Batalha de Pancaleia
Batalha de Pancaleia | |||
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Revolta de Bardas Esclero | |||
Iluminura retratando o confronto entre os exércitos de Bardas Esclero e Bardas Focas | |||
Data | 978/979 | ||
Local | Pancaleia, perto de Amório | ||
Desfecho | Vitória das forças de Bardas Focas | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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A batalha de Pancaleia (em grego: Παγκάλεια; romaniz.: Pankáleia) foi um conflito travado em 978 ou 979, entre o exército legalista ao imperador bizantino Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025), comandado por Bardas Focas, o Jovem, e as forças do general rebelde Bardas Esclero, que levou a derrota e exílio do último. As fontes sobre a sucessão e localização dos eventos é incerta, de modo que estudiosos mais antigos seguiram João Escilitzes e situaram a batalha em março de 979, enquanto hoje, seguindo o registro de Leão, o Diácono, situam-a em junho de 978 e reconhecem como uma derrota para Focas.
Fontes e reconstrução dos eventos
[editar | editar código-fonte]Fontes históricas da revolta de Bardas Esclero diferem sobre a sequência e localização das batalhas que a terminaram, uma delas travada na planície de Pancaleia, ao norte de Amório. A história de João Escilitzes, escrita no final do século XI, registra que Esclero venceu uma primeira batalha perto de Amório, bem como uma segunda em Basílica Terma (atual Sarıkaya), e que foi num terceiro confronto, em Pancaleia, que Focas triunfou. De acordo com Escilitzes, Focas foi reforçado com tropas georgianas de Tao através de sua amizade com seu governante, Davi III (r. 966–1000), mas seu exército novamente começou a ceder. Focas então lançou-se em direção de Esclero e confrontou-o em combate unitário, no qual o general rebelde foi ferido e fugiu, disseminando pânico entre seus homens.[1][2]
O escritor do final do século X Leão, o Diácono, por outro lado, escreveu que o exército legalista sob Bardas Focas primeiro encontrou o exército de Esclero em Pancaleia e foi derrotado, mas assegurou uma vitória decisiva em um segundo combate em uma localização não especificada.[3] Outros autores fornecem alguns detalhes complementares: Miguel Pselo também registra o duelo dos dois generais na batalha decisiva, enquanto o historiador árabe-cristão do começo do século XI Iáia de Antioquia alude duas batalhas, e dá as datas de 19 de junho de 978 e 24 de março de 979 respectivamente.[1][4] O único ponto consensual é que, após sua derrota, Esclero fugiu para seu aliado árabe, o emir hamadânida Abu Taglibe (r. 967–978), e daí procurou refúgio na corte buída em Bagdá, onde permaneceu pelos próximos sete anos.[5]
Baseado em fontes georgianas, P.M. Tarchnichvili sugeriu, em 1964, que a vitória de Focas ocorreu em um sítio chamado "Sarvenis" em georgiano, que ele identificou como Águas Saravenas, ao norte de Cesareia Mázaca (atual Kırşehir), e que a terceira batalha de Escilitzes (que erroneamente situa Pancaleia próximo do rio Hális, que corresponde ao sítio de Kırşehir) é uma mistura ficcionalizada das primeiras duas batalhas,[4] uma visão compartilhada também por John Forsyth em sua edição crítica de 1977 da crônica de Iáia em inglês.[6] De acordo com Catherine Holmes, o registro de Escilitzes, embora sem dúvida embelezado, provavelmente se debruça sobre uma fonte real dado seu nível de detalhe, mas que no fim "adjudicando entre estas possibilidades é de todo impossível" e que a única coisa certa é que a batalha decisiva ocorreu em março de 979.[7]
Estudiosos mais antigos, como George Finlay e George Ostrogorsky, geralmente aceitam o registro de João Escilitzes, com a batalha decisiva entre Esclero e Focas em Pancaleia em março de 979, às vezes rotulada a "segunda" batalha de Pancaleia, dependendo se a primeira batalha próximo de Amório entre os dois generais também ocorreu no mesmo local.[8][9] Estudiosos modernos, por outro lado, adotaram uma diferente reconstrução dos eventos, com a primeira batalha ocorrendo em Pancaleia em junho de 978, uma segunda em algum momento no outono/inverno em Basílica Terma, no Tema de Carsiano, e uma terceira e decisiva em Sarvenis em março de 979.[5][10][11]
Referências
- ↑ a b Holmes 2005, p. 453.
- ↑ Wortley 2010, p. 308–310.
- ↑ Holmes 2005, p. 265.
- ↑ a b Kazhdan 1991, p. 1571.
- ↑ a b Whittow 1996, p. 365.
- ↑ Holmes 2005, p. 453–454.
- ↑ Holmes 2005, p. 454–456.
- ↑ Finlay 1856, p. 429–430.
- ↑ Ostrogorsky 1963, p. 248.
- ↑ Holmes 2005, p. 264–265.
- ↑ Cheynet 1986, p. 28.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cheynet, Jean-Claude; Jean-François Vannier (1986). Études Prosopographiques (em francês). Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN 978-2-88634-110-4
- Finlay, George (1856). History of the Byzantine and Greek Empires, from DCCXVI to MCCCCLIII. Edimburgo: W. Blackwood and sons
- Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Ostrogorsky, George (1963). Geschichte des Byzantinischen Staates (em alemão) 3ª ed. Munique: C. H. Beck'sche Verlagsbucchandlung. OCLC 301446486
- Whittow, Mark (1996). The Making of Byzantium, 600–1025 (em inglês). Berkeley e Los Angeles: University of California Press. ISBN 0-520-20496-4
- Wortley, John (2010). John Skylitzes: A Synopsis of Byzantine History, 811-1057 (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-76705-7