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Casa de Rock

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Casa de Rock
Casa de Rock
Álbum de estúdio de Casa das Máquinas
Lançamento dezembro de 1976 (1976-12)
Gravação Entre junho e outubro de 1976
Estúdio(s) Estúdio Level, no Rio de Janeiro
Gênero(s)
Duração 40:18
Idioma(s) Português
Formato(s)
Gravadora(s) Som Livre
Produção Netinho
Cronologia de Álbuns de estúdio por Casa das Máquinas
Lar de Maravilhas
(1975)
Brilho nos Olhos
(2022)

Casa de Rock é o terceiro álbum de estúdio da banda brasileira Casa das Máquinas, lançado pela gravadora Som Livre, em dezembro de 1976, e gravado nos Estúdios Level, entre junho e outubro do mesmo ano. O disco apresenta uma sonoridade mais próxima do rock e do hard rock, com poucos momentos de rock progressivo. Por outro lado, as letras das canções deixam de lado a religiosidade e espiritualidade dos primeiros discos - com a saída de Aroldo Santarosa, mas mantém a temática ligada aos movimentos contracultural e hippie. O álbum foi relançado em CD nos anos de 1995 e 2016.

Com a saída de Cargê logo após a gravação do último álbum, a banda sai em turnê com Piska revezando entre a guitarra e o baixo.[1][2][3] É com essa formação que a banda entra em estúdio em junho de 1976 para gravar este disco. Entretanto, Netinho, após viagem à Londres, resolve convidar Simbas para assumir os vocais do grupo. O baterista já conhecia o vocalista por ter assistido diversos shows da sua banda de baile - o Mountry - a convite de um jornalista, o Carlos Alberto Caramez, que escrevia para a Revista Pop.[4] Além disso, após o início da parceria no disco anterior, aqui, Catalau - que viria a integrar a banda Golpe de Estado, compõem quatro músicas com Netinho.[5][6][7]

Gravação e produção

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Quando as gravações começaram, nos Estúdios Level, a banda ainda não contava com Simbas no vocal. Foi apenas a partir de julho, quando Netinho voltou de viagem a Londres, que Simbas começou a participar das gravações, colocando vozes nas faixas que já haviam sido compostas. Ele ainda sugeriu a gravação de uma canção de seu antigo grupo, "Stress", o que foi aceito pelo resto do grupo. As gravações só puderam ser finalizadas em ouubro com o auxílio de Don Lewis - técnico de gravação que veio ao Brasil com Alice Cooper em 1974 e por aqui ficou - que incentivou a banda a gravar como tocavam ao vivo: com todos os instrumentos tocados juntos, ao mesmo tempo.[4][8]

Resenha musical

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O disco abre com "Casa de Rock", uma canção típica de rock que defende que o estilo pode ser o remédio para tudo, desde problemas pessoais, até para o autoritarismo do sistema vigente. Em seguida, "Jogue Tudo pra Cabeça" continua na mesma toada, parecendo uma continuação da canção anterior. Aqui, o grupo explicita que não tem mensagens políticas, mas apenas quer divertir e fazer dançar. A primeira balada do disco é "Certo Sim, Seu Errado", que mostra que as preocupações do grupo eram mais com o modo de viver do que com a situação política do país - que apenas era abordada de relance quando era percebida como limitadora da liberdade de se viver como se queria. Assim, essa canção pode ser interpretada como se dirigindo tanto à censura e às regras de costumes impostas pelo governo, quanto à cobrança de engajamento por parte da classe intelectual e artística. Na sequência, "Stress" é um manifesto contra o mundo moderno e agitado. Fechando o lado, "Londres" é um pesado hard rock que descreve a experiência de Netinho com as suas viajens à capital inglesa, uma cidade que ele vê como tomada pelo rock.[4][9]

O lado B abre com "Doutor Medo" que mostra as angústias em relação ao vazio da vida moderna e ao desejo por amor. "Mania de Ser (Pecados Banais)" e "Sonho de um Vagabundo (Lei do Sonho de um Vagabundo)" são outras duas baladas do álbum. "Essa É a Vida" é uma afirmação da vontade e alegria de viver. Finalmente, "Eu Queria Ser" é o momento mais progressivo do disco e tem como tema os ideais do movimento contracultural e hippie, como amor, utopia, igualdade e liberdade.[4][9]

Lançamento e promoção

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O álbum foi lançado pela gravadora Som Livre em dezembro de 1976.[4] Para a promoção, foi lançado um compacto duplo - dividido com outros artistas - contendo a canção "Casa de Rock" e, também, foi gravado um vídeoclipe para exibição no programa Fantástico, da Rede Globo, com a banda realizando uma performance da música a bordo do NtrT Ary Parreiras - G21, embarcação pertencente à Força de Transporte da Marinha de Guerra do Brasil. Ainda, também em 1977, a banda chegou a ter uma performance gravada na TV Tupi para exibição no programa Som Pop censurada devido à performance andrógina de Simbas.[9] Assim, após a finalização da gravação, a banda saiu em turnê pelo país com um novo baixista, João Alberto.[8]

Recepção da crítica

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Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
A Escotilha Positiva[10]

Daniel Pala Abeche, escrevendo para o portal A Escotilha, ressalta a importância que a entrada de Simbas tem para este trabalho, já que a potencia vocal do cantor permitiu ao grupo explorar outros níveis de hard rock, com muita energia e influência nítida dos Stones, algo raro em discos brasileiros de rock. Além disso, mesmo em baladas e canções mais cadenciadas a banda mostra uma coesão singular. Assim, apesar da existência de um ou outro momento que lembrem o progressivo do disco anterior, é nos rocks feitos para escutar alto, dançar e se divertir que o grupo mostra a sua força.[10]

Relançamentos

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O álbum foi relançado em CD em 1995 e em 2016.[8]

Todas as faixas escritas e compostas por Piska e Netinho, exceto onde indicado. 

Lado A
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Casa de Rock"  Piska / Netinho / Catalau 3:51
2. "Jogue Tudo pra Cabeça"    3:51
3. "Certo Sim, Seu Errado"  Netinho / Catalau 3:16
4. "Stress"  Simbas / Marcos Possato 3:07
5. "Londres"  Piska / Netinho / Catalau 3:19
Lado B
N.º TítuloCompositor(es) Duração
6. "Doutor Medo"  Piska / Netinho / Catalau 4:46
7. "Mania de Ser (Pecados Banais)"    4:02
8. "Sonho de um Vagabundo (Lei do Sonho de um Vagabundo)"    4:44
9. "Essa É a Vida"    3:54
10. "Eu Queria Ser"    5:28
Duração total:
40:18

Créditos dados pelo Discogs.[11]

Ficha técnica

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Referências

  1. Revista Pop 1975
  2. Gouvêa 1975
  3. Daniel Seabra (21 de outubro de 2015). «Banda histórica do rock nacional, Casa das Máquinas volta a BH neste sábado». Uai. Consultado em 16 de maio de 2020 
  4. a b c d e Saggiorato 2008, pp. 125-130
  5. Rodrigo França (7 de janeiro de 1998). «The Krents e Catalau tocam rock básico». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 de maio de 2020 
  6. Juca Guimarães (21 de outubro de 2016). «Após 20 anos de separação, Catalau volta ao palco com o Golpe de Estado». R7. Consultado em 18 de maio de 2020 
  7. Adriana de Barros (9 de junho de 2017). «Agora pastor, Catalau reencontra Golpe de Estado para gravar CD ao vivo». Uol. Consultado em 18 de maio de 2020 
  8. a b c Ricardo Seelig (18 de maio de 2020). «Casa das Máquinas: discografia comentada da lenda do rock brasileiro». Whiplash.net. Consultado em 18 de maio de 2020 
  9. a b c Resende 2018, pp. 101-107
  10. a b Daniel Pala Abeche (14 de agosto de 2018). «'Casa de Rock' foi o grande disco da Casa das Máquinas». A Escotilha. Consultado em 20 de maio de 2020 
  11. «Casa das Máquinas - Casa de Rock». Discogs. N.d. Consultado em 19 de maio de 2020 
  • Revista Pop (1975). Casa das Máquinas: um grupo a todo vapor. São Paulo: Revista Pop, novembro de 1975, pp. 62-63. 
  • Revista Pop (1976). Casa das Máquinas muda e produz super-espetáculo. São Paulo: Revista Pop, dezembro de 1976. 
  • Gouvêa, Carlos A. (1975). Casa das Máquinas, uma boa surpresa. São Paulo: Folha de S.Paulo, 24 de novembro de 1975, p. 22. 
  • Resende, Vítor Henrique de (2018). Rock brasileiro e romantismo contracultural no Brasil: campo, cidade, música e modernidade nos anos 1970 Tese de doutorado ed. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais 
  • Saggiorato, Alexandre (2008). Anos de chumbo: rock e repressão durante o AI-5 Dissertação de mestrado ed. Passo Fundo: Universidade de Passo Fundo