Saltar para o conteúdo

Husseinitas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Husseinitas
País:  Tunísia
Dinastia de origem: Murádidas
Títulos: Bei de Tunes
Fundador: Huceine ibne Ali
Último soberano: Maomé VIII (Lamine Bei)
Ano de fundação: 1705
Ano de dissolução: 1957
Maomé Bei e os seus dignitários mamelucos c. 1855

Os Husseinitas (em árabe: حسينيون) foram uma dinastia que reinou na Tunísia entre o início do século XVIII e a proclamação da república em 1957. O herdeiro do bei de Tunes ostentou o título de "bei do campo" (bey al-mahalla) até à independência, quando assumiu o título de príncipe herdeiro. Após a queda da monarquia passou a ser o chefe da casa real. A dinastia foi instaurada em 15 de julho de 1705 por Huceine ibne Ali.[1]

Depois das disputas incessantes entre corsários e janízaros pelo controlo de facto do governo da regência otomana durante o século XVII, ibne Ali impõe-se em 1705 como bei de Tunes e funda a dinastia. Graças à estabilidade política e às competências dos imigrantes mouriscos da Andaluzia, a Tunísia conhece um novo relançamento económico. Os corsários passam a gozar de menos estima e a agricultura e comércio com os europeus são de novo encorajados.

Em 1736 Ali I Paxá toma o poder destronando o seu tio Huceine Bei, que será morto pelo seu sobrinho-neto Iunus a 13 de maio de 1740.[2] Em 1756m Ali Bei é derrubado pelos dois filhos do seu predecessor que se apoderam de Tunes com a ajuda do bei de Constantina, Maomé Arraxide Bei (r. 1756–1759) e Ali II ibne Huceine (r. 1759–1782).[3]

O domínio argelino só termina em 1807 com uma vitória dos Tunisinos liderados por Hammuda Paxá (r. 1782–1814).[4] Após a eliminação dos janízaros, a influência otomana diminui ainda mais na Tunísia, o que significa que os Husseinitas passam a governar praticamente sozinhos o país. Entretanto, a economia tunisina foi consideravelmente enfraquecida por várias epidemias de peste e de cólera, bem como a destruição da frota corsária pela França em 1827.

A corte husseinita em 1942; ao centro, no trono, Amade II Bei; à sua direita os príncipes beilhicais; à esquerda o herdeiro do trono Moncef Bei e o ministro Abdeljelil Zaouche.

A Hammuda seguem-se os reinados de Mamude Bei (r. 1814–1824), Huceine II Bei (r. 1824–1835), Mustafá Bei (r. 1835–1837) e Amade I Bei (r. 1837–1855). Este último é um dos soberanos mais enérgicos da dinastia. Durante os reinados dos beis seguintes, Maomé Bei (r. 1855–1859) e Saduque Bei (r. 1859–1882) são lançadas reformas com o objetivo de modernizar o país, as quais provocam um forte endividamento e a falência do Estado tunisino.

Em 1869, o Reino Unido, a França e a Itália tomam o controlo financeiro da Tunísia por intermédio duma comissão financeira internacional para supervisionar o reembolso da dívida pública do país.[5] Com o chamado "pacto fundamental", todos os privilégios são abolidos e são conferidos direitos cívicos a todos os Tunisinos. No entanto, apesar desta lei ter sido confirmada em 1861 pela primeira constituição do mundo árabe, ela nunca chegou a entrar em vigor devido às revoltas das tribos. Após a França aceitar a ocupação do Chipre pelo Reino Unido, viu-se com as mãos livres na Tunísia, ocupou país e impõe a Sadok Bei do Tratado do Bardo, assinado a 12 de maio de 1881, onde se reconhece o protetorado francês da Tunísia.[6] Desde então, o poder dos soberanos passa a ser simbólico.

Após a declaração de independência em 1956, o último soberano, Muhammad VIII (conhecido como Lamine Bei), dirige provisoriamente o "Reino da Tunísia", sem contudo mudar oficialmente o seu título. É deposto a 25 de julho de 1957, devido às pressões do primeiro-ministro Habib Bourguiba. Os Husseinitas são também desapossados dos seus bens com a proclamação da república.[7] Quando Lamine Bei morreu, a 30 de setembro de 1962, o príncipe herdeiro Hassine Bei (1893–1969), terceiro filho de Naceur Bei e irmão mais novo de Moncef Bei, fica à frente da casa real tunisina. Depois da morte de Hassine Bei nenhum príncipe da família real reclamou o título de herdeiro, mas os mais idosos continuam a suceder-se na cabeça da dinastia.

Lista de beis husseinitas

[editar | editar código-fonte]
Nome Reinado Notas
Início   Fim   
Huceine I Bei  1705  1735
Ali I Paxá  1735  1756
Maomé Arraxide Bei     1756  1759
Ali II Bei  1759  1782 Regente do príncipe Hamuda desde 1777
Hamuda Paxá  1782  1814 Reinado mais longo (32 anos)
Osmã Bei  1814  1814 Reinado mais curto (3 meses)
Mamude Bei  1814  1824
Huceine II Bei  1824  1835
Mustafá Bei  1835  1837
Amade I Bei  1837  1855
Maomé Bei  1855  1859
Saduque Bei  1859  1882 Início do protetorado francês (1881)
Ali III Bei  1882  1902
Hedi Bei  1902  1906
Nácer Bei  1906  1922
Habibe Bei  1922  1929
Amade II Bei  1929  1942
Moncefe Bei  1942  1943
Alamim Bei  1943  1957 Último bei de Tunes

Notas e referências

[editar | editar código-fonte]
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Husseinites», especificamente desta versão.
  1. Sebaï 2007, p. 11.
  2. Slim et al. 2007, p. 217
  3. Dhiaf 1990, p. 183-184.
  4. Loth & Soler 2008, p. 41
  5. Colantonio; Kerignard et al. 2004, p. 276
  6. Singh 2000, p. 1100.
  7. Ghorbal, Samy (21 de julho de 2003). «Bourguiba proclame « sa » République». www.jeuneafrique.com (em francês). Jeune Afrique. Consultado em 25 de junho de 2013 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Husseinitas