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Arranha-céu

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O Burj Khalifa, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a maior estrutura feita pelo homem no mundo

Arranha-céu ou arranha-céus é um edifício alto continuamente habitável que tem mais de 40 andares[1] e é mais alto que aproximadamente 150 metros.[2][3] Historicamente, o termo referiu-se primeiramente a edifícios com 10 a 20 andares construídos na década de 1880. A definição mudou com o avanço da tecnologia de construção durante o século XX.[1] Os arranha-céus podem hospedar escritórios comerciais ou residenciais, ou ambos. Para edifícios acima de uma altura de 300 m, o termo "supertall" pode ser usado, enquanto os arranha-céus que atingem mais de 600 m são classificados como "megatall".[4]

Os arranha-céus, desde a década de 1960, usam modelos tubulares inovadores criados pelo engenheiro estrutural estadunidense-bangladeshiano Fazlur Rahman Khan. Este princípio de engenharia civil faz com que esses edifícios sejam estruturalmente mais eficientes e fortes. Ele reduz a utilização do material (economicamente muito mais eficiente), permitindo, simultaneamente, que as construções alcancem maiores alturas. O modelo de Khan permite menos colunas interiores e assim cria um espaço mais utilizável, além de permitir que os edifícios tenham formatos variados. Existem diversas variações do modelotubular; estes sistemas estruturais são fundamentais para o projeto de construção de altura atual.[5][6][7][8] Outros pioneiros incluem Hal Iyengar e William LeMessurier.

Hoje, os arranha-céus são algo cada vez mais comum onde a terra é cara, como nos centros das grandes cidades, porque eles fornecem uma alta proporção de espaço locável por área de terra. Eles são construídos não apenas pela economia de espaço, mas, assim como templos e palácios do passado, os arranha-céus são considerados símbolos do poder econômico de uma cidade ou de um país. Eles não só definem o horizonte, como ajudam a definir a identidade da uma cidade. Em alguns casos, arranha-céus excepcionalmente altos foram construídas não por necessidade, mas para ajudar a definir a identidade e de projeção do poder da cidade onde foi construído.

O termo "arranha-céu" foi aplicado pela primeira vez em prédios de aço de pelo menos dez andares no final do século XIX, resultado do assombro do público com os prédios altos construídos em grandes cidades estadunidenses como Chicago, Nova York, Filadélfia, Detroit e St. Louis.[9] O primeiro arranha-céu de estrutura de aço foi o Home Insurance Building (originalmente com 10 andares e com uma altura de 42 m) em Chicago, em 1885. Alguns apontam para o edifício Jayne de 10 andares da Filadélfia (1849-50) como um protótipo de arranha-céu, ou o Equitable Life Building de sete andares de Nova York, construído em 1870, por seu uso inovador de um tipo de estrutura esquelética, mas tal designação depende em grande parte de quais fatores são escolhidos.[10][11] O Council on Tall Buildings and Urban Habitat define arranha-céus como aqueles edifícios que atingem ou excedem 150 m de altura.[12] Outras organizações nos Estados Unidos e na Europa também desenham o limite inferior de um arranha-céu a 150 m.[13][3]

O Emporis Standards Committee define um prédio alto como "uma estrutura de vários andares entre 35 a 100 metros de altura, ou um prédio de altura desconhecida de 12 a 39 andares""[14] e um arranha-céu como "um edifício de vários andares com altura arquitetural de pelo menos 100 m".[15]

Antiguidade e Idade Média

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A Grande Pirâmide de Gizé.

O edifício mais alto da antiguidade foi a Grande Pirâmide de Gizé, de 146 m, no Antigo Egito, construída no século XXIV a.C.. Não foi superada em altura por milhares de anos até a construção da Catedral de Lincoln entre 1311 e 1549, que tinha 160 m até sua torre central desmoronar.[16] Esta última, por sua vez, não foi superada até o Monumento a Washington, de 169 metros, em 1884. No entanto, por ser desabitado, nenhuma dessas estruturas realmente atende à definição moderna de "arranha-céu".

Apartamentos de arranha-céus floresceram na antiguidade clássica, como as insulae das cidades imperiais da Roma Antiga, que alcançavam dez andares ou mais.[17] Começando com Augusto (r. 30 a.C.-14 d.C.), vários imperadores tentaram estabelecer limites de 20 a 25 m para edifícios de vários andares, mas tiveram apenas um sucesso limitado.[18] Os andares inferiores eram tipicamente ocupados por lojas ou famílias ricas, os superiores alugados para as classes mais baixas.[17] Os Papiros de Oxirrinco indicam que existiam prédios de sete andares em cidades provinciais, como no século III d.C. em Hermópolis, no Egito romano.[19]

Os horizontes de muitas cidades medievais importantes possuíam um grande número de torres urbanas altas, construídas pelos ricos para defesa e status social. As torres residenciais da Bolonha do século XII chegavam a 80 m até 100 m, sendo a mais alta a torre Asinelli, com 97,2 m de altura. Uma lei florentina do ano 1251 decretou que todos os prédios urbanos fossem imediatamente reduzidos para menos de 26 m.[20] Até mesmo cidades de porte médio da época são conhecidas por terem torres por todos os lados, como as construções de 51 m a72 m de altura em San Gimignano.[20]

Séculos XIX e XX

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Ver artigo principal: Primeiros arranha-céus
Um trabalhador durante a construção do Empire State Building. O Chrysler Building pode ser visto ao fundo.

Até por volta de meados do século XIX, o gabarito máximo encontrado nas grandes cidades capitalistas era de próximo de cinco andares. Uma das razões era devida às escadas, pois ninguém se dispunha a subir até andares altos. Por outro lado, a construção de edifícios altos demandava sistemas construtivos e tecnológicos avançados. Como a maior parte das edificações era construída em alvenaria, quanto maior a altitude, maiores as espessuras necessárias para as suas paredes portantes, seja para suportar os andares superiores ou para resistir aos esforços do vento. Porém, avanços construtivos que tornavam as paredes independentes dos elementos estruturais do edifício, como o concreto armado e a estrutura em ferro (e mais tarde em aço) já possibilitavam a construção de edifícios altos: o inconveniente das escadas, no entanto, era maior e estes sistemas de uma forma geral eram caros.

Em 1852, a invenção do elevador por Elisha Otis eliminou o primeiro empecilho. O segundo problema foi resolvido a partir da popularização dos sistemas construtivos avançados: a pré-fabricação de elementos construtivos em aço nos países industrializados passou a ser gradativamente comum. Na década de 1920, uma junção de fatores — novas técnicas de construção, materiais mais resistentes e a invenção dos elevadores — levou aos arranha-céus. A novidade mudou as formas de consumo, de fazer comércio e, principalmente, de moradia dos habitantes das metrópoles. Cabe notar também que a produção arquitetônica ligada à Escola de Chicago, influenciada e exigida pelas necessidades do capitalismo naquela cidade, e a arquitetos como Louis Sullivan possuiu também um papel de difundir as novas tipologias urbanas entre outras cidades no mundo.

O Empire State Building em Nova York foi o maior edifício do mundo entre 1931 e 1972.

O arranha-céu passaria a caracterizar-se como símbolo do progresso industrial nas grandes cidades do mundo desenvolvido: a cidade de Nova Iorque veria nas próximas duas décadas uma corrida entre empreendedores em busca da construção do edifício mais alto. Como fruto deste fenômeno, surgiram edifícios que hoje são considerados símbolos daquela cidade, como o Empire State Building, o Chrysler Building e mais tarde o Rockfeller Center.

Nota-se também que a apropriação do formato "arranha-céus" pelo ecletismo e pelo art déco foi um elemento importante na própria definição destes estilos nos Estados Unidos e especialmente em Nova Iorque e em Chicago. A associação entre o art déco e os arranha-céus foi tão forte em determinados momentos que gerou clones dos edifícios nova-iorquinos em outras partes do mundo: o Edifício Altino Arantes (antigo Banespa) em São Paulo, ainda que com altura relativamente pequena frente aos seus pares nos EUA, pode ser encarado desta maneira.

Do ponto de vista urbanístico, a aceitação dos edifícios altos nos grandes centros urbanos deveu-se sobretudo ao conceito conhecido como solo criado: trata-se de um ganho de potencial construtivo face ao custo das propriedades, pois o terreno seria pago pela sua superfície, e quanto se estendesse horizontalmente um edifício, mais cara ficaria a sua construção.

No início do século XX, Nova Iorque era um centro para o movimento de arquitetura Beaux-Arts, atraindo talentos de grandes arquitetos como Stanford White ou Carrere e Hastings. À medida que novas técnicas de construção e de engenharia se tornaram disponíveis, Nova Iorque tornou-se o centro de competições para construir o edifício mais alto do mundo. A silhueta da cidade ainda hoje reflecte os efeitos desse concurso, com numerosos dos seus edifícios a já ter ostentado o título de mais alto do mundo, muitos deles verdadeiros ícones da arquitectura do século XX:

Mais altos da atualidade

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Shanghai Tower em Xangai, China, o terceiro maior arranha-céu do mundo.
negrito ★ Edifícios que já foram os maiores do mundo
Posição Edifício[A][21] Cidade País Altura (m) Andares Construção
1 Burj Khalifa Dubai  Emirados Árabes Unidos 828 m 163 2010
2 Merdeka 118 Kuala Lumpur  Malásia 678,9 m[22] 118 2023
2 Shanghai Tower Xangai  China 632 m[23] 128 2015
3 Abraj Al Bait Meca Arábia Saudita 601 m[24] 120 2012
4 Ping An Finance Centre Shenzhen  China 599 m 115 2017
5 Lotte World Tower Seul Coreia do Sul Coreia do Sul 554,5 m 123 2016
6 One World Trade Center Nova Iorque  Estados Unidos 541,3 m 104 2014
7 Guangzhou CTF Finance Centre Cantão  China 530 m[25] 111 2016
7 Tianjin CTF Finance Centre Tianjin  China 530 m 98 2018
9 China Zun Pequim  China 528 m 108 2018
10 Taipei 101 Taipei Taiwan 508 m[26] 101 2004

Referências

  1. a b The Editors of Encyclopædia Britannica. «Skyscraper». Encyclopædia Britannica. Encyclopædia Britannica. Consultado em 25 de outubro de 2016 
  2. Dan Cortese (18 de julho de 2018). The B1m, ed. «What is a Skyscraper?». Consultado em 4 de fevereiro de 2022 
  3. a b Ambrose, Gavin; Harris, Paul; Stone, Sally (2008). The Visual Dictionary of Architecture. Switzerland: AVA Publishing SA. 233 páginas. ISBN 978-2-940373-54-3 
  4. «The Tallest 20 in 2020: Entering the Era of the Megatall». CTBUH. 8 de dezembro de 2011. Consultado em 19 de outubro de 2012 
  5. «On the rise». Constructionweekonline.com. 31 de janeiro de 2011. Consultado em 14 de junho de 2013 
  6. «IALCCE 2012: Keynote Speakers Details». Ialcce2012.boku.ac.at. Consultado em 14 de junho de 2013 
  7. «Top 10 world's tallest steel buildings». Constructionweekonline.com. Consultado em 14 de junho de 2013 
  8. Bayley, Stephen (5 de janeiro de 2010). «Burj Dubai: The new pinnacle of vanity». The Daily Telegraph 
  9. For more on the origins of the term skyscraper, see "Skyscrapers," Magical Hystory Tour: The Origins of the Commonplace & Curious in America (1 de setembro de 2010) Arquivado em 2015-06-29 no Wayback Machine
  10. Charles E. Peterson (Outubro de 1950). «Ante-Bellum Skyscraper». Journal of the Society of Architectural Historians. 9:3: 25–28 
  11. Ivars Peterson (5 de abril de 1986). «The first skyscraper – new theory that Home Insurance Building was not the first». CBS Interactive. Consultado em 6 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 8 de julho de 2012. "In my view, we can no longer argue that the Home Insurance Building was the first skyscraper," says Carl W. Condit, now retired from Northwestern University in Evanston, Ill., and author of several books on Chicago architecture. "The claim rests on an unacceptably narrow idea of what constitutes a high-rise commercial building," he says."If there is a building in which all these technical factors—structural system, elevator, utilities—converge at the requisite level of maturity," argues Condit, "it's the Equitable Life Assurance Building in New York." Completed in 1870, the building rose 7½ stories, twice the height of its neighbors. 
  12. "Which World City Has The Most Skyscrapers?". The Urban Developer. 11 de março de 2016. Acessado em 26 de março de 2018.
  13. «Huge New Rogers Skyscraper Proposed». skyscrapernews.com. 3 de dezembro de 2007. Consultado em 3 de dezembro de 2007. ...their eleventh proper skyscraper, that is by definition buildings above 150 meters 
  14. Data Standards: high-rise building (ESN 18727), Emporis Standards, acessado em 16 de outubro de 2009.
  15. Data Standards: skyscraper (ESN 24419), Emporis Standards, acessado em 16 de outubro de 2009.
  16. A.F.K. «The Project Gutenberg eBook of The Cathedral Church of Lincoln, by A.F. Kendric, B.A». Gwydir.demon.co.uk. Consultado em 5 de junho de 2011. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2012 
  17. a b Gregory S. Aldrete: "Daily Life in the Roman City: Rome, Pompeii and Ostia", 2004, ISBN 978-0-313-33174-9, p.79f.
  18. Alexander G. McKay: Römische Häuser, Villen und Paläste, Feldmeilen 1984, ISBN 3-7611-0585-1 p. 231
  19. Papyrus Oxyrhynchus 2719, in: Katja Lembke, Cäcilia Fluck, Günter Vittmann: Ägyptens späte Blüte. Die Römer am Nil, Mainz 2004, ISBN 3-8053-3276-9, p.29
  20. a b Werner Müller: "dtv-Atlas Baukunst I. Allgemeiner Teil: Baugeschichte von Mesopotamien bis Byzanz", 14th ed., 2005, ISBN 978-3-423-03020-5, p.345
  21. Adapted from Emporis - World's Tallest Skyscrapers
  22. «Menara Merdeka 118 di landasan untuk siap lewat 2022». The Malaysian Reserve. 30 de novembro de 2021. Consultado em 17 de setembro de 2024 
  23. «China tallest building, Shanghai Tower, gets final beam». 3 de agosto de 2013. Consultado em 4 de agosto de 2013 
  24. «The Skyscraper Center». buildingdb.ctbuh.org. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  25. «Guangzhou CTF Finance Centre : The Skyscraper Center». Skyscrapercenter.com. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  26. «The Skyscraper Center». buildingdb.ctbuh.org. Consultado em 23 de setembro de 2017 

Bibliográficas

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  • BENEVOLO, Leonardo; História da arquitetura moderna; São Paulo: Editora Perspectiva, 2001; ISBN 85-273-0149-0

Ligações externas

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