Monumento 1 de Las Limas
O monumento 1 de Las Limas é uma figura esculpida em pedra verde representando um jovem que segura um jaguar-homem bebé de aspecto flácido. A estátua tem 55 cm de altura, 42 cm de largura e pesa uns estimados 60 kg. Foi esculpida provavelmente durante o período formativo médio, entre 1000 e 600 a.C.[1] Encontrada no estado mexicano de Veracruz, na área nuclear olmeca, esta estátua é famosa pelas suas representações gravadas de seres sobrenaturais olmecas e é considerada por alguns a pedra de Roseta da religião olmeca.[2] É também conhecida pelas designações "figura de Las Limas" e "Señor de Las Limas".
Interpretação
[editar | editar código-fonte]As esculturas de figuras com as cabeças ornadas e segurando nos braços jaguares-homens bebés aparecem frequentemente no registo arqueológico olmeca, em especial nos tronos de tampo de mesa incluindo o monumento 20 de San Lorenzo, o altar 2 de La Venta e, o mais famoso, altar 5 de La Venta.
O que estas esculturas simbolizavam para os olmecas é ainda pouco claro. Alguns investigadores, ao verem a gruta que rodeia a figura do altar 5 e outras representações de cavernas, crêem que estas esculturas estão relacionadas com mitos de viagens espirituais ou das origens do Homem. Dada a representação flácida do jaguar-homem bebé, outros investigadores viram aqui uma indicação de sacrifícios de crianças.[1]
Incisões
[editar | editar código-fonte]As caras de quatro seres sobrenaturais encontram-se gravadas nos ombros e tíbias do monumento 1. Outras incisões semelhantes a tatuagens, mas mais abstractas, cobrem a cara do jovem em redor da boca e em faixas ao longo da cara.
Os quatro seres sobrenaturais mostram vários motivos olmecas comuns, em particular a incisão na cabeça.
A hipótese de Las Limas
[editar | editar código-fonte]A iconografia do monumento 1 levou o reconhecido estudioso olmeca Michael D. Coe a desenvolver a "hipótese de Las Limas". Coe crê que os quatro sobrenaturais, juntamente com o jaguar-homem bebé, são representativos do panteão olmeca.[3] Um estudante de Coe, Peter Joralemon, adicionou outras três deidades às cinco na sua largamente citada publicação de 1971 sobre a iconografia olmeca.[4]
História
[editar | editar código-fonte]A estátua foi descoberta em 1965 próximo de Jesús Carranza, Veracruz, por duas crianças locais, Rosa e Severiano Paschal Manuel. Escavada e levada para sua casa, foi declarada "La Virgen de Las Limas" e colocada no seu próprio altar. Rumores sobre a descoberta chegaram aos ouvidos dos arqueólogos em Xalapa. Após a promessa de manterem a estátua em exposição - bem como a de construírem uma escola local - os arqueólogos transferiram a escultura para o Museu de Antropologia de Xalapa.[5]
Cinco anos mais tarde, em Outubro de 1970, a estátua foi roubada do museu, para ser mais tarde encontrada num quarto de motel em San Antonio, Texas, aparentemente demasiado famosa para ser vendida no mercado negro.[6]
Encontra-se actualmente em exposição no Museu de Antropologia de Xalapa.
Notas
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- Coe, Michael D. (1968) Discovering the Olmec, American Heritage.
- "The Antiquities Market", in Journal of Field Archaeology, Vol. 1, No. 1/2 (1974), pp. 215-224.
- (em castelhano) López Navarro, Raúl, "El Señor de las Limas", Actualidades Arqueológicas, Número 10 Enero-Febrero 1997.
- Joralemon, Peter David (1971) "A Study in Olmec Iconography", in Studies in Pre-Columbian Art and Archaeology No. 7, Dumbarton Oaks, Washington, D.C.
- Pool, Christopher (2007) Olmec Archaeology and Early Mesoamerica, Cambridge University Press, UK.
- Reilly, F. Kent (1995) "Olmec-style Iconography", Foundation for the Advancement of Mesoamerican Studies, Inc., accessed March 2007.