A Menina do Lado
A Menina do Lado | |
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Brasil 1987 • cor • 95 min | |
Género | drama |
Direção | Alberto Salvá |
Roteiro | Elisa Tolomelli Alberto Salvá |
Elenco | Flávia Monteiro Reginaldo Faria Sérgio Mamberti Débora Duarte Adriano Reys |
Companhia(s) produtora(s) | Embrafilme |
Distribuição | Embrafilme |
Idioma | português |
A Menina do Lado é um filme brasileiro, do gênero drama, dirigido por Alberto Salvá e lançado em 1987. Trouxe nomes como Reginaldo Faria, Sérgio Mamberti e Débora Duarte no elenco. Marcou a estreia de Flávia Monteiro como atriz.
Sinopse
[editar | editar código-fonte]Mauro (Reginaldo Faria) é um jornalista, casado e de meia idade, que aluga uma casa em uma praia da pacata localidade de Búzios, então distrito do município de Cabo Frio, Estado do Rio de Janeiro, para conseguir se inspirar e terminar de escrever seu livro. Lá ele conhece e se apaixona pela adolescente Alice (Flávia Monteiro), que vive sozinha em uma casa vizinha a sua.
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Flávia Monteiro .... Alice
- Reginaldo Faria .... Mauro
- Sérgio Mamberti .... Paulo Maurício
- Débora Duarte... Mãe de Alice
- Adriano Reys...Lourenço
- John Herbert...Padrasto de Alice
- Tânia Scher...Mulher de Mauro
- Vanessa Jardim
- Lídia Mattos
- Roney Villela...Filho de Mauro
- Helena Arras...Namorada do filho do Mauro
Produção
[editar | editar código-fonte]Foi o primeiro trabalho de Flávia Monteiro (uma adolescente na época) como atriz. Ela foi lançada por Alberto Salvá após um concurso que envolveu 219 candidatas.[1] Na época, Flávia sequer tinha experiência de vida amorosa ou sexual e teve que interpretar uma adolescente que tem um caso com um intelectual de 45 anos.[1]
“ | Com a minha assistência, tive que encenar algumas cenas de amor para ela, porque quando alguém não tem vivência é preciso despertar pelo menos o "sentimento" feminino. Acho que no fundo todos têm essas coisas dentro de si, principalmente as mulheres. Então eu diria que precisávamos fazer a Flávia 'lembrar' como é que no ato a mão de uma mulher segura a nuca de um homem, ou como seu olhar se esgazeia de prazer. | ” |
— Alberto Salvá |
De acordo com o diretor, os pais de Flávia tiveram "compreensão e confiança" para deixar a equipe do filme trabalhar "num total à vontade".[1]
Por sua vez, Flávia disse que pediu conselhos técnicos a Reginaldo Faria sobre as cenas de sexo: "Sabe como é. Não tenho nenhuma prática no assunto", disse, na época.[2]
“ | No início foi difícil porque, além de nunca ter sido atriz, o Reginaldo era 'aquele galã da TV' e eu não sabia nada de sexo | ” |
— Flávia Monteiro, em 1988, [3] |
Flávia contou com o auxílio da roteirista Elisa Tolomelli, que praticamente dirigia a jovem. A atriz contou em 2005 que foi instruída a correr correr de um lado para o outro para que a respiração ficasse mais ofegante.[4]
Tom Jobim assinou a trilha sonora do filme.[5]
Estreia
[editar | editar código-fonte]Foi exibido no Rio de Janeiro durante o 4º FestRio, em novembro de 1987.[6] Chegou aos cinemas cariocas em 3 de março de 1988.[7]
O filme foi exibido no Festival de Gramado de 1988, com Reginaldo Faria vencendo como melhor ator e Flávia Monteiro como atriz coadjuvante.[8] O sucesso fez o filme chegar às locadoras do Rio Grande do Sul antes mesmo de ir para as telas das salas de cinema.[9]
Recepção
[editar | editar código-fonte]Artur Xexéo, do Jornal do Brasil, chama o filme de "uma história simplezinha, muito bem contada, com um elenco eficiente, uma produção profissional e que durante sua projeção conquista irresistivelmente a simpatia do espectador".[7] O jornalista destaca a atuação de Flávia Monteiro, dizendo que ela aparece "surpreendentemente amadurecida".[7]
Usando o filme como exemplo, o Jornal do Brasil publicou uma matéria sobre o "tabu" de relacionamentos entre pessoas de diferentes gerações. A publicação lembrou que o próprio ator do filme, Reginaldo Faria relutava em ser fotografado com a então namorada Roseclair Ventura, de 18 anos.[10]
Paulo Sérgio Rosa, do jornal O Pioneiro, chama o filme de "despretensioso", embora admita que seja um "assunto delicado".[9] Segundo a análise, o filme traz "um ótimo enredo", mas "que deixa a impressão de ter sido perdido. Inúmeros ganchos, várias opções de questionamentos desperdiçadas, mas que não invalidam a opção de assisti-lo". Ele destaca a atuação de Reginaldo Faria e "os momentos de sensualidade com a ninfeta Flávia Monteiro", apelidando-a de "pretty baby nacional".[9]
José Haroldo Pereira, da Revista Manchete, elogia a atuação de Flávia Monteiro, chamando-a de "uma graça de ninfeta e uma revelação de atriz", destacando a sua espontaneidade na tela.[11] Porém, ele lamenta o trabalho do diretor, dizendo que o trabalho dá "mais a impressão de um descompromissado projeto de férias".[11]
Repercussão posterior
[editar | editar código-fonte]Ao longo dos anos, o filme causou controvérsia por se tratar de um relacionamento entre um homem maduro e uma adolescente de 14 anos. Em 2005, o longa foi relançado para DVD. Ao ser perguntada sobre o filme, Flávia disse que uma história como essa não iria causar polêmica se fosse filmada naquele ano.[4]
“ | Hoje em dia, o filme não faria mais barulho ao mostrar o amor entre um homem e uma menina (...) O impacto não seria o mesmo. As coisas estão mais liberadas, minha prima de 14 anos não é como eu era | ” |
— Flávia Monteiro, em 2005 |
Em 2020, Flávia abriu uma rodada de perguntas em seu perfil pessoal nas redes sociais e foi questionada sobre o "A Menina do Lado". Ela afirmou que não foi rechaçada na época e que o longa fez "um sucesso absurdo". A atriz lembrou que o único problema foi com a escola, já que estudava no Colégio Marista, uma instituição católica, e o padre responsável veio da Itália para o Rio de Janeiro debater a questão:[12]
“ | O mais maravilhoso é que o senhorzinho de 80 anos veio, me falou que eu era muito boa aluna e que não interessava o que eu fazia fora do colégio | ” |
— Flávia Monteiro, em 2020 |
Flávia relembrou a repercussão do filme em 2023, em entrevista ao podcast "Papagaio Falante", de Sergio Mallandro e Renato Rabelo. Ela disse que as mães dos outros alunos do colégio a quiseram expulsá-la e recontou a história do padre responsável pela instituição.[13] A atriz lembrou que a personagem era uma garota emancipada cujo comportamento não era de uma menina.[13]
Prêmios e indicações
[editar | editar código-fonte]Festival de Gramado 1988 (Brasil)
- Recebeu dois Kikitos nas categorias Melhor Ator (Reginaldo Faria) e Melhor Atriz Coadjuvante (Flávia Monteiro)
- Indicado na categoria Melhor Filme.
Festival de Natal (Brasil)
- Recebeu dois prêmios nas categorias Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora.
Referências
- ↑ a b c «Gramado: mais uma noite das mulheres». O Pioneiro. 23 de junho de 1988
- ↑ «Flávia Monteiro». Jornal do Brasil - Revista Domingo. 11 de outubro de 1987
- ↑ «Primeiras Lições de amor». Jornal do Brasil. 28 de fevereiro de 1988
- ↑ a b «ISTOÉ Gente». web.archive.org. 22 de abril de 2005. Consultado em 13 de dezembro de 2023
- ↑ «O apocalipse enlouqueceu». Jornal do Brasil. 28 de fevereiro de 1988
- ↑ «4º FestRio». Jornal do Brasil. 23 de novembro de 1987
- ↑ a b c XEXEO, Artur (3 de março de 1988). «Atração de verão». Jornal do Brasil
- ↑ «"A Dama do Cine Shangai" vence o Festival de Gramado». O Pioneiro. 26 de junho de 1988
- ↑ a b c «A Menina do Lado: uma história de amor despretensiosa». O Pioneiro. 13 de agosto de 1988
- ↑ «Eros não pergunta a idade». Jornal do Brasil. 28 de fevereiro de 1988
- ↑ a b PEREIRA, José Haroldo (1988). «O corujão e a gatinha». Bloch Editores. Revista Manchete (n° 1875): p. 73
- ↑ «Flávia Monteiro fala de cenas de sexo em filme aos 14: 'Não fui rechaçada'». tvefamosos.uol.com.br. Consultado em 13 de dezembro de 2023
- ↑ a b «Flávia Monteiro relembra estreia como atriz aos 14 anos em cenas sensuais: 'Quiseram me expulsar do colégio'». gshow. 13 de dezembro de 2023. Consultado em 13 de dezembro de 2023