Embaixada da Venezuela em Brasília
Embaixada da Venezuela em Brasília | |||
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Localização | |||
Endereço | SES 803, Lote 13, Avenida das Nações, Setor de Embaixadas Sul - Asa Sul, Brasília, DF 70451-900 Brasil | ||
Coordenadas | 15° 48′ 46,8″ S, 47° 52′ 42,4″ O | ||
Responsável | |||
Embaixador | Não há (de facto)
María Teresa Belandria Expósito (de jure) | ||
Embaixada do Brasil em Caracas • Lista de embaixadores • Página oficial |
A Embaixada da Venezuela em Brasília é a principal representação diplomática da República Bolivariana da Venezuela no Brasil. Está localizada na Avenida das Nações, na quadra SES 803, Lote 13, no Setor de Embaixadas Sul, na Asa Sul.
A embaixada não tem um embaixador desde 2016, após o mesmo ter sido retirado em protesto pelo impeachment de Dilma Rousseff. Mudanças governamentais e problemas internos resultantes da crise presidencial na Venezuela em 2019 levaram a diplomacia entre os dois países a uma situação complicada: María Teresa Belandria Expósito é a embaixadora de jure reconhecida pelo Brasil, sendo reconhecida pelo governo auto-declarado de Juan Guaidó. Entretanto, a embaixada continua trabalhando para o governo liderado por Nicolás Maduro e sendo a representação de facto da Venezuela. Após a embaixada e os consulados brasileiros serem fechados na Venezuela em abril de 2020, se esperava, como de praxe, que fosse aplicada a reciprocidade, o que não aconteceu até agora. Em setembro, os diplomatas que permanecem em Brasília foram declarados personae non grata e tiveram seus status diplomáticos retirados.
História
[editar | editar código-fonte]Assim como outros países, a Venezuela recebeu de graça um terreno no Setor de Embaixadas Sul na época da construção de Brasília, medida que visava a instalação mais rápida das representações estrangeiras na nova capital.[1][2]
O complexo é formado pelo prédio da chancelaria, um edifício de dois andares onde fica a burocracia da representação diplomática e onde os visitantes são atendidos, e a residências dos diplomatas. No jardim interno há uma piscina redonda e um campo de futebol.[3]
Crise diplomática (2016-atualmente)
[editar | editar código-fonte]Com o Impeachment de Dilma Rousseff em 2016, Nicolás Maduro chamou de volta, em protesto, o embaixador Alberto Castelar, que foi o último do governo oficial da Venezuela em Brasília. Desde então, o país não enviou outro embaixador, e a relação entre os países entrou em decadência. O Ministério das Relações Exteriores, sob a nova gestão de José Serra, respondeu criticando os "países bolivarianos alinhados ao PT".[4] Após a Venezuela declarar o embaixador brasileiro em Caracas, Ruy Nogueira personae non grata, o governo brasileiro fez o mesmo com o encarregado de negócios Gerardo Delgado, que estava comandando a embaixada na ausência de um embaixador.[5][6]
Em 2019, após as eleições, começa a crise presidencial na Venezuela em 2019, com acusações de fraude ao vencedor, o presidente Nicolás Maduro, e a posterior ascensão de Juan Guaidó ao cargo de presidente auto-declarado, sendo reconhecido por boa parte das nações ocidentais e vizinhos sul-americanos, incluindo o Brasil.
Em junho de 2019, a advogada María Teresa Belandria Expósito foi reconhecida como embaixadora da Venezuela pelo governo brasileiro. Entretanto, a mesma não assumiu a embaixada, que segue sob o comando dos diplomatas alinhados a Maduro. Ela passou a trabalhar em uma sala improvisada próxima a Esplanada dos Ministérios. Os apoiadores de Guaidó chegaram a tentar invadir a embaixada na Asa Sul, mas sem sucesso.[7][5][8][3]
No dia 2 de maio, a embaixada brasileira em Caracas foi fechada, o que já havia acontecido com os consulados, e os funcionários retornaram ao Brasil. Se esperava que a Venezuela tivesse feito o mesmo com os diplomatas em Brasília e em seus consulados, o que não aconteceu.[9][10][11][12] Em setembro de 2020, diante da recusa dos representantes de Caracas em deixar Brasília, o Itamaraty declarou os diplomatas personae non grata e retirou seus status diplomáticos, não contando com as imunidades e privilégios de suas funções.[13] Apesar dos atritos, os venezuelanos, entretanto, esperam que o período turbulento da diplomacia brasileira seja passageiro e que logo esta retorne a ser a referência que sempre foi para a América Latina.[14]
Serviços
[editar | editar código-fonte]A embaixada realiza os serviços protocolares das representações estrangeiras, como o auxílio aos venezuelanos que moram no Brasil e aos visitantes vindos da Venezuela e também para os brasileiros que desejam visitar ou se mudar para o país. Um enorme contingente de refugiados venezuelanos tem atravessado as fronteiras entre a Venezuela e o Brasil buscando fugir da crise humanitária que assola o país, e a embaixada tem lidado com a questão. Do outro lado, cerca de dez mil brasileiros permanecem na Venezuela.[15] Além da embaixada de Brasília, a Venezuela conta com mais seis consulados gerais no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Recife, em Belém, em Manaus e em Boa Vista.[16][17]
Outras ações que passavam pela embaixada eram as relações diplomáticas com o governo brasileiro nas áreas política, econômica, cultural e científica. Brasil e Venezuela sempre tiveram relações amistosas, com o auge durante a década de 2000 durante os governos de Lula do Brasil e Hugo Chávez da Venezuela. Após a morte de Chávez em 2013, o governo passou para Nicolás Maduro, e Dilma Rousseff assume o Brasil a partir de 2010. Enquanto a líder brasileira foi derrubada por um processo de impeachment, o governo de Maduro passou a ser classificado, por vários países, como uma ditadura, incluindo o Brasil sob novo governo. Desde então, as boas relações entre ambos acabaram, com a saída de boa parte das empresas brasileiras e da própria embaixada, em 2020. Em 2019, o comércio entre os países movimentou apenas 300 milhões de dólares, pouco perto dos 5,13 bilhões registrados no auge das relações, em 2008. Os países ainda mantém, porém, alguns acordos e relações, como a que envolve a distribuição de energia elétrica para Roraima.[13][10][18][19]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Embaixadas: um capítulo importante na construção de Brasília». Agência Brasília. 26 de dezembro de 2019. Consultado em 28 de julho de 2020
- ↑ «Venezuela em Brasília». Embaixadas.net. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ a b Sassine, Vinicius (22 de novembro de 2019). «Por dentro do bunker de Maduro». Época. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ Duarte, Geiza (4 de junho de 2019). «Venezuela chama embaixador de volta em protesto ao impeachment». G1. Jornal da Globo. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ a b «Embaixadora da Venezuela em Brasília trabalha em sala emprestada». Exame. 12 de fevereiro de 2019. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «Persona non grata, embaixador do Brasil na Venezuela não voltará a Caracas». Jornal do Comércio. 23 de dezembro de 2017. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ Barbiéri, Luiz Felipe (4 de junho de 2019). «Bolsonaro oficializa nova embaixadora venezuelana no Brasil». G1. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «Embaixada da Venezuela em Brasília é invadida». Veja. 13 de novembro de 2019. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ Bomtempo, Claudia (29 de abril de 2020). «Governo informa à Embaixada da Venezuela que diplomatas do país têm até dia 2 para deixar o Brasil». G1. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ a b «Brasil fecha embaixada na Venezuela e ex-funcionários denunciam "pressão" para acordo». cartacapital.com.br. CartaCapital. 16 de abril de 2020. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «Após Bolsonaro expulsar diplomatas, Venezuela diz que equipe "não abandonará funções"». Brasil de Fato. 30 de Abril de 2020. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «Venezuela denuncia presiones indebidas del gobierno de Brasil para retirar su personal diplomático de ese país» (em espanhol). Embajada de Venezuela en Brasil. 30 de abril de 2020. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ a b «Itamaraty revoga status diplomático de representantes do governo Maduro». Valor Econômico. 5 de setembro de 2020. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «Canciller Arreaza: Sabemos que la diplomacia brasileña se mantiene en resistencia» (em espanhol). Embajada de Venezuela en Brasil. 4 de julho de 2020. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «O drama dos brasileiros que se sentem 'abandonados' pelo Itamaraty na Venezuela». Uol. 14 de agosto de 2020. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «Embaixadas e Consulados estrangeiros no Brasil». Ministério das Relações Exteriores. Consultado em 4 de setembro de 2020
- ↑ «Venezuela». Portal Consular - Itamaraty. Consultado em 3 de setembro de 2020
- ↑ Marchao, Talita (3 de novembro de 2019). «O que o Brasil ainda vende e compra da Venezuela em crise». BBC Brasil. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ Amato, Fábio (27 de fevereiro de 2019). «Em dez anos, crise derruba em quase 90% exportações do Brasil para a Venezuela». G1. Consultado em 8 de setembro de 2019