Saltar para o conteúdo

Ramal de Montemor

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ramal de Montemor
Info/Ferrovia

Ponte de Almansor, junto a Montemor-o-Novo.
Informações principais
Área de operação Concelho de Montemor-o-Novo, em Portugal
Tempo de operação 1909–1989
Interconexão Ferroviária L.ª Alentejo, em T. Gadanha
Especificações da ferrovia
Extensão 12,8 quilómetros
Bitola 1668 mm (Bitola Ibérica)
Ramal de Montemor
Unknown route-map component "exKBHFa"
88,0 Montemor-o-Novo
Transverse water Unknown route-map component "exhKRZWa" Transverse water
Pte Almansor × R. Almansor
Unknown route-map component "exhSKRZ-G2e"
Pte Almansor × EN1071
Unknown route-map component "exSKRZ-G2u"
× EN253
Unknown route-map component "exHST"
81,0 Paião
Unknown route-map component "exhKRZWae"
Unknown route-map component "xABZg l" Unknown route-map component "CONTfq"
Lª Alentejo→ Funcheira
Non-passenger station/depot on track
75,2 Torre da Gadanha(ant. Montemor)
Unknown route-map component "CONTgq" One way rightward
Lª AlentejoBarreiro

O Ramal de Montemor, também conhecido como Ramal de Montemor-o-Novo ou Linha de Montemor-o-Novo, foi um lanço ferroviário que ligava as estações de Torre da Gadanha e Montemor-o-Novo, em Portugal. Entrou ao serviço em 2 de Setembro de 1909[1], e foi encerrado em 1989.[2]

Traçado e obras de arte

[editar | editar código-fonte]

O Ramal unia a estação de Torre da Gadanha, na Linha do Alentejo, à cidade de Montemor-o-Novo, numa distância total de 12,815 km.[3] Tinha um apeadeiro, que servia a localidade de Paião. A maior infra-estrutura no Ramal era a Ponte de Almansor, que cruzava o curso de água com o mesmo nome junto à estação de Montemor-o-Novo.

Em 1972, existiam vários serviços ferroviários directos, com composições mistas, entre Montemor-o-Novo e o Barreiro, com transbordo fluvial até ao Terreiro do Paço, em Lisboa, e dois comboios diários do mesmo tipo entre Montemor-o-Novo e Torre da Gadanha.[nota 1] Em 1984, os serviços directos entre Torre da Gadanha e Montemor-o-Novo tinham já sido suprimidos, sendo apenas feitas duas ligações por dia, uma ascendente e outra descendente, entre Montemor-o-Novo e o Barreiro.[4]

Em 1897, o Barão de Matosinhos foi autorizado a construir várias linhas no sistema americano, com a via assente sobre estrada; uma destas linhas ligaria Sines à estação ferroviária de Casa Branca, seguindo a Estrada Distrital 179, a partir de Alcácer do Sal, com passagem por Pinheiro e por Montemor-o-Novo.[5]

Planeamento, construção e inauguração

[editar | editar código-fonte]

O financiamento para a construção deste caminho de ferro foi obtido de forma semelhante ao utilizado pelo Ramal do Montijo, ou seja, a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo obteve, ao abrigo de um decreto de 12 de Junho de 1907, a quantia de 170 000 $ para este projecto.[1] O ramal foi aberto em 2 de Setembro de 1909, tendo gerado no princípio um elevado rendimento, pelo que o empréstimo foi distratado por um decreto de 1 de Maio de 1911.[1]

Décadas de 1910 a 1930

[editar | editar código-fonte]

Em 1917, foram suprimidos vários comboios na rede do Sul e Sueste, incluindo no ramal de Montemor, devido à falta de carvão provocada pela Primeira Guerra Mundial.[6]

Em 30 de Maio de 1933, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses determinou a criação de carreiras de autocarros nos percursos dos ramais de Montemor, Seixal e Montijo, enquanto que o transporte de mercadorias seria feito por dois comboios diários.[7]

Declínio, encerramento e conversão em ecopista

[editar | editar código-fonte]

Em 1970, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses iniciou uma série de estudos sobre os seus eixos de tráfego mais reduzido, incluindo o Ramal de Montemor, de forma a decidir se compensava a manutenção dos comboios, recebendo indemnizações do estado.[8]

O Ramal foi encerrado em 1989.[2] Em Maio de 2005, já tinham sido retirados os carris e o balastro, e a vegetação já tinha parcialmente invadido o antigo canal da via, mas os edifícios do Apeadeiro de Paião e das Estações de Montemor-o-Novo e Torre da Gadanha ainda se encontravam em bom estado de conservação. Nesta altura, existia um projecto para a conversão do antigo canal ferroviário na Ecopista Montemor-o-Novo - Torre da Gadanha.[9]

Referências

  1. a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). Lisboa: Gazeta dos Caminhos de Ferro. p. 91-95. Consultado em 7 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  2. a b «Cronologia». Comboios de Portugal. Consultado em 7 de Agosto de 2019 
  3. «Direcção-Geral de Caminhos de Ferro: Relatório de 1931-1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1109). 1 de Março de 1934. p. 127-130. Consultado em 7 de Novembro de 2024 
  4. Caminhos de Ferro Portugueses (3 de Junho de 1984). «Horário de Verão 1984» (PDF). O Comboio em Portugal. p. 61. Consultado em 20 de Julho de 2010 
  5. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1186). Lisboa. 16 de Maio de 1937. p. 262. Consultado em 7 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  6. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 30 (700). 16 de Fevereiro de 1917. p. 62. Consultado em 7 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  7. MARTINS et al, 1996:259
  8. «El Problema de las Lineas Ferreas de Poco Trafico». Via Libre (em espanhol). Ano 7 (81). Madrid: Gabinete de Prensa y Difusión de RENFE. Setembro de 1970. p. 23 
  9. MACHADO, João Reis; et al. (Maio de 2005). «Estudo Ambiental e Caracterização das Vias Verdes da Região do Alentejo: Relatório Final - Volume III» (PDF). Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo. 18 páginas. Consultado em 20 de Julho de 2010. Arquivado do original (PDF) em 5 de junho de 2010 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre o Ramal de Montemor
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  1. Segundo os horários de 9 de Abril de 1972 da operadora Caminhos de Ferro Portugueses

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]