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Minas romanas de Tresminas

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Minas romanas de Tresminas
Minas romanas de Tresminas
Galeria de Tresminas
Informações gerais
Nomes alternativos Três Minas
Tipo Mina
Engenheiro Sétima Legião (legio VII gemina)
Início da construção 20 a.C.
Fim da construção 200
Função inicial Mina de Ouro
Função atual Centro de interpretação
Website http://www.tresminas.com
Património de Portugal
Classificação  Monumento Nacional
Ano 2024
DGPC 74605
SIPA 5978
Geografia
País Portugal
Cidade Vila Pouco de Aguiar
Coordenadas 41° 29′ 45,17″ N, 7° 31′ 27,03″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

As Minas romanas de Tresminas são antigas minas de ouro romanas na freguesia de Tresminas que lhe deu o nome,[nota 1] no município de Vila Pouca de Aguiar.[2]

O sítio arqueológico encontra-se na Serra da Padrela e cobre uma área total de cerca de dois quilómetros quadrados. A extração da maior parte da rocha, que também continha prata e chumbo, foi feita a céu aberto. As minas ficaram inalteradas desde o fim da mineração, no tempo do imperador Sétimo Severo e são por isso um importante testemunho arqueológico para o estudo da tecnologia de mineração romana, o que lhes valeu a classificação como Imóvel de Interesse Público desde 1997[2]. Em 2024 foram reclassificadas como Monumento Nacional[3].


A exploração das minas aparentemente começou logo após a conquista por Augusto, que também tinha como objetivo obter o controlo das jazigas de ouro do Noroeste da Península Ibérica e foi intensamente explorada até por volta de 193-211 d.C.[2]

Não há informações confiáveis sobre a quantidade de ouro extraída, mas segundo uma estimativa feita por Wahl,[4] calcula-se um volume da ordem de 15 a 20 milhões de toneladas de rocha e minério extraídos apenas das grandes cortas de Tresminas, efetuada ao longo de 150 anos e uma produção em ouro de cerca de 15 000 a 20 000 kg. O que dá uma produção anual de cerca de 100 a 130 kg de ouro, para além de uma considerável produção de prata (numa proporção de 1/10 no contexto do minério bruto).

A exploração foi feita a céu aberto, através de três trincheiras (ou cortas), com a configuração de desfiladeiro. Os três locais de extração são:

  • Corta de Covas, com um comprimento de 430 m e uma profundidade aproximativa, devido à erosão, de 60 m.
Corta de Covas
  • Corta da Ribeirinha, com um comprimento de cerca de 370 m e uma profundidade de mais de 100 m.
  • Corta dos Laginhos, com um comprimento de cerca de 100 m e uma profundidade de 9 m.

Para explorar as secções mais profundas dos jazigos e para a drenagem das águas, abriram-se cinco galerias perpendiculares as cortas. A mais comprida é a galeria do Pilar de 300 m, que dá acesso a Corta de Covas. No chão, vê-se sulcos profundos causados pelas rodas dos carros de bois. As outras galerias são a do Texugo de 80 m, dos Alargamentos, com 150 m, dos Morcegos de 150 m, e enfim a galeria do Buraco Seco, de 90 m. Junto à zona de extração existem áreas residenciais (cuja escavação, permitiu identificar cerâmica e moedas do primeiro terço do séc. 1 d.C.) e quatro zonas de preparação do minério (com vestígios de moinhos de quatro pilões para a trituração), bem como um vasto depósito de água, com um raio de cerca de 30 m. Para explorar o minério era preciso uma enorme quantia de água que era fornecida por varias barragens e um aqueduto. Encontra-se também na imediações uma estrutura com um muro em terra batida, possivelmente um pequeno anfiteatro, de construção em madeira e terra. Todas essas obras de engenharia foram realizadas pela sétima legião que permaneceu em parte estacionada no local[2].

Almofariz de granito dum engenho hidráulico de Tresminas para a trituração.
  • ALARCÃO, Jorge Manuel N. L., A produção e a circulação dos produtos, Nova História de Portugal, Lisboa, 1990
  • RODRÍGUEZ COLMENERO, António, AIRES, Firmino, ALCORTA, Enrique, Aqvae Flaviae I. Fontes Epigráficas da Gallaecia Meridional Interior, Chaves, 1997
  • CARDOZO, Mário, A propósito da lavra do ouro na província de Trás-os-Montes durante a época romana, Revista de Guimarães nº 64, Guimarães, 1954
  • MARTINS, João Baptista, Breves Notas sobre a região do Alto Tâmega, Chaves, 1984
  • LOPO, Albino dos Santos Pereira, Apontamentos Arqueológicos, Braga, 1987
  • WAHL, Jurgen, Aspectos tecnológicos da indústria mineira e metalúrgica romana de Três Minas e Campo de Jales (Concelho de Vila Pouca de Aguiar), Actas do Seminário Museologia e Arqueologia Mineiras, Lisboa, 1998
  • WAHL, Jurgen, Resultados das pesquisas arqueológicas, efectuadas de 4/8 a 10/11/86, na zona das minas de ouro romanas de Três Minas (conc. Vila Pouca de Aguiar, distr. Vila Real), Vila Pouca de Aguiar, 1986
  • ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Aspectos da mineração romana de ouro em Jales e Trêsminas (Trás-os-Montes), 12º Congreso Nacional de Arqueologia de 1971, Zaragoza, 1973.
  1. ...este topónimo que em documentos medievais aparece com a forma do patronímico Trarzsmíres ou Transmiríz, parece ser derivado do nome pessoal germânico latinizado Transmirus[1]

Referências

  1. CARDOZO, Mário, A propósito da lavra do ouro na província de Trás-os-Montes durante a época romana, Revista de Guimarães nº 64, Guimarães, 1954
  2. a b c d Direção-Geral do Património Cultural (ed.). «Minas Romanas de Tresminas». Consultado em 15 de dezembro 2021 
  3. Diário da República (4 de Novembro de 2024). «Decreto n.º 6/2024, de 4 de novembro». https://diariodarepublica.pt/. Consultado em 5 de Novembro de 2024 
  4. WAHL, Jurgen, Aspectos tecnológicos da indústria mineira e metalúrgica romana de Três Minas e Campo de Jales, Actas do Seminário Museologia e Arqueología Mineiras, 57-68, IGM, 1998 Lisboa.

Ligações externas

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