Diário de uma viagem ao Brasil
Journal of a Voyage to Brazil: And Residence There, During Part of the Years 1821,1822, 1823 | |
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Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823 [BR] | |
Folha de rosto de Diário de uma viagem ao Brasil | |
Autor(es) | Maria Graham |
Idioma | inglês |
Gênero | Literatura de viagem |
Localização espacial | Brasil |
Ilustrador | Augustus Earle |
Editora | Longman, Hurst, Rees, Orme, Brown and Green; J. Murray |
Lançamento | 1824 |
Edição brasileira | |
Editora | Companhia Editora Nacional |
Lançamento | 1956 |
Diário de uma viagem ao Brasil é um relato de viagem escrito pela inglesa Maria Graham durante a sua estadia no Brasil nos anos de 1821, 1822 e 1823. O livro é fruto de uma viagem que realizou com seu marido Thomas Graham, membro da Marinha Britânica, que havia sido deslocado para tomar parte nas revoluções pela libertação da América do Sul.[1]
Na Introdução do Diário de uma viagem ao Brasil, Maria Graham apresenta o esboço da história do Brasil por considerá-la indispensável ao entendimento do relato de sua estadia.[2] O Diário de uma viagem ao Brasil provavelmente é o primeiro relato de viagem a ter uma narrativa da história recente do Brasil de forma organizada. O mais comum nos relatos de viagem do século XIX eram as informações históricas serem pulverizadas ao longo da narrativa. No Diário de uma viagem ao Brasil, Graham mescla a visão in loco do relato de viagem com a pesquisa histórica, presente na citação e transcrição de diversos documentos históricos.[3] Nesse sentido, Diário de uma viagem ao Brasil, diferentemente da maioria dos relatos de viagem produzidos no início do século XIX, principalmente os de autoria feminina, empurra o relato de viagem em direção à história. [4]
Escravidão no Brasil
[editar | editar código-fonte]Em Diário de uma viagem ao Brasil, Maria Graham mostra surpresa com as condições em que viviam os negros em mercados de venda de pessoas escravizadas. No Recife, apresentava a situação dessas pessoas em condições miseráveis.[5] Na Bahia, choca-se com quantidade de navios negreiros que chegavam ao porto de Salvador, lugar em que procura mais dados para informações sobre as embarcações que aportam nas terras brasileiras.[6] No Rio de Janeiro, Maria Graham esteve na chamada Rua do Valongo, a qual possuía o maior mercado de pessoas escravizadas da cidade e também apresenta um panorama degradante deste local.[7]
Ao descrever informações que caracterizavam o sistema escravista brasileiro de forma negativa, tanto para os próprios escravos como também para os seus senhores, Maria Graham busca expandir a discussão sobre a abolição da escravidão.[8] Graham também traz, ao longo de seu livro, razões econômicas para o fim da escravidão.[9]
Graham também evidencia a beleza física dos escravizados, além da sua capacidade de trabalho.[10] Aponta também que possuíam grande sensibilidade artística:
"São os melhores artífices e artistas. A orquestra da ópera é composta, no mínimo, de um terço de mulatos. Toda pintura decorativa, obras de talha e embutidos são feitos por eles; enfim, excedem em todas as artes de engenho mecânico".[10]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Porto 2017, p. 13.
- ↑ Graham 1956.
- ↑ Thompson 2017, p. 191-192.
- ↑ Thompson 2017, p. 203.
- ↑ Graham 1956, p. 144.
- ↑ Graham 1956, p. 150.
- ↑ Graham 1956, p. 254-255.
- ↑ Porto 2017, p. 91.
- ↑ Silva 2009, p. 42.
- ↑ a b Graham 1956, p. 220.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Graham, Maria (1956). Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional
- Porto, Maíra Guimarães Duarte (2017). Para inglês ver: uma análise de Journal of a Voyage to Brazil, de Maria Graham=UnB (Dissertação de Mestrado). Consultado em 28 de novembro de 2018
- Silva, Isadora Eckardt da (2009). O viés político e histórico de Maria Graham em Diário de uma viagem ao Brasil (Dissertação de Mestrado). UNICAMP. Consultado em 31 de outubro de 2018
- Thompson, Carl (2017). «Sentiment and Scholarship: Hybrid Historiography and Historical Authority in Maria Graham's South American Journals». Women's Writing. 24 (2): 121-148. doi:10.1080/09699082.2016.1207907
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Digitalização do Diário de uma viagem ao Brasil na íntegra. Biblioteca Pedagógica Brasileira, 1956 (Biblioteca Digital de Obras Raras - UFRJ). Consultado em 21 de agosto de 2020.