industrial Development, and the Politics of Dualism. West Lafayette: Purdue University Press. ISBN 978-1-55753-034-9 
  • Wilson, Herbert Wrigley (1896). Ironclads in Action: A Sketch of Naval Warfare from 1855 to 1895. Londres: S. Low, Marston and Company. OCLC 1111061