Prima materia
Prima materia, matéria prima ou primeira matéria (do latim, materia vem de mater, mãe, com o significado de fonte, origem[1]) é um conceito na filosofia e teologia sobre a matéria fundamental do universo, a partir da qual todas as substâncias teriam sido feitas. Na alquimia, é o material inicial onipresente necessário para o magnum opus alquímico e para a criação da pedra filosofal. Os alquimistas esotéricos descrevem a prima matéria usando símiles e a comparam com conceitos como a anima mundi.
História
[editar | editar código-fonte]Os gregos antigos buscavam uma arché e as raízes iniciais da ideia podem ser encontradas nos pré-socráticos, pelo ápeiron de Anaximandro, na água em Tales, fogo em Heráclito e na filosofia de Anaxágoras, que descreveu o nous em relação ao caos. A cosmogonia de Empédocles também é relevante.[2] O conceito de prima materia é às vezes atribuído a Aristóteles.[3] Cícero traduziu como materia a designação de ὕλη que Aristóteles dava a ἀρχαί e χώρα.[4]
Platão desenvolveu o conceito de khôra (Receptáculo) como terceiro tipo entre o mundo inteligível e o mundo sensível, descrevendo-o como espaço primordial receptivo dos seres, e que a desordem (caos) moldada pelo Demiurgo dá origem ao cosmos:[5][6]
Como afirmamos no começo, todas essas coisas estavam em estado de desordem, quando Deus implantou nelas proporções tanto em relação a si mesmas quanto em suas relações umas com as outras, na medida em que fosse possível para elas estarem em harmonia e proporção. Pois naquela época nada participava disso, salvo por acidente, nem havia qualquer coisa que merecesse ser chamada pelos nomes que agora usamos, como fogo e água. –Timeu, 69b[7]
Essa matéria está imersa na questão sobre Ser, não-ser e vir-a-ser entre os pré-socráticos,[8][9] e o receptáculo foi referido posteriormente por platonistas como matéria-prima, o que é visto por exemplo em Plutarco.[10] Aristóteles cita o Receptáculo de Platão, criticando a falta de elucidação do conceito e elaborando-o em Da Geração e da Corrupção:[5][11]
"o que Platão escreveu no Timeu não se baseia em nenhuma concepção articulada com precisão. Pois ele não afirmou claramente se o seu "Onirrecipiente" existe em separação dos elementos; nem faz ele uso disso." –Do Vir-a-ser e do Deixar-de-ser, 329a13-15[5]
Aristóteles havia tentado definir uma "prima materia" e citou frequentemente o termo prôtê hulê,[5] mas criticou esse nome por ser materialista demais, usando prôton hupokeimenon (coisa subjacente primordial) ou substrato da matéria, que não é um elemento, nem algo sensível ou perceptível, e que não varia na manifestação dos seres em devir.[8]
"Pois seu substrato, em qualquer momento específico, é o mesmo, mas seu ser não é o mesmo". –Do Vir-a-ser e do Deixar-de-ser, 319b4-5[8]
Matéria propriamente dita para ele era algo além dos componentes básicos das outras coisas materiais. Sem qualidades predicadas, define matéria (no caso, a primordial) como substrato último predicando toda substância:[12][5][8]
"Por "matéria" (hyle), quero dizer aquilo que em si não é chamado substância (ousia), nem quantidade, nem qualquer outra coisa pela qual o ser é categorizado. Pois é algo do qual cada uma dessas coisas é predicada, cujo ser é diferente de qualquer um dos outros predicados. Pois os outros são predicados de substância, mas a substância é predicada de matéria. Portanto, esta última não é em si nem substância, nem quantidade, nem nada mais. Nem é a negação de qualquer uma dessas; pois até negações pertencem a coisas acidentalmente." –Metafísica, 1029a20–26[5][12]
"A matéria, no sentido mais apropriado do termo, deve ser identificada com o substrato que é receptivo do vir-a-ser e deixar-de-ser; mas o substrato dos demais tipos de mudança também é, em certo sentido, matéria, porque todos esses substratos são receptivos a contrariedades de algum tipo." –Do Vir-a-ser e do Deixar-de-ser, 320a2-4[8]
"A natureza é matéria prima, e isso de duas maneiras: prima em relação à coisa ou prima em geral" –Metafísica, 1015a7–10[5]
Em seu hilemorfismo, matéria é potencialidade, interpretação que foi adotada por Agostinho de Hipona e Simplício e popularizada como o conceito que se refere à pura potencialidade, a qual recebe forma dos motores imóveis, que por sua vez seriam a pura forma sem matéria; isso foi adotado posteriormente pelos escolásticos.[5]
No estoicismo, o sistema da matéria do universo foi influenciado pelo dualismo em Timeu e por definições de Aristóteles e outros gregos anteriores, mas o conceito de matéria prima não qualificada passou a ser chamado de substância (ousia), sobre a qual agia a razão ou deus (logos): eram os dois princípios do universo.[13][14] A partir da ousia, passiva, era engendrada a matéria qualificada, com Deus por seu pneuma (sopro) "produzindo como um demiurgo cada coisa por toda a matéria" (Diógenes Laércio 7.134). Outros conceitos associados foram o da conflagração, equivalendo a substância prima ao fogo: "O mundo é gerado quando a substância é transformada do fogo pelo ar em umidade" (DL 7.142); e a analogia biológica de um deus imanente que atua na matéria: "Assim como o esperma é envolto no fluido seminal, também deus, que é a razão seminal do mundo, permanece por trás na umidade, tornando a matéria útil a si mesmo nos estágios sucessivos da criação" (DL 7.136). Essa doutrina foi segundo Zenão de Cítio, conforme relatado por Diógenes Laércio, Estobeu e Calcídio.[13] Crísipo identifica a qualidade primordial de "fogo" como sendo a luz.[13] Sêneca escreveu em uma de suas cartas:[15]
O universo deriva destas causas. Há um agente – a divindade; uma matéria-prima – a matéria propriamente dita; uma forma, que é a disposição ordenada do mundo tal qual o contemplamos; um modelo, que é a grandiosidade e beleza do universo tal como a divindade a concebeu e realizou; uma finalidade – o propósito da criação." –carta 65
Nas Metamorfoses de Ovídio encontra-se também uma descrição de matéria primordial:
Antes do mar, da terra e céu que tudo cobre,
a natureza tinha, em todo o orbe, um só rosto
a que chamaram Caos, massa rude e indigesta;
nada havia, a não ser o peso inerte e díspares
sementes mal dispostas de coisas sem nexo.[16]
A ampla influência da filosofia grega e helenística, com o platonismo, aristotelismo e estoicismo, repercutiu na teologia ocidental do judaísmo, cristianismo e islamismo, com discussões sobre o conceito de primeira matéria como matéria cósmica moldada por Deus, sobre se ela teria sido criada, seria coeterna ou não, e associando-a, por exemplo, às águas primordiais ou ao abismo/caos primordial de escrituras como o Gênesis hebraico.[17][15][18][19][20][21][22]
Na alquimia
[editar | editar código-fonte]Quando a alquimia se desenvolveu no Egito greco-romano sobre os fundamentos da filosofia grega, incluiu o conceito de prima materia como princípio central. Mary Anne Atwood usa palavras atribuídas a Arnaldo de Vilanova para descrever o papel da matéria prima na teoria fundamental da alquimia: "Que reside na natureza uma certa matéria pura, que, descoberta e trazida pela arte à perfeição, converte a si própria proporcionalmente todos os corpos imperfeitos em que toca."[24] Embora as descrições da prima materia tenham mudado ao longo da história, o conceito permaneceu central no pensamento alquímico.
Os autores alquímicos usaram símiles para descrever a natureza universal da matéria prima. Arthur Edward Waite afirma que todos os escritores alquímicos ocultaram seu "nome verdadeiro". Como a prima materia tem todas as qualidades e propriedades das coisas elementares, os nomes de todos os tipos de coisas foram atribuídos a ela.[25] Um relato semelhante pode ser encontrado no Theatrum Chemicum:
Eles compararam a "prima materia" a tudo, ao homem e à mulher, ao monstro hermafrodita, ao céu e à terra, ao corpo e ao espírito, ao caos, ao microcosmo e à massa confusa; contém em si todas as cores e potencialmente todos os metais; não há nada mais maravilhoso no mundo, pois ela se gera, concebe a si própria e dá a luz a si mesma.[26]
Comparações foram feitas com Hyle, o fogo primitivo, Proteu, Luz e Mercúrio.[27] Martin Ruland, o Jovem lista mais de cinquenta sinônimos para a prima materia em seu dicionário alquímico de 1612. Seu texto inclui justificativas para os nomes e comparações. Ele repete que "os filósofos têm admirado tanto a Criatura de Deus que é chamada de Matéria Primordial, especialmente em relação à sua eficácia e mistério, que lhe deram muitos nomes e quase todas as descrições possíveis, pois não sabiam como elogiá-la suficientemente."[28] Waite lista oitenta e quatro nomes adicionais.
Nomes designados à Prima Materia no dicionário alquímico de Ruland de 1612, Lexicon alchemiae sive dictionarium alchemistarum.[29]
|
Carl Gustav Jung considerava os termos e procedimentos alquímicos como símbolos da atividade psíquica. Ele relaciona a prima materia ao caos de elementos desordenados do inconsciente da mente humana, que precisa ser refinada e transformada:[30]
No entanto, ninguém nunca soube o que é essa matéria primordial. Os alquimistas não sabiam, e ninguém descobriu o que realmente significava isso, porque é uma substância no inconsciente que é necessária para a encarnação do deus.
Na física
[editar | editar código-fonte]No início da física moderna até o século XIX, os físicos ignoraram o conceito filosófico de uma matéria primordial inerte e buscaram mais as propriedades de ação de forças e as substâncias físicas, interessando-se por uma visão atomista nos cálculos e chegando a propor teorias do éter, mas sem se referirem a Aristóteles.[31] Isaac Newton rejeitava o conceito aristotélico de materia prima como algo sem qualidades, não individualizado e não determinado, ou não-ser; ele preferia o uso do termo extensão para descrever o espaço infinito, onde Deus daria forma à matéria conforme as capacidades de sua essência, e considerava o éter como meio de transmissão de forças à distância.[32] Leibniz, porém, levando em consideração sua formação filosófica, adotou o termo prima materia de matéria abstrata, perfeitamente fluida e infinitamente divisível como possível, associando-a ao éter e ao qi dos chineses, afirmando que ela seria a "massa contínua preenchendo o mundo ... a partir da qual todas as coisas são produzidas através do movimento e na qual se resolvem através do repouso."[33]
Com desenvolvimento da mecânica quântica e da teoria do campo quântico, o conceito aristotélico de potencialidade e matéria foi considerado por alguns físicos para se descrever a natureza das probabilidades das funções de ondas e do surgimento de forças e partículas. Werner Heisenberg entendia uma camada energética ao fundo das partículas ou "oscilador holhraum" como um tipo de matéria prima no sentido aristotélico.[34][35]
Outro físico que fez analogias com conceitos aristotélicos foi Wolfgang Smith:
Para esse fim, lembremos que todas as cosmogonias tradicionais vislumbram o cosmos de um substrato material primordial aludido através de uma variedade de formas simbólicas nas literaturas sagradas da humanidade, e mais tarde designadas por vários termos técnicos, do Prakriti vedântico à materia prima escolástica. Entre todas essas designações do substrato material, a que é de certa maneira mais diretamente pertinente à nossa pesquisa atual é o termo grego 'Caos', como lemos na Teogonia de Hesíodo: 'Em verdade, no início, o caos veio a ser'. O que primeiro 'veio a ser' pode, portanto, ser concebido como uma pletora de possibilidades guerreando: 'guerreando' por serem mutuamente incompatíveis no plano da manifestação. Um bloco de mármore contém inúmeras formas potencialmente; no entanto, apenas uma dessas formas pode ser atualizada pela arte do escultor.[36]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «matter | Origin and meaning of matter by Online Etymology Dictionary». www.etymonline.com (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2020
- ↑ Carl Jung. Psychology and Alchemy. Princeton University Press. 1953. p.325.
- ↑ King. «Aristotle without Prima Materia». Journal of the History of Ideas. 17: 370–389. JSTOR 2707550. doi:10.2307/2707550
- ↑ Detel, Wolfgang; Schramm, Matthias; Breidert, Wolfgang; Borsche, Tilman; Piepmeier, Rainer; Hucklenbroich, Peter. «Materie». In Ritter, Johann; Gründer, Karlfried; Gabriel, Gottfried. Historisches Wörterbuch der Philosophie online. Schwabe Online. Consultado em 19 de fevereiro de 2020
- ↑ a b c d e f g h Ainsworth, Thomas (2016). Zalta, Edward N., ed. «Form vs. Matter». Metaphysics Research Lab, Stanford University
- ↑ Brisson, Luc (1 de janeiro de 2016). «The Intellect and the cosmos». Méthodos (16). ISSN 1626-0600. doi:10.4000/methodos.4463
- ↑ «Plato, Timaeus, page 69». www.perseus.tufts.edu. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ a b c d e Kavanaugh, Leslie Jaye (2007). The Architectonic of Philosophy: Plato, Aristotle, Leibniz (em inglês). [S.l.]: Amsterdam University Press. ISBN 978-90-5629-416-8
- ↑ Dillon, Jonh. Plutarch as a Polemicist.
- ↑ Plutarco; Trad. Cherniss, Harold (1957). Moralia. Col: parte I. Volume XIII. [S.l.]: Cambridge Harvard University Press ; London : Heinemann. p. 184. Conferir nota c de Harold Cherniss na p. 184 e nota f na p. 217
- ↑ Claghorn, George S. (1954). «Aristotle's Criticism of the Receptacle». Dordrecht: Springer Netherlands: 5–19. ISBN 9789401181907
- ↑ a b Dahl, Norman O. (28 de agosto de 2019). Substance in Aristotle's Metaphysics Zeta (em inglês). [S.l.]: Springer Nature. ISBN 978-3-030-22161-4
- ↑ a b c Gourinat, Jean-Baptiste (24 de setembro de 2009). «The Stoics on Matter and Prime Matter: 'Corporealism' and the Imprint of Plato's Timaeus.». In: Salles, Ricardo. God and Cosmos in Stoicism (em inglês). [S.l.]: OUP Oxford. ISBN 978-0-19-160959-6
- ↑ Sedley, David. Matter in Hellenistic Philosophy.
- ↑ a b Costa, Ricardo da. (2010). A Verdade é a medida eterna das coisas: A divindade no Tratado da Obra dos Seis Dias, de Teodorico de Chartres. In: Zierer, Adriana (org.). Uma viagem pela Idade Média: estudos interdisciplinares. UFMA. p. 263-281. ISBN 978-85-86036-64-4.
- ↑ Ovídio. Metamorfoses. 1.5ff. Tradução de Carvalho, Raimundo Nonato Barbosa de. (2010). In Metamorfoses em Tradução.
- ↑ Töyrylä, Hannu (2000). «Slimy Stones and Philosophy: Some Interpretations of Tohu wa-bohu». Nordisk Judaistik • Scandinavian Jewish Studies. 21 (1-2)
- ↑ Pessin, Sarah (15 de dezembro de 2008). «Matter, Form, and the Corporeal World». Cambridge University Press: 267–301. ISBN 978-1-139-05595-6. In Nadler, Steven; Nadler, Steven M.; Rudavsky, Tamar; Rudavsky, T. M.; Kavka, Martin; Braiterman, Zachary; Novak, David (2009). The Cambridge History of Jewish Philosophy: From Antiquity Through the Seventeenth Century (em inglês).
- ↑ Reydams-Schils, Gretchen J. (1999). Demiurge and providence : Stoic and Platonist readings of Plato's Timaeus. [S.l.]: BREPOLS. ISBN 2-503-50656-9. OCLC 1063923666
- ↑ McGinnis, Jon (2007). «What Underlies the Change from Potentiality to Possibility? A Select History of the Theory Matter from Aristotle to Avicenna». Cadernos de História e Filosofia da Ciência. 3. 17 (2)
- ↑ Twetten, David (1 de janeiro de 2016). «11 Aristotelian Cosmology and Causality in Classical Arabic Philosophy and Its Greek Background». BRILL. ISBN 978-90-04-30602-8
- ↑ Telaranta, Mikko. (2012). Aristotelian Elements In the Thinking of Ibn al-‘Arabí and the Young Martin Heidegger. Universidade de Helsinki.
- ↑ Michael Maier. Atalanta Fugiens. 1617. Emblem 36. Translation Peter Branwin. http://www.levity.com/alchemy/atl35-40.html
- ↑ Mary Anne Atwood. A Suggestive Inquiry into Hermetic Mystery. 1918. p. 72
- ↑ Arthur Edward Waite. Notes in Martin Ruland. Lexicon alchemiae sive dictionarium alchemistarum. 1612. Retrieved March 19th, 2013 from http://www.rexresearch.com/rulandus/rulxm.htm
- ↑ Paul Kugler. The Alchemy of Discourse: Image, Sound and Psyche. Daimon, 2002. p.112
- ↑ Mary Anne Atwood. A Suggestive Inquiry into Hermetic Mystery. 1918.
- ↑ Martin Ruland. Lexicon alchemiae sive dictionarium alchemistarum. 1612. Retrieved March 19th, 2013 from http://www.rexresearch.com/rulandus/rulxm.htm
- ↑ Martin Ruland. Lexicon Alchemiae. 1661. https://books.google.com/books?id=NWJAAAAAcAAJ&source=gbs_navlinks_s
- ↑ Jung, C. G. (1995). Jung on Alchemy (em inglês). [S.l.]: Princeton University Press. ISBN 978-0-691-01097-7
- ↑ Suppes, Patrick (1974). «Aristotle's Concept of Matter and its Relation to Modern Concepts of Matter» (PDF). Synthese. 28
- ↑ McGuire, J. E. (6 de dezembro de 2012). «The Creation of Matter». In: Bechler, Z. Contemporary Newtonian Research (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 978-94-009-7715-0
- ↑ Leibniz, Gottfried. (1765). Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano. 637. In Liu, JeeLoo (19 de junho de 2017). Neo-Confucianism: Metaphysics, Mind, and Morality (em inglês). [S.l.]: John Wiley & Sons. ISBN 978-1-118-61941-4
- ↑ Heelan, Patrick A. (6 de dezembro de 2012). Quantum Mechanics and Objectivity: A Study of the Physical Philosophy of Werner Heisenberg (em inglês). [S.l.]: Springer. ISBN 978-94-015-0831-5
- ↑ Bitbol, Michael (6 de dezembro de 2012). Schrödinger’s Philosophy of Quantum Mechanics (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. ISBN 978-94-009-1772-9
- ↑ Smith, Wolfgang (1995). The Quantum Enigma. Hillsdale: Sophia Perennis. p. 121