Abuso sexual entre menores
O abuso sexual entre menores ocorre quando uma criança ou adolescente é forçada a fazer algo sexual por outra criança ou adolescente, sem que um adulto esteja envolvido, isso é chamado de abuso sexual entre menores. Esse tipo de abuso pode acontecer de várias maneiras: às vezes, a criança é obrigada a fazer algo que não quer porque a outra criança é mais forte ou faz ameaças. Em outras situações, a criança é enganada ou manipulada para fazer algo que não entende, sem saber o que pode acontecer depois.
É importante lembrar que brincadeiras de criança, como "brincar de médico", não são a mesma coisa que abuso sexual. O termo “Brincar de médico" é uma brincadeira comum entre crianças pequenas, onde elas podem se tocar ou examinar o corpo umas das outras, como se estivessem imitando um médico. Isso geralmente acontece de forma curiosa e sem intenção sexual, já que as crianças estão apenas descobrindo o próprio corpo e as diferenças entre meninos e meninas.
Porém, é importante entender que, ao contrário dessa curiosidade natural, o abuso sexual é uma ação intencional e forçada, com o objetivo de prazer sexual, que causa danos emocionais à vítima. A diferença principal é que, a brincadeira em si faz parte da curiosidade infantil, o abuso sexual envolve manipulação ou coerção, e é feito para satisfazer uma necessidade sexual de quem pratica.
Quando o abuso ocorre entre irmãos, é chamado de "abuso sexual entre irmãos" e ocorre quando uma criança ou adolescente é abusada sexualmente por um irmão ou irmã. Isso significa que um dos irmãos usa sua posição de poder, força, manipulação ou qualquer forma de coerção para envolver o outro em atividades sexuais. É diferente de uma exploração ou curiosidade normal entre crianças, porque o abuso envolve uma intenção clara de obter prazer sexual e ocorre quando um dos irmãos impõe a situação sobre o outro, que não compreende o que está acontecendo ou não consegue resistir.
Esse tipo de abuso pode ter consequências graves, pois a vítima muitas vezes não entende que foi abusada, especialmente quando ambos são jovens. Às vezes, a criança pode crescer acreditando que participou voluntariamente, porque o agressor é um irmão e há uma relação de confiança. Em muitos casos, a vítima pode acabar sentindo culpa ou vergonha, achando que foi cúmplice ou que, de alguma forma, iniciou o ato.
O abuso sexual entre irmãos é frequentemente encoberto por familiares, educadores e até profissionais de saúde mental, pois existe uma tendência a minimizar os comportamentos sexualizados entre crianças, vendo-os como parte de uma exploração sexual normal da infância. No entanto, o que distingue o abuso de uma exploração sexual comum é a intenção do ato: enquanto a curiosidade infantil não visa o prazer sexual, o abuso sexual tem uma intenção explícita de estimulação sexual.
Causas
[editar | editar código-fonte]No caso de abuso sexual infantil, as crianças pequenas que não amadureceram sexualmente são incapazes de saber sobre certos atos sexuais específicos sem uma fonte externa.[1][2][3] Consequentemente, as crianças que iniciam ou solicitam atos abertamente sexuais com outras crianças, na maioria das vezes, já foram sexualmente abusadas por um adulto,[1][2][4] ou por outra criança que por sua vez foi abusada por um adulto.[5][6] Mais da metade foram vitimados por dois ou mais abusadores.[3] Em alguns casos, a criança abusada foi exposta a pornografia ou presenciou, repetidamente, atos sexuais entre adultos, e isso também pode ser considerado uma forma de abuso sexual infantil .[4]
Em muitos casos, uma criança ou um adolescente podem não ter a intenção de causar qualquer dano à outra criança e agem apenas por um impulso passageiro. No entanto, este ato pode ainda resultar em danos para a outra criança, por isso é uma forma de abuso sexual.[7]
Prevalência
[editar | editar código-fonte]A incidência de abuso sexual entre menores não é conhecida com muita certeza, semelhante ao abuso por parte de adultos. Frequentemente não é relatada porque não é amplamente conhecida pelo público,[8] e frequentemente ocorre fora da supervisão direta dos adultos. Mesmo que seja conhecido pelos adultos, às vezes é considerado inofensivo por aqueles que não entendem as implicações.[8] Particularmente, o abuso sexual entre irmãos, que é raramente relatado em relação às taxas de notificação de abuso sexual entre pais e filhos,[9] e a divulgação do incesto pela vítima durante a infância é rara.[10]
Efeitos
[editar | editar código-fonte]As crianças que foram sexualmente vitimadas por outros menores, incluindo abuso entre irmãos, apresentam basicamente os mesmos problemas que as crianças vitimadas por adultos, incluindo transtornos de ansiedade, depressão, abuso de substâncias, suicídio, transtornos alimentares, transtorno de stress pós-traumático, distúrbios do sono e dificuldade em confiar nos outros.[11][12] A vítima frequentemente pensam que o ato foi normal, que o iniciaram ou até mesmo que participaram nele voluntariamente.[13]
Os principais fatores que afetam a gravidade dos sintomas incluem o uso de força ou coerção, a frequência do abuso e a invasividade do ato.[14] Um aumento do risco de vitimização mais tarde na vida também tem sido relatado.[15]
O termo infratores sexuais menores pode ser usado para menores de 18 anos que iniciaram qualquer atividade sexual não consensual com outra pessoa. Essa população pode ser vista como uma versão mais jovem de perpetradores sexuais e pode ser avaliada como parte de um mesmo grupo, quando representam um grupo heterogéneo significativo. Por exemplo, essas crianças tendem a apresentar motivações diferentes para as suas ações do que os agressores sexuais adultos e tendem a responder mais favoravelmente ao tratamento.[12]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b Drew Pinsky, MD and Ted Stryker (November 5, 2007) "Loveline" Arquivado em 2011-07-14 no Wayback Machine (audio interview, 0:38:45-0:40:31). lovelineshow.com. Retrieved November 15, 2007.
- ↑ a b «Sexual interest in children, child sexual abuse, and psychological sequelae for children». Psychology in the Schools. 38. doi:10.1002/pits.1023
- ↑ a b «Developmental and etiological characteristics of children with sexual behavior problems: Treatment implications». Child Abuse & Neglect. 23. PMID 10391518. doi:10.1016/S0145-2134(99)00027-7
- ↑ a b «Children with sexual behavior problems and their caregivers: Demographics, functioning, and clinical patterns». Sexual Abuse: A Journal of Research and Treatment. 9. doi:10.1007/BF02674853
- ↑ Marshall, W.L. (1997). Pedophilia: Psychopathology and theory. In D. R. Laws &W. O’Donohue (Eds.), Sexual deviance: Theory, assessment, and treatment (pp. 152–174). New York: Guilford.
- ↑ «Deviant Sexual Behavior in Children and Young Adolescents: Frequency and Patterns». Sexual Abuse: A Journal of Research and Treatment. 10. doi:10.1023/A:1022194021593
- ↑ "Do Children Sexually Abuse Other Children? Preventing Sexual Abuse Among Children and Youth" Arquivado em 2 de setembro de 2017, no Wayback Machine., "Stop It Now!", 2007
- ↑ a b Loseke, Donileen R.; Gelles, Richard J.; Cavanaugh, Mary M. Current Controversies on Family Violence. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0-7619-2106-6
- ↑ «Treating sibling abuse families». Aggression and Violent Behavior. 10. doi:10.1016/j.avb.2004.12.001
- ↑ «Sibling Incest: Reports from Forty-One Survivors». Journal of Child Sexual Abuse. 15. PMID 17200052. doi:10.1300/J070v15n04_02
- ↑ «Child on child sexual abuse: Psychological perspectives». Child Abuse & Neglect. 24. PMID 11197037. doi:10.1016/S0145-2134(00)00212-X
- ↑ a b «Brother-sister incest—father-daughter incest: a comparison of characteristics and consequences». Child Abuse & Neglect. 23. doi:10.1016/S0145-2134(99)00058-7
- ↑ «Sibling Incest: Reports from Forty-One Survivors». Journal of Child Sexual Abuse. 15. PMID 17200052. doi:10.1300/J070v15n04_02
- ↑ Brown, Janelle C., Ph.D. (September, 2004). "Child-on-child sexual abuse: An investigation of behavioral and emotional sequelae," University of Pennsylvania, p. 1539.
- ↑ «Child Sexual Abuse and Sexual Re-victimization». Clinical Psychology: Science and Practice. 9. doi:10.1093/clipsy.9.2.135