Alda Vasques de Soverosa
Alda Vasques de Soverosa | |
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Rica-dona/Senhora | |
Nascimento | 1170 |
El Bierzo, Reino de Leão | |
Morte | 11 de fevereiro de 1235 (65 anos) |
Mosteiro de Santo Tirso, Santo Tirso, Porto, Reino de Portugal | |
Nome completo | |
Alda Vasques [de Soverosa][1] | |
Dinastia | Soverosa |
Pai | Vasco Fernandes, Senhor de Soverosa |
Mãe | Teresa Gonçalves de Sousa |
Religião | Catolicismo romano |
Brasão |
Alda Vasques de Soverosa (c. 1170 - 11 de fevereiro de 1235) foi uma aristocrata medieval portuguesa, que, enquanto protetora do Mosteiro de Santo Tirso, foi também uma importante gestora dos bens da sua família.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Alda era filha do rico-homem Vasco Fernandes de Soverosa e de Teresa Gonçalves de Sousa, filha de Gonçalo Mendes de Sousa, padroeiro do Mosteiro de Pombeiro, e de Dórdia Viegas. Foi através deste matrimónio que o pai trouxe a honra de Soverosa para a posse da família. Alda era, portanto, bisneta materna de Egas Moniz IV de Ribadouro, o célebre aio de Afonso Henriques.
Alda Vasques foi destacada para a vida monástica, e escolhe, com esse fim, o Mosteiro de Santo Tirso para sua morada espiritual. Nesse período, em que ainda eram frequentes as fundações de mosteiros familiares(isto é, financiados por uma determinada família), como era o de Santo Tirso, eram vitais as presenças, no cenóbio, de senhoras da família fundadora ou com vínculos à mesma, dado que eram elas que promoviam o desenvolvimento da comunidade monástica, e que defendiam ativamente os interesses da própria família dentro do mosteiro, enquanto, simultaneamente, aumentavam o domínio da comunidade[2]. Além disso, eram as principais encarregadas da conservação da memória familiar.
Gestão fundiária e vida monástica
[editar | editar código-fonte]A sua ascendência prestigiante, sobretudo por herança materna, granjeou-lhe, além de importância, uma importante quantidade de património. Alda era uma senhora muito rica de haveres no Ribadouro[3], que, mais especificamente, ia de Panoias a Gaia, passando por Marco de Canaveses e Lousada [4].
Alda esteve, na verdade, ligada a várias instituições religiosas, ligadas sobretudo à família materna: mas foi o cenóbio de Santo Tirso com o qual esteve mais ligada, dado também ser a esse mosteiro que estavam ligadas as famílias da Maia e de Sousa, com as quais Alda estava aparentada[5]. A tia de Alda, Elvira Gonçalves de Sousa viria a ser sepultada naquele mosteiro[6].
Alda foi monja em Santo Tirso, mas manteve contacto, através de diversas doações, com outros cenóbios: o Mosteiro de Telões, o Mosteiro de Pombeiro (onde veio a ser enterrado o seu irmão, Gil), o Mosteiro de Grijó, o Mosteiro de Salzedas, ao qual doou, em 1219, dois casais em Quintião (Cambres, concelho de Lamego)[3], e ainda ao Mosteiro de Refojos de Riba de Ave[4]. Ao Mosteiro de Santo Tirso doou umas herdades que detinha em Lousa, herdadas da mãe. Foi também uma importante benfeitora da leprosaria de Alfena, à qual doou pelo menos um casal em Cristelo[3], e da Ordem do Hospital, participando na sua consolidação em solo português com os irmãos e outros parentes, através da doação de bens à casa da ordem, em Leça do Balio. Alda investiu uma importante parte do seu património nesta ordem religiosa: doou vários casais no termo de Sousa, juntamente com a sua parente, e também monja em Santo Tirso, Urraca Ermiges de Ribadouro, doando cada uma um casal em São Pedro de Ver, dando Alda o casal de Randim; uma herdade em Felgueiras; uma quintã em Quincela; a quintã de Oleiros, um herdamento em Recesinhos; cinco casais em Panoias; um em Artal e dois em Poiares[3][7]. Além disso, doou com o seu irmão, Gil Vasques de Soverosa, bens em Sousela[3].
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Alda Vasques faleceu a 11 de fevereiro de 1235, como indica a sua primeira epígrafe funerária, datada provavelmente desse ano. Contudo, existe outra epígrafe, datada provavelmente de 1248, o que leva a crer que Alda terá sido trasladada para junto da sua parente, Urraca Ermiges de Ribadouro, que tinha falecido nesse mesmo ano. A nova epígrafe deixa transparecer a profunda amizade que ligou estas duas grandes senhoras:
“ |
A nobreza de nascimento e um espírito puro e benigno/ dos seus costumes distinguem as Donas Urraca e Alda/ que Deus uniu por amor sincero e imenso,/ porque, enquanto viveram, tiveram uma só alma/ concorde, dado que em nada divergiam./ A circunstância deste facto reuniu os túmulos das duas,/ de tal forma que este modelo de amizade seja de todos meditado./ Não foi na mesma altura que a morte levou as duas amigas para os céus./ A morte de Dona Alda foi a 3 dos Idos de fevereiro/ de 1273 [i.e. 11 de fevereiro de 1235]./ A morte ímpia levou da terra Dona Urraca a/ 4 das Calendas de abril de 1286 [29 de março de 1248)[8]. |
” |
Referências
- ↑ O epíteto de Soverosa é uma designação posterior dada aos membros desta linhagem, uma vez que nenhum deles é é mencionado por fontes contemporâneas com este apelido. Cf. Calderón Medina, 2018, p.209
- ↑ Calderón Medina 2018, p. 89.
- ↑ a b c d e GEPB, vol.34 1935-57, p. 327-28.
- ↑ a b Sottomayor-Pizarro 1997, p. 805.
- ↑ Calderón Medina 2018, p. 90.
- ↑ Correia 2008, p. 154.
- ↑ Calderón Medina 2018, p. 91-92.
- ↑ a b Correia 2008, p. 160.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Calderón Medina, Inés (2018). Los Soverosa - Una parentela entre tres reinos - Poder y parentesco en la Edad Media hispana (ss.XI-XIII). Valladolid: Universidad de Valladolid
- Correia, Francisco Carvalho (2008). O Mosteiro de Santo Tirso, de 978 a 1588: A silhueta de uma entidade projectada no chao de uma história milenária. Santiago de Compostela: Tese de doutoramento. Facultade de Xeografía e História. Universidade de Santiago de Compostela. ISBN 978-8498-8703-81
- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. , Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa. vol. 16-pg. 887.
- Sottomayor-Pizarro, José Augusto (1997). Linhagens Medievais Portuguesas: Genealogias e Estratégias (1279-1325). I. Porto: Universidade do Porto