Califado Almóada
Califado Almóada | |||||||||
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Califado Almóada em 1212
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Capital | Marraquexe | ||||||||
Países atuais | |||||||||
Língua oficial | Árabe | ||||||||
Religião | |||||||||
Moeda | |||||||||
Período histórico | Idade Média | ||||||||
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Estados antecessores e sucessores
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O Califado Almóada[1] (ou Almôada, ou Almôade)[2] foi uma potência religiosa berbere governada pela quinta dinastia moura, tendo se destacado do século XII até meados do século XIII. O nome latino deriva da corruptela do árabe الموحدون al-Muwaḥḥidūn, i.e. "os monoteístas" ou "os unitaristas", que alude ao fundamentalismo do movimento (ver Tawhid).
Os almóadas surgiram em Marrocos no século XII, descontentes com o insucesso dos almorávidas em revigorar os estados muçulmanos na Península Ibérica, bem como em suster a reconquista cristã. Tendo conquistado o Norte de África até ao Egito, ocuparam sucessivamente grande parte de Alandalus.
Origens
[editar | editar código-fonte]A fundação do movimento deve-se a ibne Tumarte (c. 1080 – ca. 1130), membro dos masmudas, uma tribo berbere do Alto Atlas. Filho do encarregado de acender as lamparinas de uma mesquita, e notado pela sua piedade desde a juventude, seria um rapaz pequeno e deformado que vivia como um mendigo devoto.
Enquanto jovem, ibne Tumarte fez a peregrinação a Meca, de onde foi expulso pelas suas críticas ferozes à laxidão de outros. Daí foi para Bagdade, onde aderiu a uma escola ortodoxa. Mas construiu ele mesmo um sistema próprio, combinando os ensinamentos do seu mestre com o misticismo e partes das doutrinas de outros, centrado no unitarismo e que representava uma revolta contra o que na sua opinião seria o antropomorfismo de Alá na ortodoxia muçulmana.
Após o seu regresso a Marrocos, com a idade de 28 anos, começou a pregar contra os princípios religiosos da interpretação pessoal, aceitando apenas a tradição (Suna) e o consenso (Ijma). O emir almorávida Ali ibne Iúçufe chegou a convocar um debate teológico em Fez, convocando ibne Tumarte. Na conclusão deste debate foi declarado que os pontos de vista deste eram demasiado radicais. ibne Tumarte foi condenado à prisão mas o emir ter-lhe-á permitido a fuga.
Depois de expulso de várias outras cidades pelas suas demonstrações de zelo religioso, ibne Tumarte refugiou-se junto do seu povo, os Masmuda, em Tinmel, na cordilheira do Atlas. Fundou o movimento dos almóadas, autoproclamou-se mádi ("o guiado" ou "o escolhido", profeta redentor do Islão) e exortou todos os muçulmanos, especialmente os da Península Ibérica, a retornar às origens da sua fé, o Alcorão.
Califado Almóada
[editar | editar código-fonte]É muito provável que a influência de ibne Tumarte não tivesse eco no futuro se não fosse por Abde Almumine, outro berbere, da Nedroma (hoje na Argélia), que seria um soldado e membro da classe governante. Quando ibne Tumarte morreu em 1128 no mosteiro que fundou em Tinmel, depois de uma grave derrota frente aos almorávidas, Abde Almumine manteve a sua morte em segredo por dois anos, até estabelecer o seu poder. Então assumiu-se como seguidor do mádi.
Entre 1130 e a sua morte em 1163, Abde Almumine não só expulsou os almorávidas, como aumentou o seu poder por todo o norte de África até ao Egito, tornando-se emir de Marraquexe em 1149. O seu fundamentalismo levou até medidas de expurga dos suspeitos de pouca fé e falha em cumprir todos os ritos religiosos, a mais grave de todas terminando na eliminação de toda uma tribo.
Os almóadas então trataram de unificar as taifas e formar um governo islâmico que pudesse fazer frente aos cristãos. Em pouco mais de trinta anos, os almóadas conseguiram forjar um poderoso califado que se estendia desde Santarém, no que é atualmente Portugal, até Trípoli na actual Líbia, incluindo todo o norte de África e o sul da Península Ibérica.
Em 1170 os almóadas transferiram a sua capital para Sevilha, onde fundaram a grande mesquita, posteriormente convertida em catedral cristã. A torre da mesquita, a Giralda, foi construída em 1184 para assinalar a ascensão de Abu Iúçufe Iacube Almançor. Foi durante este período que ressurgiram os estudos filosóficos com Averróis e ibne Tufail.
No entanto, desde Abu Iacube Iúçufe II (r. 1213–1223/24), tratavam os seus domínios fora de Marrocos como províncias e governavam os seus correlegionários na Península Ibérica e no restante do norte de África através de governadores locais. Quando os emires atravessavam o estreito de Gibraltar era para fazer a jiade contra os cristãos e voltar para a sua capital, Marraquexe.
Apesar dos esforços dos governantes, o Califado Almóada teve problemas desde o início em manter a turbulenta Granada pacificada e, por outro lado, algumas das suas posturas mais radicais foram mal recebidas pela população muçulmana da Península, habituada ao compromisso e à coexistência com os cristãos.
Os príncipes almóadas tiveram uma carreira mais longa e marcante do que os seus antecessores almorávidas. Abu Iacube Iúçufe I (r. 1163–1184) e Almançor (r. 1184–1199), sucessores de Abde Almumine, eram homens fortes. Inicialmente o seu governo levou à fuga de muitos judeus e cristãos para os estados cristãos de Portugal, Castela e Aragão, mas acabaram por se tornar menos extremistas que os almorávidas.
A invasão do jovem Reino de Portugal pelos almóadas comandados pessoalmente pelo califa Almançor foi travada em 1190 em Tomar, pelos cavaleiros templários de Gualdim Pais.
Almançor era um homem de grande cultura, que escrevia em bom estilo árabe e protegia o filósofo Averróis. O seu título Almançor, "O Vitorioso", deve-se à derrota que infligiu a Afonso VIII de Castela, em 1195, na Batalha de Alarcos. Mas os reinos cristãos da Península Ibérica estavam já demasiado fortes para uma invasão muçulmana, e os almóadas não conseguiram conquistas assinaláveis.
Arte almóada
[editar | editar código-fonte]As construções almóadas caracterizam-se pela simplicidade e austeridade, um reflexo da vida difícil dos nómadas do Magrebe. Apesar disso, muitos edifícios têm um tamanho considerável. Exemplos clássicos deste movimento são a Mesquita de Tinmel, a Torre del Oro e a Giralda, em Sevilha, a Mesquita Cutubia de Marraquexe, a Grande Mesquita de Taza e a Torre Hassan em Rabat.
Declínio do Califado Almóada
[editar | editar código-fonte]1212 marcou o início da decadência do Califado Almóada. As forças de Maomé al-Nácer (r. 1199–1214), sucessor de Almançor, depois de um avanço inicialmente bem sucedido para norte, foram aniquiladas por uma aliança de tropas cristãs na Batalha de Navas de Tolosa na Serra Morena. Essa batalha destruiu o domínio almóada.
Em 1216-7 os merínidas enfrentam os almóadas em Fez. Ibne Hude proclama-se emir de Múrcia em 1227, fazendo frente aos almoádas, e Tunes torna-se independente três anos mais tarde.
Maomé al-Nácer proclama-se emir de Arjona, Xaém, Guadix e Baza em 1232. Cinco anos depois é reconhecido como emir de Granada, dando início à dinastia nacérida.
Os almóadas encorajaram o estabelecimento de cristãos até mesmo em Fez, e depois da Batalha de Navas de Tolosa, ocasionalmente faziam alianças com os reis de Castela. Em África conseguiram expulsar os exércitos dos reis normandos da Sicília das cidades costeiras. A história do seu declínio é diferente da dos almorávidas. Não foram tomados por um poderoso movimento religioso, simplesmente foram perdendo territórios com a revolta de tribos e cidades. Os seus inimigos mais importantes acabaram por ser os merínidas, que fundaram a seguinte dinastia moura. Em 1268 os merínidas governam o Magrebe.
O último califa almóada, Idris II, estava reduzido à posse de Marraquexe, onde foi assassinado por um escravo em 1269.
Califas almóadas (1145-1269)
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Serrão, Joel. «Almóadas». Dicionário de História de Portugal. 1. Porto: Livraria Figueirinhas e Iniciativas Editoriais. p. 119. 3500 páginas
- ↑ Formas registradas pelo Dicionário Houaiss.
Bibliografia e ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Sites Islamiques - Tinmel». www.minculture.gov.ma (em francês). Ministério da Cultura de Marrocos. Consultado em 18 de janeiro de 2012. Cópia arquivada em 18 de janeiro de 2012
- Ellingham, Mark; McVeigh, Shaun; Jacobs, Daniel; Brown, Hamish (2004). The Rough Guide to Morocco (em inglês) 7ª ed. Nova Iorque, Londres, Deli: Rough Guide, Penguin Books. p. 492; 672-673. 824 páginas. ISBN 9-781843-533139
- Hoffmann, Eleanor (1965). Realm of the Evening Star: A History of Morocco and the Lands of the Moors (em inglês). [S.l.]: Chilton Books
- Julien, Charles-André (1970). History of North Africa: Tunisia, Algeria, Morocco. From the Arab Conquest to 1830 (em inglês). Nova Iorque: Praeger. 446 páginas. OCLC 193627. Consultado em 18 de janeiro de 2012