Massacre de Alindao em 2018
Massacre de Alindao de 2018 ocorreu em 15 de novembro de 2018 quando pelo menos 112 pessoas, incluindo 19 crianças, 44 mulheres e 49 homens, foram mortos em ataques a campos de refugiados em Alindao. Pelo menos 27 pessoas ficaram feridas, incluindo quatro crianças.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Em 14 de novembro, seis supostos combatentes anti-balakas mataram um agricultor muçulmano de cinquenta anos a 1 km de Alindao. Na manhã seguinte, dois anti-balakas suspeitados mataram duas pessoas dirigindo uma motocicleta. Os membros da comunidade muçulmana em Alindao acusaram a população cristã da cidade, incluindo moradores de campos de deslocados internos, de fornecer apoio aos combatentes anti-balakas.[1]
Eventos
[editar | editar código-fonte]Massacre
[editar | editar código-fonte]Em 15 de novembro, por volta das 8h, muçulmanos locais, apoiados por combatentes armados da União para a Paz na República Centro-Africana (UPC), começaram a entrar das instalações dos deslocados internos pelo noroeste, principalmente a pé e com veículos. Entre 200 e 400 atacantes armados incluíam, além de combatentes da União para a Paz na República Centro-Africana, uma milícia local chamada "mujahedin", composta pela juventude muçulmana de Alindao. Cerca de 12 combatentes anti-balakas armados com armas de fogo caseiras conseguiram resistir ao ataque até que ficaram sem munição e foram forçadas a se retirar às 10:00 horas, permitindo que os atacantes invadissem o acampamento.[1]
No início do ataque, 35 soldados da MINUSCA estavam presentes no local da base localizada no centro do acampamento, bem como em quatro postos avançados de segurança.[1] No entanto, eles não enfrentaram os atacantes e simplesmente se retiraram para sua base.[2]
A primeira onda de atacantes consistindo principalmente de combatentes da União para a Paz na República Centro-Africana começou a disparar indiscriminadamente com rifles de assalto contra civis. O segundo grupo, composto por civis muçulmanos, começou a saquear as propriedades das pessoas deslocadas, bem como as propriedades das ONGs locais e da igreja. No final da tarde, uma terceira onda de atacantes, composta por combatentes da União para a Paz na República Centro-Africana de Bokolobo, incendiou o acampamento. Às 16:00, os atacantes se retiraram do acampamento, permitindo que os combatentes anti-balakas retornassem e saquearam os itens restantes do local.[1]
Dois padres católicos, Prospère Blaise Mada e Célestin Ngoumbango foram assassinados. Embora não se saiba se eles foram alvejados intencionalmente, estavam usando batina enquanto foram mortos.[2]
Em 16 e 17 de novembro, trabalhadores da Cruz Vermelha da República Centro-Africana enterraram 68 corpos em 20 valas comuns e duas valas individuais menores.[1]
Roubo
[editar | editar código-fonte]Durante o massacre, os atacantes saquearam pertences privados e da igreja e destruíram ou roubaram ajuda humanitária, incluindo comida, dinheiro, veículos, equipamentos e registros escritos de instituições educacionais, humanitárias e médicas. Vários prédios de alvenaria foram destruídos ou vandalizados, incluindo parte do catedral e pelo menos metade das instalações dos deslocados internos. Alguns dos atacantes posteriormente transportaram os bens saqueados usando veículos.[1]
Deslocamento
[editar | editar código-fonte]Quase toda a população do campo de 17.732 pessoas foi forçada a fugir para a base local da MINUSCA e para o matagal ao redor de Alindao, onde tiveram que permanecer por vários dias sofrendo de fome, sede e falta de abrigo e assistência médica. A maioria das pessoas retornou ao campo e começou a reconstruir suas casas após o aumento da presença de forças de paz da MINUSCA.[1]
Ataques a locais religiosos e humanitários
[editar | editar código-fonte]Durante os ataques, pelo menos seis ONGs e uma agência da ONU foram alvejadas. Os atacantes os acusaram de apoiar os anti-balakas e favorecer os moradores cristãos. Também roubaram pelo menos dois veículos de ONGs, além de três motocicletas. Os combatentes da União para a Paz na República Centro-Africana alertaram o pessoal da ONG local para não prestar assistência médica às pessoas feridas.[1]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Em 21 de dezembro de 2021, o general da União para a Paz na República Centro-Africana Idriss Ibrahim Khalil, também conhecido como "Bin Laden", e o general anti-balaka Dago, responsáveis pelo massacre, se renderam ao governo em Alindao. Entretanto, ainda não foram acusados ou presos por seus crimes.[3]
Outro general da União para a Paz na República Centro-Africana que teria sido responsável pelo massacre, Hassan Bouba, foi nomeado ministro da pecuária no governo de Faustin-Archange Touadéra. Embora fosse preso em novembro de 2021, foi libertado pouco depois.[4]
Referências
- ↑ a b c d e f g h «Attack on the Displaced Persons' Camp in Alindao, Basse-Kotto Prefecture, on 15 November 2018: Breaches of International Humanitarian Law and Atrocity Crimes Committed by the UPC and anti-Balaka associated militias» (PDF). MINUSCA
- ↑ a b «CAR: Up to 100 civilians shot and burnt alive as UN peacekeepers leave posts in Alindao». Amnesty International. 14 de dezembro de 2018
- ↑ «RCA : les victimes d'Alindao exigent l'arrestation du général des Anti-Balaka Dago et le général de l'UPC Idriss Ibrahim Khalil alias Ben Laden et leur traduction devant la justice». CorbeauNews. 26 de dezembro de 2021
- ↑ «Release of war crimes suspect an assault on justice in CAR, says special court». Journalists for Justice. 27 de novembro de 2021
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «2018 Alindao massacre».