Branca Alves de Lima
Branca Alves de Lima | |
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Nascimento | 13 de agosto de 1910 São Paulo, SP, Brasil |
Morte | 25 de janeiro de 2001 (90 anos) São Paulo, SP, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Ocupação | professora escritora |
Principais trabalhos | Caminho Suave |
Branca Alves de Lima (São Paulo, 13 de agosto de 1910 - ibid., 25 de janeiro de 2001) foi uma educadora brasileira. Ficou conhecida por editar a cartilha Caminho Suave, que se tornou um fenômeno editorial na alfabetização de crianças pelo Brasil.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Começou a lecionar em escolas do interior de São Paulo durante a década de 1930. Seu primeiro trabalho foi em uma escola rural localizada em Jaboticabal.[1][2] Na época, segundo ela, era obrigatório lecionar por um ano em uma escola de zona rural e alfabetizar no mínimo quinze alunos para poder conseguir ensinar em uma escola urbana.[1]
Em 1936, passou a lecionar em Rio Preto, no grupo escolar Cardeal Leme.[1] Lá, iniciou experiências de alfabetização com imagens associadas à sílabas.[1] Ela percebeu que, se associar uma letra a uma figura, as crianças não se esqueceriam.[1] A letra G foi associada a um gato e a o F a uma faca, por exemplo.[1]
De acordo com Branca, os métodos anteriores de alfabetização não eram eficientes, pois começavam com as orações para depois chegar às palavras.[2]
O sucesso dos cartazes fez com que muitas professoras a sugerissem que ela escrevesse uma cartilha.[3] Para poder aumentar a transmissão desse sistema, Branca criou o livro Caminho Suave em 1949.[4] Com a ajuda do pai, um contador, bancou sozinha a distribuição de 5 mil exemplares — mil distribuídos às escolas e os outros 4 mil foram vendidos rapidamente.[4] Sua empresa passou a se chamar editora Caminho Suave.[4]
Seu método consiste na alfabetização pela imagem.[3] Depois da fase em que se associa desenhos a letras é que se começa a usar pequenos textos de fixação. Segundo ela, esse método segue em ordem alfabética, não colocando sílabas que ainda não foram apresentadas.[3]
Em 1971, a cartilha apresentou a primeira alteração, passando a ser colorida e com noções de gramática funcional.[4] Já em 1980, ganhou espaço para exercícios escritos.[4] Até 1987, o livro vendeu mais de 40 milhões de exemplares.[5]
A cartilha perdeu força quando o governo brasileiro passou a adotar o método construtivista, cujos maiores expoentes são Jean Piaget e Paulo Freire.[1] Em 1996, a Caminho Suave foi excluída do Programa Nacional do Livro Didático.[1] Naquele mesmo ano, Branca fechou a sua editora, com os direitos da publicação sendo repassados para a Edipro.[6]
Morte
[editar | editar código-fonte]Branca morreu no dia 25 de janeiro de 2001, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, vítima de um câncer de pulmão.[1] Era solteira e não tinha filhos.[1]
Legado
[editar | editar código-fonte]Apesar de o livro não ser mais distribuído pelo Estado brasileiro, a Caminho Suave continuou a ser lembrada pelos leitores. Em 2010, chegou à 129ª edição e era um dos cinco livros mais vendidos pela Livraria da Folha.[7] Em 2020, a cartilha foi lembrada pelo então presidente Jair Bolsonaro, que criticou os livros didáticos usados no Brasil e recordou que foi alfabetizado através da publicação de Branca Alves de Lima.[8]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j «Uma revolução nasceu por aqui». Diário da Região. 8 de maio de 2021. Consultado em 18 de dezembro de 2023
- ↑ a b «Caminho Suave lidera entre as cartilhas». A Tribuna. 28 de março de 1990
- ↑ a b c «Cartilha de 40 anos ainda alfabetiza». Jornal do Brasil. 13 de fevereiro de 1990
- ↑ a b c d e «Os best-sellers e os bolsos cheios». Jornal do Brasil. 15 de fevereiro de 1987
- ↑ «O bê-a-bá». Jornal do Brasil. 15 de fevereiro de 1987
- ↑ «Folha de S.Paulo - Pioneira associa letras a imagens - 25/11/1997». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 18 de dezembro de 2023
- ↑ «Folha Online - Livraria da Folha - Cartilha "Caminho Suave" lidera mais vendidos em "Educação e Pedagogia" - 03/07/2010». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 18 de dezembro de 2023
- ↑ «O que é a cartilha Caminho Suave, que caiu em desuso, mas mantém fãs como Bolsonaro?». Folha de S.Paulo. 14 de janeiro de 2020. Consultado em 18 de dezembro de 2023