Amlodipina
Amlodipina Alerta sobre risco à saúde | |
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Nome IUPAC | (RS)-3-ethyl 5-methyl 2-[(2-aminoethoxy)methyl]-4-(2-chlorophenyl)-6-methyl-1,4-dihydropyridine-3,5-dicarboxylate |
Outros nomes | anlodipino. |
Identificadores | |
Número CAS | |
PubChem | |
DrugBank | DB00381 |
ChemSpider | |
ChEBI | |
Código ATC | C08 |
SMILES |
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DCB n° | 804 |
Primeiro nome comercial ou de referência | Norvasc |
Propriedades | |
Fórmula química | C20H25ClN2O5 |
Massa molar | 408.85 g mol-1 |
Aparência | pó branco ou quase branco (besilato de anlodipino)[1] |
Solubilidade em água | ligeiramente solúvel em água (besilato de anlodipino)[1] |
Farmacologia | |
Biodisponibilidade | 64 a 90% |
Via(s) de administração | via oral; via intravenosa (uso hospitalar) |
Metabolismo | hepático 90%, via CYP3A4; metabólitos inativos; extenso metabolismo de primeira passagem[2] |
Meia-vida biológica | 30 a 50 horas. Pode atingir até 58 horas em idosos e 56 horas na insuficiência hepática[2] |
Ligação plasmática | 93% |
Excreção | renal (70%) e fecal (10%)[2] |
Riscos na gravidez e lactação |
C (EUA) |
Riscos associados | |
LD50 | besilato de anlodipino - 37 mg/kg em ratos, via oral;[3] TDLo em humanos: 1.429 mg/kg[4] |
Página de dados suplementares | |
Estrutura e propriedades | n, εr, etc. |
Dados termodinâmicos | Phase behaviour Solid, liquid, gas |
Dados espectrais | UV, IV, RMN, EM |
Exceto onde denotado, os dados referem-se a materiais sob condições normais de temperatura e pressão Referências e avisos gerais sobre esta caixa. Alerta sobre risco à saúde. |
Amlodipina (DCPt [5]) ou anlodipino (DCB [6]), é uma molécula do grupo dos bloqueadores dos canais de cálcio (Ca2 ), classe das dihidropiridinas.[7][8] É usado em Medicina como vasodilatador coronário e hipotensor.[9]
Mecanismo de ação
[editar | editar código-fonte]Como outros bloqueadores dos canais de cálcio, a Amlodipina atua bloqueando a entrada do Ca2 através da membrana celular, tanto das células musculares cardíacas como das da parede vascular, porém com muito maior ação sobre o músculo liso vascular. Atuando sobre o músculo cardíaco este medicamento tem um efeito inotrópico negativo (diminuição da contratilidade cardíaca). Porém, esta diminuição do inotropismo é contrabalançada pela melhoria da irrigação do músculo cardíaco que por sua vez melhora a contractilidade. Por esta razão, o efeito inotrópico negativo observado in vitro não é detetado em doses terapêuticas, salvo em presença de patologia grave como é o caso da cardiomiopatia com dilatação e insuficiência, situação que constitui uma contra-indicação ao uso deste medicamento.[10]
A sua ação sobre o músculo liso vascular provoca vasodilatação com diminuição das resistências periféricas o que diminui o trabalho cardíaco e secundariamente o consumo de oxigénio pelo miocárdio, com diminuição da angina estável e grande melhoria nos casos de angina de Prinzmetal[10]
Porém a vasodilatação induzida pela amlodipina não é exclusivamente arterial, infelizmente, havendo um venodilatação concomitante responsável pelo edema tão frequente e pelo agravamento de uma preexistente insuficiência venosa.[11]
Os efeitos anti-hipertensores estão relacionados com o grau de hipertensão, havendo uma melhor resposta nas hipertensões moderadas (diastólica entre 105 e 114 mm Hg).[11]
Ao contrário do Verapamilo, também bloqueador dos canais de cálcio da classe Fenilalquilaminas, a amlodipina não tem efeitos sobre o sistema de condução cardíaca.[10]
Farmacocinética e metabolismo
[editar | editar código-fonte]A Amlodipina é bem absorvida por via oral, não influenciada pelos alimentos, com uma biodisponibilidade calculada entre 64 e 90% e o pico sanguíneo 6 a 12 horas depois. O nível de estabilidade plasmática é atingido 7 a 8 dias depois da dose inicial. Cerca de 93% circula ligada às proteínas plasmáticas. Após uma primeira passagem, 90% da amlodipina é metabolizada pelo fígado.[12] A semi-vida é longa, cerca de 30 a 50 horas e a actividade plasmática diminui muito lentamente. 90% da dose absorvida é transformada em metabólitos inativos no fígado. A sua eliminação é sobretudo feita pelo rim, não sendo prejudicada pela presença de insuficiência renal. Porém a insuficiência hepática e a insuficiência cardíaca, devido à diminuição da clearance do medicamento, vão originar um aumento da sua biodisponibilidade plasmática com um aumento da AUC (area under curve a biodisponibilidade é medida pelo cálculo da área sob a curva de concentração/tempo da droga).[13]
Efeitos secundários e advertências
[editar | editar código-fonte]- A amlodipina pode ter um efeito paradoxal em casos de doença isquémica severa e desencadear um enfarte do miocárdio: ao dilatar o músculo liso das artérias coronárias, a resposta da rede arterial com ausência de lesões é rápida e dá-se o que em cardiologia se chama "roubo coronário" o fluxo sanguíneo dirige-se preferencialmente para as artérias que dilataram e a pressão de perfusão diminui substancialmente a nível dos vasos lesados.[11][14]
- A venodilatação pode ser muito importante, mesmo na ausência de insuficiência venosa, com edema, rubor e dor que pode confundir-se com uma situação de erisipela e em casos mais graves pode mesmo instalar-se uma situação de eritromelalgia.
- A longo termo a Amlodipina deve ser evitada nos pacientes com insuficiência cardíaca pelo seu mecanismo de ação já referido.[11]
- Em geriatria o uso deve ser muito cauteloso não só pela diminuição da função hepática com a idade mas também pela venodilatação que vem agravar a estase venosa por diminuição da atividade física.
- Não existem suficientes estudos que provem a ausência de teratogénese pelo que o medicamento não deve ser administrado durante a gravidez.[15]
- A sua indicação em cardiologia pediátrica é avaliada caso a caso pela equipa especialista.[11]
Interações medicamentosas
[editar | editar código-fonte]Com exceção do sildenafil (Viagra®) cujas ações hipotensoras se adicionam, não são conhecidas interações medicamentosas nomeadamente com
- Warfarina,
- Digoxina,
- Beta-bloqueantes,
- Bloqueadores dos receptores da angiotensina,
- Etanol
Intoxicação por amlodipina
[editar | editar código-fonte]O anlodipino não é removido por diálise,[2] constituindo um obstáculo ao tratamento rápido em caso de intoxicação acidental ou tentativa de suicídio por amlodipina. Além disso a longa semi-vida e o uso de formas de libertação prolongada, faz com que os efeitos permaneçam durante alguns dias. As manifestações poderão ir de simples hipotensão e bradicardia, por vezes taquicardia no início, a um estado de choque grave com confusão ou inconsciência, bradicardia, paragens sinusais e acidose lática. Se a história da ingestão é recente e o paciente não necessita de reanimação urgente, a lavagem gástrica é mandatória assim como o uso de sulfato de magnésio e carvão activado de modo a acelerar o trânsito intestinal. Porém estas medidas só terão lugar após a instituição das medidas gerais de reanimação, se tal fôr necessário, como o combate à acidose metabólica, comuns a todos os protocolos das Unidades de Cuidados Intensivos, a colocação em urgência (se o caso assim o exigir) de um pacemaker provisório, a infusão de aminas vasopressoras como a dopamina ou a dobutamina, para aumentar a pressão arterial e a infusão de glucagon e de gluconato de cálcio (segundo os respetivos protocolos habituais), de modo a aumentar o inotropismo cardíaco, a frequência sinusal e melhorar a condução auriculo-ventricular (em doses tóxicas a seletividade das dihidropiridinas perde-se). Uma das complicações que pode aparecer é o edema pulmonar agudo não cardiogénico que, segundo se pensa, deve-se à vasodilatação do leito capilar alveolar com transudação.[16][17][18]
Referências
- ↑ a b Martindale: The Complete Drug Reference. 37° edição
- ↑ a b c d Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2010: Rename 2010/Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
- ↑ Current, John. Pharmacology for Anesthetists 3. pag. 210
- ↑ Santa Cruz. - Amlodipine besylate. Acesso em 11 de dezembro de 2012
- ↑ Infarmed. «Denominação Comum em Português 2005» (PDF)
- ↑ Anvisa. «Denominação Comum Brasileira 2007» (PDF)
- ↑ «Amlodipine». Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «Infarmed». Consultado em 31 de Agosto de 2011. Arquivado do original em 3 de Março de 2016
- ↑ «Amlodipine Besylate». The American Society of Health-System Pharmacists. Consultado em 3 de abril de 2011
- ↑ a b c "Klabunde" E. PhD, Cardiovascular Pharmacology Concepts
- ↑ a b c d e "Braunwald", Tratado de Cardiologia 8e. edição espanhola, Elsevier, 2009 ISBN 978-8480863766
- ↑ «daillymed-drugInfo-Farmacocinética da Amlodipina|acessodata 08-12-2012»
- ↑ «Farmacocinética da Amlodipina». Consultado em 8 de dezembro de 2012 [ligação inativa]
- ↑ H. Harold Friedman, Diagnostic Electrocardiography and Vectorcardiography, Mcgraw-Hill, 3rd edition (January 1985) ISBN 978-0070224278
- ↑ Pfizer (fevereiro de 2006). «Norvasc (amlodipine besylate): official site». New York City, New York: Pfizer Inc. Consultado em 20 de julho de 2010. Arquivado do original em 24 de Julho de 2010
- ↑ Associação Brasileira de Medicina de Emergência. Intoxicação por anlodipino: relato de caso[ligação inativa]. Acesso em 11 de dezembro de 2012
- ↑ «SPC,Artigos de Revisão,Intoxicação pelos bloqueadores de cálcio» (PDF) [ligação inativa]
- ↑ «Intoxicação pela Amlodipina». Consultado em 16 de dezembro de 2012