Cecílio Gomes da Silva
Cecílio Gomes da Silva | |
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Nascimento | 21 de Março de 1923 Funchal, Ilha da Madeira |
Morte | 29 de Novembro de 2005 |
Nacionalidade | Português |
Alma mater | Universidade Técnica de Lisboa |
Ocupação | Engenheiro silvicultor |
Cecílio Gomes da Silva (Funchal, Ilha da Madeira, 21 de Março de 1923 — Lisboa, 29 de Novembro de 2005), foi um engenheiro silvicultor português.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nasceu em 1923, no concelho do Funchal,[1] na freguesia de São Pedro, filho de José Gomes da Silva e de Maria Capitolina de Sousa e Silva. Concluiu o Curso Geral dos Liceus no Funchal e a licenciatura em Silvicultura no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.[carece de fontes]
A sua profissão principal foi como engenheiro silvicultor.[1] Tendo começado a trabalhar para os Serviços Florestais na Madeira, pediu poucos anos depois a transferência para o Continente, pelo que a sua carreira foi desempenhada sobretudo em Portugal Continental. Casou, em 1950, com Maria do Carmo Silva Coelho Gomes da Silva. O casal teve três filhos. Residiu a partir do final da década de 1950 em Lisboa. Nos meses de Verão, conciliando a sua atividade profissional com as férias escolares dos filhos, residia em Vila Nova de Poiares, onde o casal tinha algumas parcelas de terreno.[carece de fontes]
Em 1981, foi o autor da primeira carta de risco de incêndios florestais em território nacional, documento de grande importância no contexto nacional, e que só foi substituída nos finais de 2003, por uma equipa liderada pelo professor José Miguel Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia.[2]
Ainda no âmbito da sua atividade profissional nos Serviços Florestais, colaborou na elaboração e durante muitos anos envolvido no cumprimento da primeira Lei dos Baldios de 1976 que devolveu os baldios às comunidades locais.[carece de fontes]
Escreveu com regularidade para a imprensa da Ilha da Madeira, principalmente sobre temas técnicos e científicos, mas igualmente sobre assuntos relacionados com a sociedade e a cultura.[1] Nos princípios da década de 1990, colaborou na revista madeirense Islenha.[3]
Em vários artigos publicados, Cecílio Gomes da Silva atribuiu satiricamente o nome de «Portucalipal» [nota 1] a Portugal – pois que considerava que o território do país se ia transformando num imenso «estaleiro» de «talhadia de eucalipto». Escreveu sobre fogos florestais, relevando as suas causas e sugerindo medidas de prevenção e combate aos mesmos. Procurou por meio de artigos de opinião publicada, defender alternativas à tendência de destruição da floresta nativa portuguesa.[carece de fontes] Entre as suas obras destaca-se o artigo Eu tive um sonho, publicado em 1985 no Diário de Notícias do Funchal, onde previu que iria suceder um grande aluvião na área do Funchal.[1] A sua descrição revelou-se muito semelhante ao desastre que atingiu a Ilha da Madeira em 2010.[4][5]
O seu artigo «Eu tive um sonho», publicado em 1985, no Diário de Notícias do Funchal, sobre a iminência de enxurradas desastrosas nesta cidade, antecipou o que de facto viria a acontecer no Funchal em 2010.[carece de fontes]
Depois de se aposentar, para além da escrita, fez o projeto de reflorestação da Quinta da Fonte Santa do Banco de Portugal (Saraiva, 1998, p.32)[6] e acompanhou a sua manutenção técnica até ao seu falecimento em Novembro de 2005.[carece de fontes]
Faleceu em 2005,[1] na cidade de Lisboa.[carece de fontes] Os seus livros Era assim no Funchal e Viveiros foram publicados após a sua morte, pela editora Textiverso.[1]
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]Livros
[editar | editar código-fonte]- O problema dos altos-chãos da Madeira: Floresta ou pastorícia?, Direção Geral dos Assuntos Culturais da Região Autónoma da Madeira, Coleção Cadernos Madeirenses, 1996, ISBN 972-648-109-0.
- Era Assim no Funchal, Editora Textiverso, 2009, 1ª edição ISBN 978-989-8044-16-7 (póstumo)
- Viveiros, Editora Textiverso, 2009 ISBN 978-989-8044-15-0 (póstumo)
Artigos em jornais e revistas
[editar | editar código-fonte]- Floresta ou fábrica de material lenhoso. Planos de arborização necessários ao equilíbrio biológico, A Capital, 31 de Outubro de 1983
- Floresta e ordenamento do território. Indústria sacrifica os melhores solos, A Capital, 24 de Fevereiro de 1984
- Sucupira e a floresta portuguesa, Expresso, 11 de Agosto de 1984
- Mais um Dia Mundial da Floresta, O Tempo, 29 de Março de 1984
- Mais um Dia Mundial da Floresta, Expresso, 24 de Março de 1984
- Eucaliptus globulus. Exploração desta espécie florestal, O Poiarense, 24 de Julho de 1995
- Eu tive um sonho, Diário de Notícias do Funchal, 13 de Janeiro de 1985
- Os Incêndios na Floresta, Revista Florestal: Revista de divulgação. número 1, 1987. Lisboa: Jerónimo Simões, pp. 8-9
- Atribulações de um contribuinte, O Jornal, 4 de Dezembro de 1987
- Portucaliptal, Expresso, 8 de Abril de 1989
- A relação Água-Árvore e o Balanço Hídrico no Ecossistema Floresta, Islenha, Nº9 Jul.-Dez. 1991, Direção Regional dos Assuntos Culturais da Região Autónoma da Madeira, págs 81 -87
- Andam chamas pelos bosques, Magazine do Jornal de Notícas, Nº 16, 3 de Dezembro de 1994
- Tanta Água Perdida no Mar e que Tanta Falta Faz, Islenha, Nº20 Jan.-Jun. 1997, Direção Regional dos Assuntos Culturais da Região Autónoma da Madeira, págs 103 -117
- Poiares na senda do progresso ou um tratamento forçado de sauna, O Poiarense, 12 de Setembro de 1997
- A Floresta Madeirense Património Mundial. Narrativa de Mistério, Ficção e Realidade, Islenha, Nº27 Jul.-Dez. 1991, Direção Regional dos Assuntos Culturais da Região Autónoma da Madeira, págs 27-39
- Fisiologia: relação água/árvore e balanço hídrico. Ecossistema florestal, Revista Floresta e Ambiente, D. G. do Ambiente (CNEFF), Outubro-Dezembro de 2001
- A Floresta Madeirense Património Mundial. Narrativa de Mistério, Ficção e Realidade- 2ª Parte, Islenha, Nº31 Jul.-Dez. 2002, Direção Regional dos Assuntos Culturais da Região Autónoma da Madeira, págs 131-144
- A Floresta Madeirense Património Mundial. Narrativa de Mistério, Ficção e Realidade-3ªParte, Islenha, Nº34 Janeiro-Junho 1991, Direção Regional dos Assuntos Culturais da Região Autónoma da Madeira,págs 147-157
Referências
- ↑ a b c d e f «Madeira: "Oxalá que nunca se diga que sou profeta"». Esquerda. 25 de Fevereiro de 2010. Consultado em 29 de Junho de 2022
- ↑ «Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios - Estudo Técnico I - Diagnóstico, Visão e Objectivos Estratégicos» (PDF). Instituto Superior de Agronomia- Departamento de Engenharia florestal. 2005. p. 4-5. Consultado em 30 de Junho de 2022
- ↑ «Número 7 da revista Islenha já está à venda nas livrarias» (PDF). Diário de Notícias - Madeira. Ano 115 (47700). Funchal. 22 de Dezembro de 1990. p. 10. Consultado em 29 de Junho de 2022
- ↑ «A morte de Zapata e o erro de Lula». Público. 25 de Fevereiro de 2010. Consultado em 29 de Junho de 2022
- ↑ «Está lá tudo». Público. 1 de Março de 2010. Consultado em 29 de Junho de 2022
- ↑ SARAIVA, António Santos. Monografia da Quinta da Fonte Santa. 1998: Banco de Portugal. p. 32
Notas
- ↑ A expressão “portucaliptal” foi adotada também pelo Prof. Doutor Vital Moreira em artigos mais recentes que os de Gomes da Silva, onde também denuncia com veemência e de forma fundamentada a dominância inaceitável do eucalipto no nosso território
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Textiverso, secção autores, Cecílio Gomes da Silva»
- Silva, Cecílio Gomes, Biblioteca Nacional, Catálogo Digital