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Piocianina

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A piocianina (PCN−) é uma das muitas toxinas produzidas e secretadas pela bactéria Gram negativa Pseudomona aeruginosa. A piocianina é um metabólito secundário azul com a capacidade de oxidar e reduzir outras moléculas[1] e, portanto, age como uma substancia toxica a organismos competidores de P. aeruginosa, também possui toxicidade a células pulmonares de mamíferos que a P. aeruginosa infecta durante a fibrose cística. Como a piocianina é um zwitterion no pH sanguíneo, é facilmente capaz de atravessar a membrana celular. Existem três estados diferentes em que a piocianina pode existir: oxidada, reduzida monovalentemente ou reduzida divalentemente. As mitocôndrias desempenham um papel importante no ciclo da piocianina entre seus estados redox. Devido às suas propriedades redox-ativas, a piocianina gera espécies reativas de oxigênio.

A piocianina é capaz de atingir uma ampla gama de componentes e vias celulares. As vias afetadas pela piocianina incluem a cadeia de transporte de elétrons, o transporte vesicular e o crescimento celular. Uma suscetibilidade aumentada à piocianina é observada em células com certas proteínas ou complexos mutantes. Mutações em genes que afetam a síntese e montagem da V-ATPase, [2] maquinário de transporte de vesículas e maquinário de classificação de proteínas conferem um aumento da sensibilidade à piocianina, o que aumenta ainda mais os efeitos sobre a fibrose cística no paciente. Vacuolar-ATPase em células de levedura é um alvo particularmente potente, pois é o principal produtor não mitocondrial de ATP, mas também tem inúmeras outras funções, como controle homeostático de cálcio, a facilitação da endocitose mediada por receptor e a degradação de proteínas. Portanto, a inativação da vacuolar-ATPase pelo peróxido de hidrogênio produzido pela piocianina tem enormes consequências para o pulmão. Além desses efeitos, outro alvo da piocianina são as proteases semelhantes à caspase 3, que podem então iniciar a apoptose e a necrose. Os portadores de elétrons mitocondriais ubiquinona e ácido nicotínico também são suscetíveis à piocianina.[3]O ciclo celular pode ser perturbado pela ação da piocianina e pode impedir a proliferação de linfócitos.[4] Isso é feito pela geração de intermediários reativos de oxigênio, como peróxido de hidrogênio e superóxido, que causam estresse oxidativo por danificar diretamente o DNA ou alvejar outros constituintes do ciclo celular, como a recombinação do DNA e a maquinaria de reparo. A piocianina contribui para a desproporção da atividade da protease e antiprotease ao desativar o inibidor da α1-protease.

  1. Hassan, H M; Fridovich, I (janeiro de 1980). «Mechanism of the antibiotic action pyocyanine». Journal of Bacteriology (em inglês) (1): 156–163. ISSN 0021-9193. doi:10.1128/jb.141.1.156-163.1980. Consultado em 5 de dezembro de 2021 
  2. Ho, M.N.; Hirata, R.; Umemoto, N.; Ohya, Y.; Takatsuki, A.; Stevens, T.H.; Anraku, Y. (agosto de 1993). «VMA13 encodes a 54-kDa vacuolar H( )-ATPase subunit required for activity but not assembly of the enzyme complex in Saccharomyces cerevisiae.». Journal of Biological Chemistry (em inglês) (24): 18286–18292. doi:10.1016/S0021-9258(17)46842-6. Consultado em 6 de dezembro de 2021 
  3. Hassett, D J; Woodruff, W A; Wozniak, D J; Vasil, M L; Cohen, M S; Ohman, D E (dezembro de 1993). «Cloning and characterization of the Pseudomonas aeruginosa sodA and sodB genes encoding manganese- and iron-cofactored superoxide dismutase: demonstration of increased manganese superoxide dismutase activity in alginate-producing bacteria». Journal of Bacteriology (em inglês) (23): 7658–7665. ISSN 0021-9193. PMC 206923Acessível livremente. PMID 8244935. doi:10.1128/jb.175.23.7658-7665.1993. Consultado em 6 de dezembro de 2021 
  4. Basic research and clinical aspects of Pseudomonas aeruginosa. G. Döring, Ian Alan Holder, K. Botzenhart. Basel: Karger. 1987. OCLC 16003900