Saltar para o conteúdo

Intenção empreendedora

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Intenção empreendedora pode ser entendido como o nível de vontade que uma pessoa têm de abrir uma empresa. Através desta vontade pessoal, alguns pesquisadores podem prever se esta pessoa está propensa a empreender, ou seja, criar uma empresa.

Intenção empreendedora é um estado de espírito, em que a atenção do indivíduo está dirigida para a criação de uma empresa.[1] Liñán e Rodriguez (2004) complementam definindo que a intenção é o conjunto de esforços de uma pessoa para realizar o comportamento empreendedor.[2] Nessa mesma linha de raciocínio, Liñán e Chen (2009, p.595) afirmam que “a intenção empreendedora é o primeiro passo para o processo de criação da empresa”.[3]


Estudos sobre a Intenção empreendedora

[editar | editar código-fonte]

As principais teorias que fundamentam os estudos sobre a intenção empreendedora são as desenvolvidas por Shapero e Sokol (1982)[4] e de Ajzen (1991).[5]

Teoria do Comportamento Planejado

[editar | editar código-fonte]

De acordo com o que propõe Azjen (1991),[5] na Teoria do Comportamento Planejado, todo comportamento requer um certo planejamento. A criação de uma empresa pode ser assim prevista de acordo com a intenção adotada por um determinado indivíduo. Assim, segundo este modelo teórico, é possível prever se algum indivíduo vai criar uma empresa no futuro, analisando a sua intenção empreendedora. (AJZEN, 1991). [5]

Teoria da Intenção Empreendedora

[editar | editar código-fonte]

Para Shapero e Sokol (1982)[6] duas etapas são fundamentais: a desejabilidade e a viabilidade. Estes dois aspectos são interativos. De modo que, se um indivíduo considera que se há viabilidade para iniciar um projeto, a desejabilidade cresce proporcionalmente. Por outro lado, se um indivíduo não está motivado para iniciar um projeto, não considerará sequer a sua viabilidade. Portanto, a desejabilidade é um pré-requisito na avaliação da viabilidade.[7]

Demais estudos

[editar | editar código-fonte]

Por sua vez, Krueger e Carsud (1993) propuseram um modelo com base nos estudos de Shapero e Sokol (1982) e de Ajzen (1991). Este modelo é composto por três eventos antecedentes, sendo que o primeiro relaciona-se o grau de avaliação pessoal, o segundo volta-se as relações sociais ou crenças normativas, e o terceiro se refere ao controle comportamental.[8] Spencer e Spencer (1993), Davidsson (1995), Autio et al. (1997), Kristiansen e Indarti (2004), Smithikrai (2005), Carvalho e Gonzalez (2006) também desenvolveram modelos sobre intenção empreendedora.[9][10][11][12][13][14] Guerrero, Rialp e Urbano (2006) estudaram como ocorreu a evolução dos modelos de intenção empreendedora na literatura, até este período.[15]

Mais recentemente, Linãn e Chen (2009) propuseram um modelo para mensurar a intenção empreendedora e definiram e validaram um instrumento de coleta de dados denominado Questionário de Intenção Empreendedora (QIE).[3]

Black (2012) apresentou, por sua vez, um quadro comparativo entre os modelos encontrados na literatura, com as principais variáveis consideradas em cada um dos modelos, contribuindo sobre esta temática.[16]

Schlaegel e Koenig (2014), em seguida, realizaram uma meta-análise sobre o assunto.[17]

Liñán e Fayolle (2015), recentemente, apresentaram uma revisão de literatura sobre intenção empreendedora, no periodo de 2004 a 2013.[18]

Por sua vez, também recentemente, Lortie e Castogiovanii (2015) retomam a Teoria do Comportamento Planejado, revisam o assunto e fazem previsões para o futuro.[19]

Este panorama sobre a evolução da intenção empreendedora mostra que o assunto tem sido foco de interesse e de estudos ao longo do tempo, evidenciando sua importância no cenário dos estudos do empreendedorismo.

Atualmente, não existe uma definição específica para a palavra “empreendedor” e, consequentemente, seu significado não apresenta unanimidade entre os estudiosos deste tema.[20] E, por conta desta indefinição, existem ainda inúmeros significados ou explicações para este termo. Octício (2012, p. 14) apresenta uma revisão de definições para o termo empreendedor, ampliando o entendimento do assunto. Todavia pode significar a criação ou implementação de novos negócios ou mudanças em empresas já existentes. [21]

Referências

  1. BIRD, B.. Towards a Theory of Entrepreneurial Competency. Advances in entrepreneurship, firm emergence and growth, v. 2, n. 1, p. 51-72, 1995.
  2. LIÑÁN, F.; RODRIGUEZ, J.C. Entrepreneurial Attitudes of Andalusian University Studentes. In: 44 th ERSA Conference. Proceedings… 2004.
  3. a b LIÑÁN, F.; CHEN, Y. Development and Cross‐Cultural Application of a Specific Instrument to Measure Entrepreneurial Intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 595, 2009.
  4. SHAPERO, A.; SOKOL, L. The Social Dimensions of Entrepreneurship. In: Encyclopedia of Entrepreneurship. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall Inc. 1982, p. 72-90
  5. a b c AJZEN, I. The Theory of Planned Behavior. Organizational behavior and human decision processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.
  6. SHAPERO, A.; SOKOL, L. The Social Dimensions of Entrepreneurship. In: Encyclopedia of Entrepreneurship. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall Inc. 1982, p. 72-90..
  7. KRUEGER, N. F. The Impact of Prior Entrepreneurial Exposure on Perceptions of New Venture Feasibility and Desirability. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 18, n. 1, p. 5-21, 1993.
  8. KRUEGER, N.; CARSUD, A. Entrepreneurship Intentions: Applying the Theory of Planned Behavior. Entrepreneurship & Regional Development, v. 5, p. 316-323, 1993.
  9. SPENCER, L. M.; SPENCER, S. M. Competence at Work: Models for Superior Performance. New York: John Wiley & Sons, 1993.
  10. DAVIDSSON, P. Determinants of Entrepreneurial Intentions. In: Conferência Rent IX. Proceedings… Piacenza, Itália, 1995.
  11. AUTIO, E. et al. Entrepreneurial intent among students. Testing an intent model in Asia, Scandinavia and USA. In: Frontiers of Entrepreneurship Research, 17th Annual Babson College Entrepreneurship Research Conference. Proceedings … 1997.
  12. KRISTIANSEN, S.; INDARTI, N. Entrepreneurial Intention among Indonesian and Norwegian Students. Journal of Enterprising Culture, v. 12, n.1, p.55-74, 2004.
  13. SMITHIKRAI, C. Entrepreneurial Potential of Thai University Students. Journal of Social Sciences and Humanities. v. 11, n.3, p. 255-274, Jul./Sep, 2005.
  14. CARVALHO, P. M. R.; GONZÁLEZ, L. Modelo Explicativo Sobre A Intenção Empreendedora. Comportamento Organizacional e Gestão, v. 12, n. 1, p. 43-65, 2006.
  15. GUERRERO, M.; RIALP, J.; URBANO, D. The Impact of Desirability and Feasibility on Entrepreneurial Intentions: A Structural Equation Model. International Entrepreneurship and Management Journal, v. 4, n. 1, p. 35-50, 2006.
  16. BLACK, M. M. Exploring The Multi-Focus Influence of Identity on Students’ Entrepreneurial Intent. 2012. Disponível em: <https://shareok.org/handle/11244/7204 >. Acesso em: 12 mar. 2015
  17. SCHLAEGEL, C.; KOENIG, M. Determinants of Entrepreneurial Intent: A Meta-Analytic Test and Integration of Competing Models. Entrepreneurship Theory and Practice. v. 38, n. 2, p. 291-332, 2014.
  18. LIÑÁN, F.; FAYOLLE, A. A Systematic Literature Review on Entrepreneurial Intentions; Citation, Thematic Analyses and Research Agenda. International Entrepreneurship Management Journal, Publ. online 12 Jan. 2015.
  19. LORTIE, J.; CASTOGIOVANII, G. The Theory of Planned Behavior in Entrepreneurship Research: What We Know and Future Directions. International Entrepreneurship and Management Journal, March, 2015.
  20. CARLAND, J.; W.; HOY, F.; CARLAND, J. C. Who Is An Entrepreneur? Is A Question Worth Asking. American Journal of Small Business, n.12, p. 33-39, 1988.
  21. OCTÍCIO,T.A.A.. Intenções e Comportamento Empreendedores entre alunos Universitários, 2012. Tese de Doutorado. Instituto Superior Técnico.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]