Neusa Santos Souza
Neusa Santos Souza | |
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Nascimento | 1948 Salvador |
Morte | 2008 (59–60 anos) Rio de Janeiro |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | escritora, psiquiatra, psicanalista, filósofa |
Neusa Santos Souza (Cachoeira, 1948 ou 1951[1]- Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2008) foi uma psiquiatra, psicanalista e escritora brasileira. Sua obra é referência sobre os aspectos sociológicos e psicanalíticos da negritude[2]. inaugurando o debate contemporâneo e analítico sobre o racismo no Brasil[3].
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascida em Cachoeira, Bahia, formou-se em medicina pela Universidade Federal da Bahia e tornou-se psiquiatra e psicanalista de orientação lacaniana. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro onde adquiriu o título de Mestre em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, conviveu com intelectuais e deu importante contribuição na luta contra a discriminação racial.
Sua dissertação de mestrado deu origem à obra Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social, considerado um marco da psicologia preta no Brasil.[4] O livro, a despeito do intento da autora, recebeu nova edição em 2020.[5] Contribuiu também com artigos sobre a psicose e a psicanálise lacaniana.
Trabalhou no Núcleo de Atendimento Terapêutico - NAT, no Centro Psiquiátrico Pedro II, atual IMAS Nise da Silveira, Casa Verde Núcleo de Assistência em Saúde Mental que também funciona como hospital-Dia e atendimentos psicoterapêuticos, onde organizou diversos seminários. Escrevia para jornais e periódicos, frequentemente no Correio da Baixada[6].
Em reconhecimento as suas contribuições, foi criado, em 2015, no curso de psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, o Coletivo de Estudantes Neusa Souza; o volume quatro da importante coleção Sankofa, é dedicado à sua memória. É saudada pelo Conselho Federal de Psicologia que, após pressão dos movimentos negros, lançou um guia de referências técnicas[3] para a atuação dos psicólogos, sobre relações raciais.
Por ocasião de sua morte, em 2008, a Fundação Palmares louvou, em nota, sua contribuição para o estudo das relações raciais, considerando a obra da autora como "primeira referência sobre a questão racial na psicologia".[7]
A produção acadêmica de Neusa Santos é referência para o pensamento da psicologia brasileira sobre relações étnico raciais, sobre o processo de "branqueamento" e o sofrimento psíquico dos negros na sociedade brasileira. Seu nome é homenageado no Rio de Janeiro, com o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) II Neusa Santos Souza.
Obras
[editar | editar código-fonte]- Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social (1983)[8]
- A psicose: um estudo lacaniano (1991)[9]
- O objeto da angústia (2005)[10]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Escrevivências das memórias de Neusa Santos Souza: apagamentos e lembranças negras nas práticas psis[11]
- Entrevista ao Programa Espelho no Canal Brasil[12]
- Racismo: Por que se matou a psicanalista negra que fazia sucesso no Rio?[13]
- A Psicologia Preta e a saúde mental dos negros no Brasil[14]
- Vida e obra de Neusa Santos[15]
Referências
- ↑ ANDRADE, E. «Neusa Santos Souza». Enciclopédia Mulheres Negras da Filosofia. Consultado em 15 out 2023
- ↑ SANTOS, D. T. R. dos. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
- ↑ a b CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Relações Raciais: referências para atuação de psicólogas/os. Brasília: CFP, 2017.
- ↑ VEIGA, L. M. Descolonizando a psicologia: notas para uma Psicologia Preta. Fractal Revista de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 31, n. esp., 2019.
- ↑ «Análise: 'Tornar-se Negro' mostra o horror do racismo pelo caminho da psicanálise». Folha de S.Paulo. 4 de janeiro de 2022. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Herkenhoff, Alfredo (5 ago 2016). «Racismo: Por que se matou a psicanalista negra que fazia sucesso no Rio?». Gledes. Consultado em 14 out 2023
- ↑ Fundação Palmares. Disponível em: http://www.palmares.gov.br/?p=3166. Consultado em 26 de junho de 2020.
- ↑ SOUZA, N. S. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Rio de Janeiro: LeBooks, 2019.
- ↑ SOUZA, N. S. A psicose: um estudo lacaniano. Revinter, 1999.
- ↑ HANNA, M. S. G. F.; SOUZA, N. S. O objeto da angústia. 7 Letras, 2005.
- ↑ PENNA, W. P. Escrevivências das memórias de Neusa Santos Souza: apagamentos e lembranças negras nas práticas psis. Niterói: UFF, 2019.
- ↑ SOUZA, N. S. Trilogia da Mente. Programa Espelho. Entrevista concedida a Lázaro Ramos e Sandra Almada. Rio de Janeiro: Canal Brasil, 2008. Programa de TV. Transmitido em: 4 ago. 2008.
- ↑ Racismo: Por que se matou a psicanalista negra que fazia sucesso no Rio? Disponível em https://arquivo.correiodobrasil.com.br/racismo-por-que-se-matou-a-psicanalista-negra-que-fazia-sucesso-no-rio/146432/. Consultado em 26 de junho de 2020.
- ↑ André Bernardo (25 de novembro de 2019). «A Psicologia Preta e a saúde mental dos negros no Brasil». Saúde Abril. Consultado em 26 de junho de 2020.
- ↑ Vida e obra de Neusa Santos. Disponível em http://www.tiagocabral.com/2020/06/vida-e-obra-de-neusa-santos.html?m=1. Consultado em 26 de junho de 2020.