Eleição presidencial no Brasil em 1894
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Eleição presidencial no Brasil em 1894 | ||||
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1º de março | ||||
Candidato | Prudente de Moraes | Afonso Pena | ||
Partido | PR Federal | PRM | ||
Natural de | Itu, São Paulo | Santa Bárbara, Minas Gerais | ||
Votos | 290 883 | 38 291 | ||
Porcentagem | 88,38% | 11,32% | ||
Titular Eleito | ||||
A eleição presidencial do Brasil de 1894 foi a segunda eleição presidencial e a primeira eleição direta do país. Foi realizada em 1º de março. Nessa eleição, os estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina não participaram devido à Revolução Federalista (1893-1895). Essa eleição marca o fim da República da Espada (1889-1894) dos governos militares de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, marcando assim, o início da República Oligárquica (1894-1930) dos governos civis que na maioria das vezes representaram os interesses dos grandes cafeicultores.
Contexto Histórico
[editar | editar código-fonte]O governo constitucional de Deodoro da Fonseca (aliado dos antigos conservadores do Império [1]) foi marcado por forte tensão política entre suas tendências centralizadoras e as inclinações federalistas da sociedade civil e de parte dos militares, que levou à dissolução do Congresso Nacional. Sob a ameaça da Primeira Revolta da Armada, Deodoro renunciou à presidência em 23 de novembro de 1891.[2]
Eleito vice-presidente em fevereiro de 1891, o veterano da Guerra do Paraguai e marechal Floriano Peixoto (que durante o período monarquico fora ligado ao Partido Liberal) [3] torna-se presidente do Brasil em novembro do mesmo ano, face à renúncia do então presidente Deodoro da Fonseca, em meio a uma grave crise política.[2]
Seu governo foi marcado por um intenso clima de rebeliões.[4][5] Em 1892, foi publicado o Manifesto dos 13 generais, que tinha por finalidade contestar a legitimidade do governo de Floriano — constitucionalmente, ele deveria convocar novas eleições, em vez de assumir a presidência até o término do mandato de Deodoro.[6] A Segunda Revolta da Armada, resultado de diversos conflitos entre o Exército e a Marinha, e a Revolução Federalista, crise política de ideais federalistas que buscavam depor o governador gaúcho Júlio de Castilhos, eclodiram ambos em 1893. Floriano debelou estes conflitos violentamente, consolidando-se no poder, o que lhe fez ganhar a alcunha de "Marechal de Ferro".[4][5]
Apesar da constituição de 1891 versar no artigo 42 novas eleições quando o presidente renunciasse antes de dois anos, Floriano permaneceu em seu cargo, alegando que a própria constituição abria uma exceção, ao determinar que a exigência só se aplicava a presidentes eleitos diretamente pelo povo, assumindo assim o papel de consolidador da República.
Na sucessão presidencial os "governistas" apoiaram Prudente de Moraes, candidato vitorioso no pleito de 1894. O florianismo "de rua", entretanto, defendia a continuidade de Peixoto no poder, mas diante do resultado inverso subsistiu como força política de oposição ao novo governo até a morte de Floriano Peixoto em 29 de junho de 1895, sete meses depois de entregar o governo ao sucessor.[7] Outra corrente de oposição a Prudente de Moraes seriam os monarquistas remanescentes.[8]
Processo eleitoral da República Velha (1889-1930)
[editar | editar código-fonte]De acordo com a Constituição de 1891 que vigorou durante toda a República Velha (1889-1930), o direito ao voto foi determinado a todos os homens com mais de 21 anos que não fossem analfabetos, religiosos e militares.[9] Mesmo tendo o direito de voto estendido a mais pessoas, pouca parcela da população participava das eleições.[10] A Constituição de 1891 também declarou que todas as eleições presidenciais seriam realizadas em 1º de março.[11]
Durante a República Velha, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM) fizeram alianças para fazer prevalecer seus interesses e se revezarem na Presidência da República, assim, esses partidos na maioria das vezes estiveram a frente do governo, até que essas alianças se quebrassem em 1930. Essas alianças são chamadas de política do café com leite.[12]
Nessa época, o voto não era secreto, e existia grande influência dos coronéis - pessoas que detinham o Poder Executivo municipal, e principalmente o poder militar da região. Os coronéis praticavam a fraude eleitoral e obrigavam as pessoas a votarem em determinado candidato. Com isso, é impossível determinar exatamente os resultados corretos.[13]
Candidaturas
[editar | editar código-fonte]Duzentos e três (203) nomes foram indicados a presidência, os dois principais foram Prudente de Morais, ex-membro do Partido Liberal do período monarquíco e um republicano histórico, sendo membro do Partido Republicano Paulista desde o ano de 1873, apoiado pelo governo do presidente Floriano Peixoto, e Afonso Pena, também ex-membro do Partido Liberal e que somente se filiou a um partido republicano (o Partido Republicano Mineiro) após a proclamação da república, sendo na época o principal representane da oposição. Para vice-presidente trezentos e trinta e cinco (335) nomes foram indicados, os três principais foram Manuel Vitorino Pereira, José Luís de Almeida Couto e José Paes de Carvalho.
Resultados
[editar | editar código-fonte]Em 1894, com uma população de aproximadamente quinze milhões e quatrocentas mil pessoas (15.400.000), sendo um milhão e cinquenta mil eleitores (1.050.000), apenas 356 mil (356.000) compareceram à eleição, representando 2,2% da população.[10]
Eleição para presidente do Brasil em 1894 | Eleição para vice-presidente do Brasil em 1894 | ||||
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Candidato | Votos | Porcentagem | Candidato | Votos | Porcentagem |
Prudente de Morais | 290.883(a) | 88,38%(a) | Manuel Vitorino Pereira | 266.060(c) | 78,36%(c) |
Afonso Pena | 38.291 | 11,32% | José Luís de Almeida Couto | 31.819 | 9,37% |
José Cesário de Faria Alvim | 3.719 | 1,08% | José Paes de Carvalho | 21.160 | 6,23% |
Rui Barbosa | 3.718 | 1,08% | Gaspar da Silveira Martins | 2.467 | 0,72% |
José Luiz de Almeida Couto | 3.437 | 0,99% | Outros | 33.912 | 9,99% |
Lauro Sodré | 1.876(b) | 0,54%(b) | |||
Outros | 3.092 | 0,89% | |||
Votos nominais | 345.097 | Votos nominais | 339.536 | ||
Votos brancos/nulos | 10.903 | Votos brancos/nulos | 16.464 | ||
Total | 356.000 | Total | 356.000 | ||
Fonte:[14] |
(a) O professor Walter Costa Porto evidencia 276.583 votos para Prudente.
(b) O professor Walter Costa Porto evidencia 1.983 votos para Lauro Sodré.
(c) O professor Walter Costa Porto evidencia 249.638 votos para Manuel Vitorino.
Nota geral: os valores são incertos (ver processo eleitoral).
Referências
- ↑ https://www.stoodi.com.br/blog/historia/quem-foi-marechal-deodoro/
- ↑ a b «PEIXOTO, Floriano» (PDF). Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 11 de abril de 2018
- ↑ https://atlas.fgv.br/verbetes/floriano-peixoto
- ↑ a b Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ a b «História - 1891 - Floriano Peixoto». Folha de S.Paulo. Consultado em 11 de abril de 2018
- ↑ «Constituição Brasileira de 1891». Seção II – Do Poder Executivo – Capítulo I – Do Presidente e do Vice-Presidente. Palácio do Planalto. Consultado em 11 de abril de 2018.
Art 42 - Se no caso de vaga, por qualquer causa, da Presidência ou Vice-Presidência, não houverem ainda decorrido dois anos do período presidencial, proceder-se-á a nova eleição.
- ↑ «Atlas Histórico do Brasil (FGV/CPDOC): Biografia de Floriano Peixoto». Consultado em 19 de fevereiro de 2019
- ↑ «Portal São Francisco: Governo Prudente de Moraes». Consultado em 19 de fevereiro de 2019
- ↑ Constituição de 1891. Cola da Web. Acessado em 14/10/2011
- ↑ a b Cidadania no Brasil: o longo caminho. José Murilo de Carvalho. Página 40. Google Books. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891. Art. 47. Wikisource. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Política do café com leite. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Coronelismo. História do Brasil - UOL Educação. Acessado em 14/10/2011.
- ↑ Eleições Presidenciais - 25 de março de 1894 (Quinta-feira).[ligação inativa] "Pós 1945". Acessado em 14/10/2011
Bibliografia
- PIRES, Aloildo Gomes. ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA - UMA ABORDAGEM ESTATÍSTICA. Salvador: Autor (Tipografia São Judas Tadeu), 1995.
- PORTO, Walter Costa. O VOTO NO BRASIL: DA COLÔNIA À QUINTA REPÚBLICA (HISTÓRIA ELEITORAL DO BRASIL). Brasília: Senado Federal, 1989.
- DEPARTAMENTO DE PESQUISA DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ. PRESIDENTES DO BRASIL (DE DEODORO A FHC). São Paulo: Cultura, 2002.