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Ilha de Luanda

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Ilha de Luanda
Ilha de Luanda está localizado em: Angola
Ilha de Luanda
Localização em Angola
Coordenadas: 8° 47' 12" S 13° 13' 56" E
Geografia física
País Angola
Localização África

A ilha de Luanda, língua de terra em frente à cidade de Luanda

A Ilha do Cabo,[1] mais conhecida por Ilha de Luanda,[2] é um cordão litoral, em Angola, composto por uma estreita língua de terra com 7 km de comprimento que, separando a cidade de Luanda do Oceano Atlântico, cria a Baía de Luanda.

A Ilha de Luanda, ou simplesmente A Ilha como a chamam os habitantes de Luanda, encontra-se ligada à cidade por um pequeno istmo no sopé da Fortaleza de São Miguel. É por excelência o local de divertimento e lazer dos luandenses e das demais pessoas que desejam conhecer a ilha do cabo, podendo aqui encontrar-se uma grande variedade de equipamentos turísticos, dos bares aos restaurantes junto ao mar e das discotecas aos hotéis, sem esquecer os mercados de rua, as inevitáveis praias e a marina.

Na ilha está localizada a Igreja da Nossa Senhora do Cabo, a mais antiga de Angola, fundada em 1575 pelos quarenta portugueses que viviam na ilha antes da mudança da cidade de Luanda para o continente, feita por Paulo Dias de Novais.[3]

A Ilha de Luanda faz parte do município de Luanda, na província de mesmo nome, sendo administrativamente parte do bairro Da Ilha e do distrito urbano da Ingombota.

Origem do nome

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Cerca de 1570, Duarte Lopes escreveu, na sua "Relação do Reino do Congo e das Terras Circunvizinhas", que o lugar chamava-se "Loanda, que quer dizer, naquela língua, terra rasa, sem montes e baixa", levando a concluir que o local se chamaria assim por ser um areal raso. No entanto, estudos etimológicos da palavra levam a outra conclusão.

Seguindo o princípio da derivação das línguas bantas, o prefixo lu é aplicado em palavras que descrevem regiões alagadas, como ilhas, braços e bacias de rios etc., seguido da estilização ortográfica das características topológicas dessa região. Dessa forma, surge a palavra luando, que, por se referir a uma ilha, um vocábulo feminino, ao ser aportuguesada deu o actual "Luanda", vocábulo obtido através da aglutinação de lu (nd)ando, onde ando é o étimo comprimido de ndandu, que significa "mercadorias", "objecto de comércio", "valores" etc., relativo aos produtos retirados da ilha, como o peixe ou os pequenos búzios (cauris) ali apanhados, normalmente conhecidos como njimbo ou zimbo e que eram a moeda corrente do Reino do Congo.[4] Segundo este estudo, a ilha teria o nome de Luando por ser um local de comércio situado num areal.

Uma outra versão refere que o nome deriva de "axiluandas" (homens do mar), nome supostamente dado pelos portugueses aos habitantes da ilha, porque, quando ali chegaram e lhes perguntaram o que estavam a fazer, estes teriam respondido uwanda, um vocábulo que, em quimbundo, significa "trabalhar com redes de pesca".[5]

No século XVI, Duarte Lopes e Filippo Pigafetta descreviam a ilha desta maneira:

Cerca de 1844, Arsénio Pompílio Pompeu de Carpo, madeirense exilado em Angola, onde se dedicava ao comércio de escravos, morador na Ilha de Luanda, doou a sua casa e quinta nessa ilha para a construção do Hospital da Estação Naval, oferta que foi recusada pelo Governador Geral de Angola, com os devidos agradecimentos, por já estar estabelecido o Hospital Flutuante em Luanda.[6]

A ilha de Luanda era uma imensa barreira natural de separação do oceano Atlântico, que se estendia até a Corimba, nas proximidades do rio Vala da Samba, até a primeira metade do século XX, quando o canal natural que formava a grande baía de Luanda foi terraplanado para a construção de uma passagem da avenida 4 de Fevereiro. Assim, a avenida separou a porção norte da porção sul da baía de Luanda, formando um novo acidente geográfico, que recebeu o nome de baía da Samba, mas com características de estuário. A porção sul da ilha de Luanda ainda fraturou-se em duas novas penínsulas, virando a ponta da Chicala (norte) e a ponta da Corimba (sul).[7]

Cabanas de colmo para os turistas na Ilha de Luanda.

Os habitantes originais da ilha são os axiluanda (ou axilwanda), um subgrupo dos ambundos, em tempos súbditos do rei do Congo.[8] Os seus descendentes, os "pescadores da ilha", guardam até hoje alguns hábitos tradicionais.

Muitas mulheres usam penteados trançados, missangas nos pulsos e ao pescoço e as bessanganas, traje tradicional feito com tecidos coloridos. No mês de novembro comemora-se a Festa da Quianda (ou Kianda), ritual de veneração à divindade das águas, protectora dos pescadores, bem como a Procissão à Nossa Senhora do Cabo.[9]

São também típicos da ilha os pratos mufete e muzongué (um tipo de caldo).[10]

O grupo de carnaval União Mundo da Ilha,[11] foi fundado em 1968 pelos habitantes indígenas e é um dos grupos de Carnaval mais antigos de Luanda.[12] O grupo possui na sua galeria 12 títulos[12] e usa nos seus numero danças populares como a Varina e o Semba[13] e canções em língua quimbundo.[12] Tem na sua constituição mais de duas mil pessoas, entre pescadores, quitandeiras e peixeiras.[12]

Na ilha também se encontram dois clubes náuticos históricos, o Clube Náutico da Ilha de Luanda e o Clube Naval de Luanda. É um dos centros de difusão e ensino da arte marcial tradicional angolana bassula.

Referências

  1. «Rádio Ecclesia: Paróquia da Ilha do Cabo em festa, 341 anos de Fundação». Consultado em 18 de agosto 2011 
  2. «Ponte que liga marginal à Ilha de Luanda será inaugurada sexta-feira». ANGOP. Consultado em 18 de Agosto 2011 
  3. «7 igrejas históricas de Luanda». O País. Consultado em 18 de Agosto 2011. Arquivado do original em 29 de abril de 2014 
  4. João de Jesús Pires (1965). «O Lobito e o Umbigo do Mundo». Boletim da Câmara Municipal do Lobito. Consultado em 19 de Agosto 2011  |arquivourl=https://web.archive.org/web/20160621011658/http://www.angola-saiago.net/cidmae15.html# |arquivodata=21 de junho de 2016 |urlmorta=yes }}
  5. Chicoadão (2005). As Origens do Fenómeno Kamutukuleni e o Direito Costumeiro Ancestral Angolense Aplicável. Viana: Instituto Piaget. 212 páginas. ISBN 9789727717965 
  6. Annaes Maritimos e Coloniaes. 4ª série. [S.l.]: Imprensa Nacional. 1944. p. 6 
  7. Amaral, llídio do. Luanda e os seus dois arcos complexos de vulnerabilidade e risco: o das restingas longas e ilhas baixas e o das escarpas abarrocadas. Lisboa: Revista Territorium, setembro de 2002.
  8. José Redinha (1975). Etnias e culturas de Angola. Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola 
  9. Yuri Manuel Francisco Agostinho (2020). «Entre registros e memórias: um olhar sobre as festas populares e tradicionais de Luanda». Universidade Estadual de Ponta Grossa. Revista Internacional de Folkcomunicação. 18 (40): 96-111 
  10. «Ilha de Luanda e as suas tradições». Ilha de Luanda. Consultado em 19 de Agosto 2011. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  11. «União Mundo da Ilha abre desfile da classe A do Carnaval de Luanda». ANGOP. Consultado em 19 de Agosto 2011 
  12. a b c d «União Mundo da Ilha será homenageado». ANGOP. 22 de janeiro de 2009. Consultado em 19 de Agosto 2011 
  13. «União Mundo da Ilha vai desfilar com mais de dois mil integrantes». RNA. 9 de fevereiro de 2011. Consultado em 19 de Agosto 2011 [ligação inativa]

Ligações externas

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