Filipa da Inglaterra
Filipa | |
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Estátua da rainha no museu Gliptoteca Ny Carlsberg em Copenhague. | |
Rainha Consorte da Dinamarca, Suécia e Noruega | |
Reinado | 26 de outubro de 1406 a 5 de janeiro de 1430 |
Predecessoras | Edviges de Schleswig (Dinamarca) Ricarda de Schwerin (Suécia) Margarida da Dinamarca (Noruega) |
Sucessora | Doroteia de Brandemburgo |
Nascimento | 4 de julho de 1394 |
Castelo de Peterborough, Cambridgeshire, Inglaterra | |
Morte | 5 de janeiro de 1430 (35 anos) |
Convento de Vadstena, Suécia | |
Sepultado em | Igreja do Claustro, Vadstena, Suécia |
Marido | Érico da Pomerânia |
Casa | Lencastre (por nascimento) Grifo (por casamento) |
Pai | Henrique IV de Inglaterra |
Mãe | Maria de Bohun |
Religião | Igreja Católica |
Brasão |
Filipa da Inglaterra, também chamada de Filipa de Lencastre (Castelo de Peterborough, 4 de julho de 1394 – Convento de Vadstena, 5 de janeiro de 1430),[1] foi uma princesa inglesa, mais tarde, esposa do rei Érico da Pomerânia e Rainha Consorte da Dinamarca, Suécia e Noruega de 1406 até sua morte. Era filha do rei Henrique IV de Inglaterra e sua primeira esposa Maria de Bohun.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Filipa nasceu no Castelo de Peterborough em Inglaterra, filha de Henrique Bolingbroke e de Maria de Bohun. A sua mãe morreu a dá-la à luz.[3] Quando Filipa tinha cinco anos de idade, o seu pai subiu ao trono de Inglaterra, tornando-se o rei Henrique IV. Filipa é mencionada duas vezes em documentos durante a sua infância: em 1403 esteve presente no casamento do seu pai viúvo com Joana de Navarra e, no mesmo ano, fez uma peregrinação à Cantuária. Ela passou a sua infância maioritariamente entre os castelos de Berkhamsted e de Windsor.
Casamento
[editar | editar código-fonte]Em 1400 ou 1401, o rei Henrique IV sugeriu à rainha Margarida I da Dinamarca, Noruega e Suécia que se formasse uma aliança entre a Inglaterra e a União de Kalmar através de um duplo casamento entre a filha de Henrique, Filipa e Érico, o herdeiro do trono; e entre o seu filho Henrique e a irmã de Érico, Catarina.[4] A rainha Margarida não concordou com os termos e o casamento entre Henrique e Catarina nunca aconteceu. Porém, em 1405, uma comitiva escandinava composta por dois enviados de cada um dos três reinos nórdicos chegou à Inglaterra e o casamento entre Filipa e Érico foi proclamado. Um casamento por procuração teve lugar a 26 de novembro de 1405 em Westminster, com o nobre sueco Ture Bengtsson Bielke a substituir o noivo. Em 8 de dezembro, Filipa foi proclamada rainha da Dinamarca, Noruega e Suécia na presença dos embaixadores nórdicos.
Filipa deixou a Inglaterra em agosto de 1406, acompanhada por um grupo de nobres ingleses e chegou a Helsimburgo em setembro, onde foi recebida por Érico e pela rainha Margarida.
O verdadeiro casamento ocorreu a 26 de outubro de 1406 na Catedral de Lund, na Suécia. Na altura, o governo ainda estava nas mãos da tia deste, a rainha Margarida. Filipa foi a primeira princesa da História a usar um vestido de casamento branco na forma de uma túnica com um manto em seda branca.[5] No dia 1 de novembro do mesmo ano, foi coroada rainha da Dinamarca, Noruega e Suécia.
Rainha e regente
[editar | editar código-fonte]A rainha Filipa e o rei Érico viveram no Castelo de Kalmar na Suécia com a sua corte durante os primeiros três anos de casamento. Filipa recebeu a sua própria corte, supervisionada pela sua dama-de-companhia chefe, Katarina Knutsdotter, neta de Santa Brígida da Suécia através de Märta Ulfsdotter, que tinha sido a dama-de-companhia chefe da rainha Margarida.[6]
A partir de 1409, e particularmente após a morte da rainha Margarida em 1412, quando Érico se tornou rei, o casal real passou a residir principalmente na Dinamarca. Porém, Filipa regressava frequentemente à Suécia, país com o qual tinha criado uma maior afinidade. Um dos seus grandes interesses na Suécia era a Abadia de Vadstena, que passou a ser um refúgio para ela e a sua base sempre que ia à Suécia. O seu séquito inglês incluía Henry Fitzhugh, que tinha visitado a abadia com uma delegação inglesa com o objetivo de criar um mosteiro dedicado a Santa Brígida na Inglaterra. Em 1415, quatro freiras, três noviças, um monge e um padre deixaram a abadia com grandes celebrações para fundar aquela que se tornaria na famosa Abadia de Syron. É provável que a própria Filipa tenha visitado Vadstena pela primeira vez em 1408 na companhia de Érico. Nos anos seguintes, Filipa fez vários donativos à abadia, incluindo uma relíquia de um braço de Canuto, o Santo e o Coro de Santa Ana. Quando o Papa Martinho V proibiu os mosteiros duplos (com homens e mulheres), Filipa e o seu marido enviaram uma comitiva a Roma para pedir o fim da proibição. A rainha pediu ainda a intervenção dos seus irmãos e conseguiu que a proibição não se aplicasse à Ordem de Santa Brígida.[6]
A rainha Filipa envolvia-se ativamente nos assuntos do Estado. No Ato de Sucessão da Pomerânia de 1416, Érico escolheu o seu primo, Bogislau IX da Pomerânia como herdeiro dos três reinos caso o seu casamento com Filipa não produzisse filhos. Quando Érico se ausentou para lutar na guerra em Fehmarn em 1420, o Ato foi emendado e Filipa recebeu um papel ativo. A revisão do Ato afirmava que, no caso da morte de Érico, a rainha Filipa deveria ser nomeada Regente do Reino até que Bogislau pudesse ser rei e, caso Bogislau herdasse o reino ainda em criança, Filipa seria regente enquanto este fosse menor de idade. Ao mesmo tempo, as terras incluídas no dote de Filipa foram alteradas: em vez de possuir terras em todos os três reinos, ela recebeu um vasto dote na Suécia que, essencialmente, fez com que se tornasse na governante do centro da Suécia.[6]
Era evidente que Érico confiava em Filipa. Tanto os autores antigos como os modernos elogiam o seu reinado e que em certos assuntos era mais eficaz do que Érico. As novas terras do seu dote fizeram aumentar o interesse de Filipa pela Suécia e, enquanto Érico preferia viver na Dinamarca, Filipa fazia visitas tão frequentes e demoradas à Suécia, onde agia como representante de Érico que, na prática, foi a regente da Suécia durante a maioria da década de 1420. Em março de 1422, ela foi convocada e liderou um Conselho de Estado em Vadstena, onde mediou uma disputa entre fações de nobres. Érico concedia-lhe frequentemente poderes representativos para gerir assuntos da Suécia, tais como a coleta de impostos em Öland em agosto de 1425.
Durante a peregrinação do rei Érico, entre 1423 e maio de 1425, a rainha Filipa foi regente dos três reinos a partir de Copenhaga. Durante a sua regência, no outono de 1425, ela resolveu uma disputa com a Liga Hanseática ao estabelecer uma nova convenção relativa à validade do sistema de moeda que eles queriam. Como regente, convocou ainda o Conselho Sueco de Estado em Estocolmo na primavera de 1425.
Na primavera de 1426, Érico enviou Filipa à Suécia onde ela convocou o Conselho Sueco em Vadstena e conseguiu garantir apoio e fundos para a Guerra Dano-Hanseática (1426-35), apesar de os suecos se oporem à guerra. Em janeiro de 1427, quando a guerra estava a correr mal para Érico, ela convocou o Conselho Sueco em Nyköping, onde voltou a conseguir o apoio dos suecos para a guerra. Nesta visita, ela também adquiriu mais terrenos suecos para sustentar o seu futuro da Suécia, onde planeava reformar-se na sua viuvez.
Em março de 1427, Filipa regressou à Dinamarca, onde permaneceu durante três anos enquanto decorria a guerra. Em 1428, Filipa conseguiu organizar a defesa da capital dinamarquesa contra o ataque da Liga Hanseática durante o bombardeamento de Copenhaga. Ela foi saudada como uma heroína pelo povo de Copenhaga por ter motivado os cidadãos a lutar contra a frota hanseática no porto.
Morte
[editar | editar código-fonte]No final de 1429, Filipa partiu para a Suécia numa missão atribuída por Érico para conseguir apoio para a sua guerra na Suécia, onde a população sempre se mostrara contra à mesma. Na Suécia, Filipa viajou para a Abadia de Vadstena como era costume, onde foi recebida por uma delegação de membros do Conselho Sueco. Porém, pouco depois da sua chegada, Filipa começou a sentir-se doente. Tratava-se de um ataque de uma doença recorrente que já a afetara algumas vezes nos cinco anos anteriores.[6] A rainha sofreu um aborto espontâneo e a sua saúde foi piorando depois do mesmo. Filipa morreu em 5 de janeiro de 1430, aos 35 anos, e foi enterrada na igreja de Vadstena, em Östergötland. Filipa deixou várias posses à Abadia de Vadstena no seu testamento. Após a sua morte, Érico envolveu-se com uma antiga dama-de-companhia de Filipa, Cecillia.[7]
Ancestrais
[editar | editar código-fonte]Ancestrais de Filipa da Inglaterra | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Referências
- ↑ «ENGLAND Kings 1066-1603». Foundation for Medieval Genealogy (fmg.ac). Consultado em 2 de Agosto de 2024
- ↑ Harrison, Dick (18 de julho de 2013). «TÍTULO». Svenska Dagbladet. ISSN 1101-2412. Consultado em 23 de março de 2017
- ↑ Given-Wilson, Chris (2016). Henry IV. Yale University Press
- ↑ Bricka, Carl Frederik. «432 (Dansk biografisk Lexikon / III. Bind. Brandt - Clavus)». runeberg.org (em dinamarquês). Consultado em 6 de outubro de 2022
- ↑ «The History of Matrimony». Consultado em 1 de Fevereiro de 2016. Arquivado do original em 17 de março de 2015
- ↑ a b c d Filippa, urn:sbl:14127, Svenskt biografiskt lexikon (art av Gottfrid Carlsson)
- ↑ Salvesen, Helge (25 de agosto de 2022). «Filippa – dronning av Danmark, Norge og Sverige». Store norske leksikon (em norueguês bokmål). Consultado em 6 de outubro de 2022
Filipa de Inglaterra Casa de Lencastre Ramo da Casa de Plantageneta 4 de julho de 1394 – 7 de janeiro de 1430 | ||
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Precedida por Edviges de Schleswig (Dinamarca) Ricarda de Schwerin (Suécia) Margarida da Dinamarca (Noruega) |
Rainha Consorte da Dinamarca, Suécia e Noruega 26 de outubro de 1406 – 7 de janeiro de 1430 |
Sucedida por Doroteia de Brandemburgo |
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