Carlos de Lorena-Guise
Charles de Lorraine-Guise | |
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Cardeal da Santa Igreja Romana | |
Arcebispo de Reims | |
Charles de Lorraine (1524-1574). Chantilly, musée Condé, François de Clouet | |
Atividade eclesiástica | |
Diocese | Arquidiocese de Reims |
Nomeação | 6 de fevereiro de 1538 |
Predecessor | Jean de Lorraine |
Sucessor | Luís de Lorena-Guise |
Mandato | 1538-1574 |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação episcopal | 8 de fevereiro de 1545 por Claude Cardeal de Longwy de Givry |
Nomeado arcebispo | 6 de fevereiro de 1538 |
Cardinalato | |
Criação | 24 de julho de 1547 por Papa Paulo III |
Ordem | Cardeal-presbítero |
Título | Santa Cecília (1547-1555) Santo Apolinário (1555-1574) |
Brasão | |
Dados pessoais | |
Nascimento | Joinville 17 de fevereiro de 1525 |
Morte | Avinhão 25 de dezembro de 1574 (49 anos) |
Nacionalidade | francês |
Progenitores | Mãe: Antoinette de Bourbon-Vendôme Pai: Claude de Guise |
dados em catholic-hierarchy.org Cardeais Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Charles de Lorraine-Guise, aportuguesado Carlos de Lorena-Guise, Duque de Chevreuse (Joinville-le-Pont, 17 de fevereiro de 1524 - Avinhão, 25 de dezembro de 1574) foi um nobre e cardeal francês, arcebispo metropolita de Reims.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascido em uma família nobre, era filho de Claude de Guise, Duque de Elbeuf com Antonieta de Bourbon. Era sobrinho do cardeal João de Lorena, primeiro cardeal de Lorena. Era o primeiro cardeal de Guise. Era irmão do cardeal Luís I de Guise, de Francisco de Guise e de Maria de Guise, que era casada com o rei Jaime V da Escócia.[1]
Estudou teologia no Collège de Navarre,[2] em Paris. Em 1555, é feito Duque de Chevreuse.[1]
Vida religiosa
[editar | editar código-fonte]Arcebispo de Reims aos 14 anos depois da demissão de seu tio Jean (1538), foi criado cardeal de Lorena depois da morte dele (1547). Foi criado no consistório de 24 de julho de 1547, pelo Papa Paulo III, recebendo o barrete cardinalício e o título de Cardeal-presbítero de Santa Cecília em 4 de novembro. Coroou o rei Henrique II em 26 de julho de 1547. Conseguiu, junto a seu irmão François, Duque de Guisa, ganhar os favores do rei. Ele e seus irmãos exerceram uma grande influência e desempenharam um importante papel nos assuntos do país.[1]
Participou do Conclave de 1549–1550, que elegeu o Papa Júlio III, representando os interesses da coroa francesa, escrevendo várias cartas ao rei, informando do que ocorria no conclave. Entre 1550 e 1551, acumulou o cargo de bispo de Métis.[1][3]
O cardeal de Lorena era um personagem incômodo. Extremamente ortodoxo nos princípios da Igreja Católica, era o inimigo jurado dos protestantes. Carlos foi o principal defensor dos princípios do Concílio de Trento e pretendeu aplicá-los na França. Defendeu a religião católica durante toda sua vida e resultou ser de uma intolerância que surpreendia inclusive ao rei de Espanha Felipe II. Enquanto seu irmão François teria uma grande generosidade, Carlos era egoísta e insolente por conta do seu poder. Mas era também um hábil político, possuía grande destreza, eloquente, cheio de recursos e capaz de seduzir. Seu talento faz dele o rival mais acirrado de Catarina de Médicis. Ao ser partidário do extermínio do protestantismo, combaterá por isso mesmo a política de tolerância civil da rainha-mãe. Por suas elevadas capacidades intelectuais, o cardeal exercia com frequência a diplomacia.[1]
Participou dos conclaves de abril e maio de 1555, liderando o partido francês nos seus interesses.[1][3]
Consegue alcançar o poder junto a seu irmão com o advento do jovem Francisco II (1559). O cardeal de Lorena obteve o total controle da administração financeira. Entretanto, teria que ceder o posto depois da morte do jovem rei no ano seguinte. Presença com impotência, é como se introduz na corte o protestantismo. Seguiu desempenhando um importante papel depois do colóquio de Poissy no que enfrentou a Théodore de Bèze, chefe do partido protestante. Sua intransigência conseguiu fazer fracassar a reconciliação entre os membros das duas religiões, com grande desgosto da rainha-mãe.[1]
Ao morrer seu irmão François (1562), Carlos passa a ser o líder da Casa de Guise e do partido católico. Exerce a tutela dos filhos do seu irmão morto e busca qualquer meio para prejudicar aos Montmorency e, especialmente, ao almirante Gaspar II de Coligny, a quem responsabilizava pela morte de seu irmão. Em 1565, Enquanto a corte se encontrava no sul, esteve a ponto de bater-se em duelo cavaleiro em Paris com Francisco de Montmorency, filho do Condestável Anne de Montmorency por um assunto de protocolo. Desejosa de restabelecer a concórdia no reino, a rainha-mãe obrigará ao cardeal a reconciliar-se com o clã dos Montmorency em Moulins, em 1566. Abraçou publicamente ao almirante de Coligny, mas a Segunda e Terceira guerras religiosas, permitiram ao cardeal romper essa reconciliação e seguir perseguindo ao almirante com seu ódio.[1]
Mais adiante, negociou a boda de Carlos IX com Isabel da Áustria (1569). Em seguida viajou a Roma para participar do conclave de 1572. Oposto ao matrimônio entre a princesa Margarida e o herdeiro da coroa Henrique de Navarra, que devia selar a união entre católicos e protestantes, tenta convencer ao papa de que não é de seu consentimento o casamento.[1]
Mas com grande alegria e surpresa recebe a notícia da Massacre da noite de São Bartolomeu. Apressa-se para regressar a Paris, pensando na possibilidade de recuperar seu lugar no conselho do rei. Pensa que pode produzir uma mudança na política religiosa de Catarina de Médicis, mas ela fez saber em seguida que essa matança era um trágico erro e que ele tampouco era bem-vindo. Carlos foi detido em Avinhão, onde morre em 26 de dezembro de 1574.[1][3]
Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- (em francês) Jean-Jacques Guillemin (1847). Chez Joubert, ed. Le Cardinal de Lorraine, son influence politique et religieuse au XVI siècle. Paris: [s.n.].
- (em inglês) Henry Outram Evennett, « The Cardinal of Lorraine and the Colloquy of Poissy » in Cambridge Historical Journal, vol.2, n.º 2, 1927, p. 133-150.
- Henry Outram Evennett (1930). The Cardinal of Lorraine and the Council of Trent. A study in the counter-reformation (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press.
- (em inglês) Donald G. Nugent, « The Cardinal of Lorraine and the Colloquy of Poissy » in The Historical Journal, vol.12, n.º 4, 1969, p. 596-605.
- (em inglês) Nicola Mary Sutherland, « The Cardinal of Lorraine and the colloque of Poissy, 1561 : a reassessment » in Princes, Politics and Religion, 1547-1589, Londres, The Hambledon Press, 1984, p. 113-137.
- (em francês) Michel Pernot, « Le rôle du cardinal Charles de Lorraine dans la vie politique et religieuse de la France au troisième quart du XVIe siècle » in Les Cahiers haut-marnais, n° 188-190, 1992, p. 19-41.
- (em francês) Mario Turchetti, « Une question mal posée : La Confession d'Augsbourg, le cardinal de Lorraine et les Moyenneurs au Colloque de Poissy en 1561 » in Zwingliana, vol. 20, 1993, p. 53-101.
- (em francês) Yvonne Bellenger (1997). Honoré Champion Éditeur, ed. Le mécénat et l’influence des Guises. Actes du Colloque organisé par le Centre de Recherche sur la Littérature de la Renaissance de l’Université de Reims et tenu à Joinville du 31 mai au 4 juin 1994 (et à Reims pour la journée du 2 juin). Coleção Colloques, congrès et conférences sur la Renaissance. [S.l.: s.n.] 758 páginas. Diversos artigos :
- Jacqueline Boucher, « Le cardinal de Lorraine, premier ministre de fait ou d’ambition (1559-1574) », p. 295-310.
- Marc Venard, « Le cardinal de Lorraine dans l’Église de France », p. 311-329.
- Alain Tallon, « Le cardinal de Lorraine au concile de Trente », p. 331-343.
- Franco Giacone, « Les Lorraine et le Psautier de David », p. 345-363.
- Colette Demaizière, « Le cardinal de Lorraine protecteur de Ramus », p. 365-380.
- Jean-Claude Ternaux, « Les excès de la maison de Lorraine dans l’épitre et la satire du Tigre (1560-1561) », p. 381-403.
- Hermann Lindner, « Rhétorique, poésie, mécénat : « Le Procès » de Ronsard contre le cardinal de Lorraine », p. 405-423.
- François Roudaut, « Le cardinal de Lorraine, François de Guise et Joachim du Bellay », p. 425-442.
- Isabelle Balsamo, « Le cardinal de Lorraine et ses commandes artistiques à Reims », p. 443-467.
- Philippe Desan et Kate Van Orden, « De la chanson à l’ode : musique et poésie sous le mécénat du cardinal de Lorraine », p. 469-494.
- (em inglês) Stuart Carroll, « The Compromise of Charles Cardinal de Lorraine : New Evidence » in The Journal of Ecclesiastical History, 2003, vol.54, n.º 3, p. 469-483.
- (em inglês) Philip Benedict, « From Polemics to Wars : The Curious Case of the House of Guise and the Outbreak of the French Wars of Religion » in Historein, 2006, n.º 6, p. 97-105.
- (em francês) Benoist Pierre, « Le cardinal-conseiller Charles de Lorraine, le roi et sa cour au temps des premières guerres de Religion » in Parlement[s], Revue d'histoire politique, 2010/3, n.º HS 6, p. 14-28.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «GUISE DE LORRAINE, Charles I de (1524-1574)» (em inglês). The Cardinals of the Holy Roman Church
- Cheney, David M. «Charles Cardinal de Guise de Lorraine» (em inglês). Catholic-Hierarchy.org
- «Carlos de Lorena-Guise» (em inglês). GCatholic.org
Precedido por: Jean de Lorraine |
Arcebispo de Reims 1537 - 1574 |
Sucedido por: Luís de Lorena-Guise |
Bispo de Métis 1550 - 1551 |
Sucedido por: Robert de Lénoncourt | |
Precedido por Jean du Bellay |
Cardeal-presbítero de Santa Cecília 1547 - 1555 |
Sucedido por Robert de Lénoncourt |
Precedido por Robert de Lenoncourt |
Cardeal-presbítero de Santo Apolinário 1555 - 1574 |
Sucedido por supressão do título |
Precedido por Jean IV de Brosse |
Duque de Chevreuse 1555 - 1574 |
Sucedido por Carlos I de Guise |