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Pife brasileiro

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Zé do Pífano e o Pife do Nordeste brasileiro.

O pife Nordestino, mais conhecido regionalmente como pífano, é uma adaptação nativa, com influência indígena, das flautas populares europeias. Feita de taboca, taquara, caule de mamoeiro ou ossos[1] como as flautas indígenas, o pife Nordestino é utilizado pelos caboclos nordestinos para cerimônias religiosas e festas. Outros nomes para o pife são taboca e pífaro.

Povos indígenas do Brasil fabricavam, e ainda fabricam, flautas feitas com bambu taboca. É o caso do indígenas amondauas, cariris, guaranis e fulniôs. Uma curiosidade a ser ressaltada, é a de que os indígenas cambembas, de Alagoas, eram considerados incríveis tocadores de taboca.[carece de fontes?] O nome "cambembe" significa algo como "tocadores de flautas".[carece de fontes?] Outra curiosidade, é o fato de em outros países, como Bolívia, Peru e Uruguai, haver, em sua cultura musical, instrumentos de sopro idênticos aos pífanos brasileiro, porém com outros nomes.[carece de fontes?] E há também, em outros países, instrumentos senão iguais, muito parecidos, como as japonesas shinobue, nohkan e ryuteki, além do bansuri indiano.

Para João do Pife, pifeiro de Caruaru, "O som do pife veio da floresta. Veio do indígena e foi passando de geração em geração".[carece de fontes?]

O encarte do disco "Ninguém anda sozinho", de Chau do Pife, explica assim a origem: "A tradição do terno de pífanos em Alagoas remonta ao período colonial e tem origem no encontro com a "música de couro" dos africanos com as flautas indígenas. Os indígenas cambembes, que habitavam a região, eram considerados grandes tocadores de pife. O professor Alfredo Brandão ensina que 'cambembe' significa 'indígenas tocadores de taboca'".

Porém, assim como toda manifestação cultural do Brasil, a cultura do pife é resultado da influência de várias culturas. As flautas indígenas adaptaram-se à chegada da música europeia e passaram a ser feitas com os mesmos furos dos pífaros das bandas militares da Europa. Mais tarde, as bandas de pífanos do Brasil passaram a apresentar influência africana, adotando um som mais percussivo ainda.

Essas tradições foram absorvidas e adaptadas pelos homens do interior do Brasil para sua cultura e o pife tornou-se um instrumento comum, utilizado para animar toda e qualquer festividade, inclusive eventos sacros como novenas. As festas e a música feita por esse tipo de banda constitui, junto com outras manifestações, o embrião de gêneros musicais ligados ao forró.

É notável, porém, que a disposição dos furos do pife brasileiro veio dos pífaros da Europa medieval. Uniformizando no território brasileiro a técnica de se fazer flautas populares.

Bandas de pífanos

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São conhecidas também, dependendo da região, como carapeba, terno de pífanos, cabaçal ou esquenta-muié. Tais bandas são uma marca da cultura nordestina, sendo representadas nas artes figurativas típicas e nas xilogravural de cordel. A tradição também se encontra fora do nordeste, como no estado de Goiás, onde as bandas são chamadas de banda de couros.

A formação mais comum utiliza zabumba, caixa (ou caixa de guerra ou tarol), prato e dois pifes (comumente tocados em terças. Esse intervalo parece ser mais uma herança indígena, visto que ocorre também a distância tonal de terças nas vozes na música caipira e em outros países como Paraguai e México).

Nas típicas bandas de pífanos nenhum instrumento encarrega-se da harmonia. Permanecendo apenas a melodia e o ritmo, criando uma sonoridade exótica.

Utiliza-se também a formação típica do forró pé-de-serra: sanfona, triângulo, zabumba e pife. Em algumas regiões, também marca presença a tradicional rabeca.

Os pifeiros mais famosos são: Zabé da Loca (PB), João do Pife & Banda Dois Irmãos, Zé do Pífano (PE), Banda de Pífanos de Caruaru, Chau do Pife (AL), João do Pife de Arapiraca (AL)[2] e Alfredo Miranda de Viçosa do Ceará, CE, Anderson do Pife de Caruaru ( PE).

O interesse pelo belo e exótico som vêm crescendo. O renomado multi-instrumentista Carlos Malta modernizou as bandas de pífanos com seu trabalho "Pife Muderno" e o tradicional pifeiro João do Pife, apesar de pouco comentado na mídia, já esteve em 27 países. Muitos artesãos utilizam também canos de pvc e alumínio para fazer pífanos.

Ligações externas

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  1. Silva, Leonardo Araujo da (2020). «O pífano nordestino como instrumento de musicalização no ensino fundamental». Wamon - Revista dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas (2): 91–102. ISSN 2446-8371. doi:10.29327/229184.5.2-7. Consultado em 25 de fevereiro de 2024 
  2. «Cinco grandes artistas de Arapiraca que talvez você não conheça direito». Prefeitura de Arapiraca. 11 de outubro de 2017. Consultado em 25 de fevereiro de 2024