Jardins Licinianos
Jardins Licinianos | |
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O chamado "Dioniso dos Jardins Licinianos", hoje nos Museus Capitolinos, em Roma. | |
Localização | |
Informações gerais | |
Tipo | Jardim |
Construção | Século I a.C. |
Geografia | |
País | Itália |
Cidade | Roma |
Localização | V Região - Esquilino |
Coordenadas | 41° 53′ 34,6″ N, 12° 30′ 31,8″ L |
Jardins Licinianos |
Jardins Licinianos (em italiano: Horti Liciniani) eram jardins localizados no monte Esquilino de Roma, entre a Via Labicana e a Via Prenestina, no rione Esquilino, perto da Muralha Aureliana. Ele ficava entre os Jardins Taurianos (Horti Tauriani), ao norte, e os Jardins Palantianos (Horti Pallantiani) e os Jardins Epafroditianos (Horti Epaphroditiani) a oeste.
Jardins da Roma Antiga
[editar | editar código-fonte]Em Roma, era costume chamar de horti (singular: hortus) as residências dotadas de um grande jardim (hortus significa "jardim") localizadas dentro da cidade, mas nos subúrbios. Os jardins eram lugares de lazer, onde era possível aproveitar o isolamento e a tranquilidade sem a necessidade de grandes viagens[1].
A parte mais importante dos horti era, sem dúvida, a vegetação, geralmente composta por folhagens espessas podadas em formas geométricas ou animais segundo os ditames da ars topiaria. Entre a vegetação ficavam pavilhões, pórticos de passeio com proteção contra o sol, fontes, termas, pequenos templos e estátuas, geralmente cópias romanas de originais gregos. O primeiro jardim foi o suntuoso Jardim de Lúculo, no monte Píncio[1], seguido logo depois pelo Jardim de Salústio.
História
[editar | editar código-fonte]O nome destes jardins é uma referência à gente Licínia, proprietária das terras no período romano. No século III, um Licínio, o imperador Galiano (r. 253-268)[2], fundiu-o com os Jardins Taurianos e construiu uma luxuosa residência imperial rural referida como "Palácio Liciniano" (em latim: Palatium Licinianum) em documentos do século IV e V[3], nas imediações da igreja de Santa Bibiana. O complexo permitia que toda a corte do imperador se hospedasse no local e contava com salões para banquetes e piscinas[4].
No alto dos jardins, Galiano pretendia construir uma estátua colossal sua representando o deus Sol Invicto, mas a obra jamais foi realizada[5].
As fontes antigas não descrevem com exatidão as características topográficas dos Jardins Licinianos e nem os edifícios que ficavam no local, motivo pelo qual são fundamentais os testemunhos deixados pelas obras medievais. Durante o pontificado do papa Urbano VIII (r. 1623-1644), a importância arqueológica da região foi confirmada pela descoberta do sepulcro de libertos licininanos perto de Santa Bibiana[6].
Os jardins provavelmente permaneceram por um longo tempo como propriedade imperial e ali foi construído, nos primeiros vinte anos do século IV, o Templo de Minerva Médica, um ninfeu, do qual restam apenas ruínas, que provavelmente era utilizado para funções oficiais de entretenimento do complexo palacial (em latim: specus aestivus). A este mesmo período e local é geralmente atribuído um grande mosaico de pavimento com cenas de caça[7], descoberto em 1903-1904 durante obras perto de Santa Bibiana[8][9]. Ele aparentemente era parte de uma estrutura rodeada por um pórtico que confirma a realização de obras grandiosas nos Jardins Licinianos depois da época de Galiano[10].
Na área dos jardins foram recuperados vários objetos de arte a partir do século XVI, como atestam Pirro Ligorio[11] e Flaminio Vacca[12], provavelmente parte da vasta coleção de obras que caracterizava os Jardins Licinianos.
Contudo, o grande programa imobiliário para a inauguração do novo rione Esquilino permitiu que várias descobertas fossem feitas entre 1875 e 1878, mas acabaram em seguida impossibilitando novas escavações de maior porte. Entre os objetos recuperados estão um busto de Mânlia Escantila[13], esposa do imperador Dídio Juliano, alguns capitéis com colunas e relevos, um relevo com a "fornalha de Vulcano" e duas estátuas de magistrados romanos[14][15] no ato de lançarem o "mappa", que dava início às corridas no Circo Máximo, e que hoje estão no Palazzo dei Conservatori (Museus Capitolinos).
Referências
- ↑ a b «Vivere a Roma 2000 anni fa». Consultado em 12 de março de 2008
- ↑ História Augusta, Gallieni duo, XVII, 8.
- ↑ Atos dos Mártires (Faustus e Pimenius) = Pietro de' Natali, Catalogus Sanctorum et gestorum eorum (1543) I, 520-522; cfr. Liber Pontificalis (ed. Duchesne) I, 249; Henri Jordan, Topographie der Stadt Rom im Alterthum, Berlim 1871, vol. II, p. 319.
- ↑ História Augusta, Gallieni duo, XVIII, 2-5.
- ↑ História Augusta, Gallieni duo, XVIII, 3: in summo Esquiliarum monte.
- ↑ Antonio Nibby, Analisi storico-topografica-antiquaria della carta de' dintorni di Roma, vol. II, Roma, Tipografia delle Belle Arti, 1848, p. 330; Rodolfo Lanciani, The ruins and excavations of ancient Rome: a companion book for students and travellers, London, Macmillan, 1897, p. 349 (trad. italiana: Rovine e scavi di Roma antica, Roma, Quasar, 1985).
- ↑ «Mosaico con scene di caccia» (em italiano). Centrale Montemartini
- ↑ Notizie degli Scavi di Antichità (1903): p. 519; Giuseppe Gatti (1903). Notizie di recenti trovamenti di antichità in Roma e nel suburbio. Bullettino della Commissione archeologica comunale di Roma (BCAR) 31: pp. 284-285; Giuseppe Gatti (1904). Atti della Commissione. BCAR 32: p. 375
- ↑ Salvetti (2004)
- ↑ Cima (2000)
- ↑ Pirro Ligorio, (Codex Taurinensis f. 136 - 207).
- ↑ Flaminio Vacca, Memorie di varie antichità trovate in diversi luoghi della città di Roma, Roma 1863, p. 17
- ↑ «Busto di Manlia Scantilla (Museus Capitolinos)» (em italiano). Ancient Rome
- ↑ «Statua di magistrato giovane» (em italiano). Centrale Montemartini
- ↑ «Statua di magistrato anziano» (em italiano). Centrale Montemartini
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cima, Maddalena Gli Horti Liciniani: una residenza imperiale nella tarda antichità in Maddalena Cima e Eugenio La Rocca (eds.), Horti romani, atos da convenção internacional (Roma, 4-6 de maio de 1995), Roma, L'Erma di Bretschneider (= Bullettino della Commissione archeologica comunale di Roma, suppl. 6), pp. 427–452. ISBN 88-8265-021-9. Scheda na Open Library.
- Cima, Maddalena (2000). Ensoli, Serena; La Rocca]], Eugenio, eds. Horti Liciniani. Catalogo della mostra (em italiano). Roma: L'Erma di Bretschneider. p. 97-103. ISBN 88-8265-126-6
- Cima, Maddalena; Talamo, Emilia (2008). Gli horti di Roma antica (em italiano). Milano: Electa. p. 99–105. ISBN 88-3705-080-1
- Gatti, Emanuele (1996). Lexicon Topographicum Urbis Romae (LTUR) III. s.v. Horti Liciniani: Tempio di Minerva Medica (em italiano). Roma: [s.n.] p. 66–67. ISBN 88-7097-049-3
- Platner, Samuel Ball; Ashby, Thomas (1929). A Topographical Dictionary of Ancient Rome. s.v. Horti Liciniani (em inglês). London: Oxford University Press. p. 268
- Richardson Jr., Lawrence (1992). A New Topographical Dictionary of Ancient Rome. s.v. Horti Liciniani (em inglês). Baltimore: JHU Press. p. 199. ISBN 0-8018-4300-6
- Rizzo, Silvana (1996). Steinby, Eva Margareta, ed. Lexicon Topographicum Urbis Romae (LTUR) III. s.v. Horti Liciniani (em italiano). Roma: Quasar. p. 64–66. ISBN 88-7097-049-3
- Salvetti, Carla (2004). «Il mosaico tardo antico con scene di caccia da Santa Bibiana: alcuni spunti per una rilettura». Musiva & sectilia (em italiano). 1: 89-107. ISSN 1828-2415
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Sala Caldaie, Horti Liciniani» (em italiano). Centrale Montemartini. Consultado em 14 de fevereiro de 2018. Arquivado do original em 11 de agosto de 2011