Lémavos
Os Lémavos (latim: Lemavi) eram um povo celta galaico, pertencente ao convento lucense, cujo território pode reduzir-se à atual comarca de Terra de Lemos, no sul da província de Lugo, Galiza.
Étimo
[editar | editar código-fonte]O nome dos lemavi, tem-se posto em paralelo com dos lemovices galos, e, segundo Grohler e Holder, ambos estariam ligados a uma raiz céltica *limos / *lemos "ulmeiro".
Outros autores situam-no em relação à raiz indo-europeia Lim-, Lem-, Lym-, que teria que ver com zonas pantanosas ou lagoas[1]. É um topónimo étnico[nota 1]; Lemavi significariam portanto "os habitantes do lugar argiloso".[2]
Cultura
[editar | editar código-fonte]Os lémavos pertenciam à conhecida como cultura castreja, cultura pré-romana com traços célticos, caracterizada entre outras coisas pela construção de núcleos chamados castros, por traços artísticos comuns, adoração aos fenómenos naturais e de deidades pan-célticas como o Deus Lugo.[2]
Recrutamento militar
[editar | editar código-fonte]Os lémavos colaboraram com o exército romano, pois sabe-se que formaram a Ala I Lemavorum e a Cohors I Lemavorum civium romanorum (Coorte de Cidadãos romanos Lémavos), uma coorte que lutou ao serviço do exército romano.[2][3]
Fontes Primárias
[editar | editar código-fonte]Os lémavos são citados por Plínio, em Naturalis Historia, IV.112, e por Cláudio Ptolomeu, Geographia, II.6.25, quem identificou Dactonium como a sua capital.
Dactonium é citado também como uma etapa nas Tábuas de barro de Astorga.
Certos textos mencionariam que Plínio, o Velho diria no seu Naturalis Historia, em III.28, "Dactonium, quod dicitur "Pinus"", que leva alguns historiadores a crer que talvez seja em Mosteiro de São Vicente do Pino, castelo dos condes de Lemos. No entanto, outros contextam esta tradução do texto como "corrompida".[2] Durante 2007, escavações no sopé do monte deixaram ao descoberto restos de um castro e vários vestígios pré-romanos, o que alguns declaram vir a reforçar a teoria que ali se situaria o assentamento dos lémavos.
Referências
- ↑ Os lemavi a través das fontes literarias e epigráficas, páx. 136.
- ↑ a b c d ESTEVES, Higino Martins (2008). As Tribos Calaicas - Proto-História da Galiza à Luz dos Dados Linguísticos (PDF). Barcelona: San Cugat del Vallès : Edições da Galiza. p. 82. 264 páginas. ISBN 978-84-936218-0-3
- ↑ Spaul, John E. H.; Cichorius, Conrad (1994). ALA 2: the auxiliary cavalry units of the pre-diocletianic imperial Roman army. Andover: Nectoreca Press
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Esteves, Higino M., As Tribos Calaicas, San Cugat del Vallès, Barcelona : Edições da Galiza, 2008
- Cuevillas, Florentino L., Prehistoria, in Otero Pedrayo, Ramón, Historia de Galiza, t. I., reimpresión Akal. Madrid. 1980.
- Moralejo Lasso, Abelardo, Toponimia gallega y leonesa. Pico Sacro. Santiago de Compostela. 1977.
- Delgado Borrajo, Montserrat e Grande Rodríguez, Manuel; Os lemavi a través das fontes literarias e epigráficas (2008), pp. 133–162. Minius, Revista do Departamento de Historia, Arte e Xeografía. Universidade de Vigo. Nº XVI.
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Como por exemplo Valdeorras (que vem de Vale dos Gigurros), Trives (referente aos <Tíburos), Céltigos, Postmarcos (Prestamáricos), Tamagos (Tamaganos), e várias dúzias mais do Noroeste da península.