AIM-54 Phoenix
AIM-54A Phoenix | |
---|---|
Tipo | míssil ar-ar de longo alcance |
Local de origem | Estados Unidos |
História operacional | |
Utilizadores | Estados Unidos Irão |
Histórico de produção | |
Criador | Hughes Aircraft Corporation |
Fabricante | Hughes/Raytheon |
Período de produção |
1973 - 1990 |
Quantidade produzida |
5 000 |
Variantes | AIM-54C |
Especificações | |
Peso | 453 kg |
Comprimento | 4,01 m |
Largura | 92,5 cm |
Diâmetro | 38,1 cm |
Ogiva | MK-82 (explosivo de fragmentação) |
Peso da ogiva | 60 kg |
Motor | foguete Rocketdyne MK 47 ou Aerojet MK 60 |
Propelente | combustível sólido |
Alcance operacional (veículo) |
130 km[nota 1] |
Teto de vôo | 24 800 m |
Velocidade | mach 4,3 |
Sistema de orientação |
radar semi-activo |
Plataforma de lançamento |
F-14 Tomcat |
O AIM-54 Phoenix foi o míssil usado pela Marinha Norte-Americana, para defesa aérea da frota, contra ataques de bombardeiros estratégicos da ex União Soviética usando mísseis de cruzeiro. Já retirado do inventário da US Navy, continua a ser considerado o míssil ar-ar mais sofisticado e com maior raio de acção alguma vez produzido. Unicamente operado pelo F-14 Tomcat faz parte do sistema de armas composto pelo radar Hughes AN/AWG-9 e respectivo controlo de fogo AWG-17, capaz de rastrear 24 alvos e simultaneamente disparar e orientar contra seis.[nota 2][1]
Origens e desenvolvimento
[editar | editar código-fonte]Baseado na tecnologia usada no amplamente testado AIM-47 Falcon e no radar AN/ASG-18, binómio que se destinava a equipar o não produzido YF-12, foi inicialmente designado pela US Navy AAM-N-11 e renomeado AIM-54A em Junho de 1963.[2]
O primeiro protótipo designado XAIM-54A voou pela primeira vez em 1965, lançado de um A-3 Skywarrior[3] dando início aos testes de desenvolvimento, um ano após em Setembro de 1966 faz a sua primeira intercepção com sucesso.[2] Em 1969 o binómio composto pelo radar Hughes AN/AWG-9 e respectivo controlo de fogo AWG-17, era já capaz de lançar dois mísseis simultaneamente contra dois alvos distintos voando a altitudes e velocidades diferentes.[3]
Destinado a equipar o caça táctico F-111B para a Marinha dos Estados Unidos entretanto cancelado, foi escolhido como arma principal do Grumman F-14 Tomcat porque oferecia um aumento impressionante de capacidade operacional, comparado com os restantes mísseis do arsenal Norte-Americano à época.[4]
Os primeiros mísseis de produção final foram entregues durante 1973, antecipando o sua primeira implementação conjuntamente com o primeiro esquadrão de F-14 a bordo do USS Enterprise (CVN-65) no ano seguinte. Ainda em 1973 um teste efectuado já com o F-14 Tomcat como plataforma lançadora e usando um míssil com cabeça inerte, contra um alvo usando contra medidas electrónicas (ECM) e que no momento do disparo se situava a 204 km de distância, o míssil Phoenix subiu até aos 30 500 metros dirigindo-se para o alvo, que ultrapassou a uma distância letal para o derrubar.[3]
Uso operacional
[editar | editar código-fonte]Nas diversas acções de combate em que F-14 da US Navy foram envolvidos e obtiveram vitórias em combate aéreo, nunca utilizaram o AIM-54 Phoenix. Excepção feita ao uso de um par de misseis AIM-54C contra dois MIG-25 Foxbat Iraquianos, quando tentaram invadir a zona de exclusão aérea no Sul do Iraque no dia 5 de Janeiro de 1999, disparados por F-14D do esquadrão VF-213 os quais falharam por estarem no limite do alcance e os Mig na situação de retirada a alta velocidade.[5]
Ao serviço da Força Aérea da República Islâmica do Irão, sabe-se que foram usados para impedirem os MIG-25R Foxbat da ex União Soviética de reiteradamente violarem espaço aéreo nacional, os quais após uma demonstração em 1976, das capacidades do binómio F-14/AIM-54A junto à fronteira Soviética, abatendo drones adquiridos em Itália e que simulavam o MIG-25R Foxbat a grande altitude e velocidades supersónicas e ainda a posterior iluminação de um Foxbat pelo radar AN/AWG-9 de um Tomcat durante o tempo necessário para ser abatido várias vezes, mas que foi deixado escapar numa atitude de boa vontade, abandonaram definitivamente as incursões em território Iraniano.[6]
No período compreendido entre 14 de Setembro de 1980 e 24 de Março de 1988 estão referenciados os seguintes aviões todos eles Iraquianos atingidos por mísseis AIM-54A Iranianos:[7][8]
- Dos 13 aviões atingidos, um conseguiu regressar apesar de danificado e dois são reclamados como abatidos, mas não confirmados.
- Atingidas 13 aeronaves, uma das quais alcançou solo Iraquiano bastante danificada.
- Abatidos 12 unidades uma delas não confirmada.
- 11 Foxbat abatidos um dos quais conseguiu regressar mas despenhou-se antes de alcançar a base.
- Abatidos cinco exemplares.
- Abatidas 4 aeronaves, mais três SU-20, (basicamente são idênticos).
- Três aeronaves reclamadas como abatidas, mas apenas uma confirmada.
- Duas aeronaves abatidas.
- Foram ainda abatidos mais 10 aviões/helicópteros não devidamente identificados.
Variantes
[editar | editar código-fonte]- AAM-N-11
- Designação inicial dada ao AIM-54A.
- XAIM-54C
- Designação dada aos protótipos do AIM-54A.
- AIM-54A
- Primeira versão de produção final. Início dos testes de voo em 1965 alcança capacidade operacional em 1974, a produção terminou em 1980, após mais de 2 500 exemplares construídos.[1]
- AIM-54B
- Versão nunca produzida segundo algumas fontes, segundo outras trata-se de uma sub variante da versão A e produzida em quantidades diminutas.
- YAIM-54C
- Designação dada aos protótipos do AIM-54C.
- AIM-54C
- Segunda versão de produção final, iniciou os primeiros testes de voo em 1980 e atingiu capacidade operacional em Dezembro de 1986. O primeiro voo de um AIM-54C produzido pela Raytheon ocorreu em 6 de Junho de 1989.[1] Muito melhorada em relação à versão inicial possui mais resistência às contra mediadas electrónicas, incorpora um processador de sinal totalmente digitalizado, tal como o piloto automático, foi ainda introduzido numa fase posterior (1988), um compensador de temperatura obviando a necessidade de injecção de líquido refrigerador, esta última actualização, por ser oficialmente apelidada de sealed (selada) é erradamente designada por algumas fontes AIM-54C .
- AIM-54C
- Também designado Phoenix Point Defense Missile System (PDMS), não foi produzido.
- ATM-54C
- Destinado a exercícios de tiro.
- CATM-54C
- Versão não passiva de lançamento, para exercícios de aquisição de alvos.
- AEM-54C
- Versão destinada a testes de evolução com electrónica dedicada de telemetria.
- DATM-54A
- Versão destinada a treino de manutenção.
Utilizadores
[editar | editar código-fonte]- A Marinha Americana adquiriu mais de 5 mil exemplares de todas as versões (A,C), em 1990 todos os mísseis com capacidade operacional eram da versão C, os quais foram retirados em 2004, ainda que o F-14 só tenha sido aposentado em 2006. É suposto todos os mísseis (A,C) estarem na condição de armazenados.[2]
- O Irão inicialmente encomendou 424 AIM-54A em Janeiro de 1974 e em Junho desse mesmo ano fez uma encomenda adicional de mais 290 exemplares para uso dos seus 80 F-14 encomendados.[nota 3] No entanto apenas 284 foram entregues, mais dez inertes para missões de treino, os restantes foram embargados pela eclosão da revolução Islâmica e subsequente crise dos reféns Americanos. Quando os técnicos Americanos abandonaram o país conseguiram ainda sabotar 16 mísseis. Especula-se que em 1996 já não havia AIM-54A operacionais, ou por se terem esgotado ou por terem ficados inoperacionais devido a deficiente manutenção.[9]
Especificações comparativas
[editar | editar código-fonte]AIM-54A | AIM-54C | |
---|---|---|
Comprimento | 4,01 m | 4,01 m |
Envergadura | 92,5 cm | 92,5 cm |
Diâmetro | 38,1 cm | 38,1 cm |
Peso | 453 kg | 462 kg |
Velocidade | Mach 4,3 | Mach 5 |
Tecto | 24 800 m | 30 500 m |
Alcance | 130 km | 204 km[3] |
Propulsão | Rocketdyne MK 47 ou Aerojet MK 60 |
Rocketdyne MK 47 ou Aerojet MK 60 |
Carga explosiva | 60 kg de expansão contínua | 60 kg de fragmentação controlada |
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de mísseis
- R-40TD (designação NATO: AA-6 Acrid)
- AIM-47 Falcon
- AIM-120 AMRAAM
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ O alcance de um míssil, tal como o alcance de detecção do radar é muito subjectivo. Está dependente de factores climatéricos e atmosféricos como: pressão atmosférica, temperatura, humidade relativa, ventos e altitude. Os dados apresentados referem-se a condições ideias, que na realidade dificilmente ocorrem, sendo mais habitual encontrar condições adversas mas também condições favoráveis.
- ↑ Em teoria e em testes esta capacidade foi demonstrada, no entanto e segundo pilotos Iranianos é raramente usada, por afectar em demasia a performance do F-14, o qual equipado com seis mísseis fica incapaz de fazer combate de proximidade (dogfight) e a velocidade também é muito penalizada, devido ao efeito de arrasto aerodinâmico provocado pelos grande volume dos mísseis, a velocidade de aproximação aumenta para cerca de 290 km/h
- ↑ Só recebeu 79 Tomcats. Contrariamente ao especulado por algumas fontes e segundo um Major da Força Aérea do Irão, as únicas diferenças existentes entre os F-14 Iranianos e os da Marinha Americana, são: a camuflagem, o interrogador IFF APX-81-M1E, (a US Navy usava o APX-82A) que no caso Iraniano apenas estava habilitado a interrogar os correspondentes Soviéticos e a ausência do designador de alvos laser por opção do Irão.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Coronel Timothy M. Laur, Steven L. Lanso, Encyclopedia of Modern U.S. Military Weapons, Berkley Publishing Group, 1998, ISBN 0425164373
- Frédéric Lert, Grumman F-14 Tomcat in combat, Histoire & Collections, 2008, ISBN 9782352500735
- Michael John, Haddrick Taylor, Missiles of the World, MacMillan Publishing Company, 1982, ISBN 0684165937
- Tom Cooper & Farzad Bishop, Iranian F-14 Tomcat Units in Combat, Osprey Publishing Ltd, 2004, ISBN 1841767875
Referências
- ↑ a b c Coronel Timothy M. Laur, Steven L. Lanso, Encyclopedia of Modern U.S. Military Weapons, Berkley Publishing Group, 1998, pp. 238, ISBN 0425164373
- ↑ a b c d e Andreas Parsch. «Raytheon (Hughes) AAM-N-11/AIM-54 Phoenix». 2002. Consultado em 1 de Maio de 2011
- ↑ a b c d e Michael John, Haddrick Taylor, Missiles of the World, MacMillan Publishing Company, 1982, pp. 81, ISBN 0684165937
- ↑ Michael John, Haddrick Taylor, Missiles of the World, MacMillan Publishing Company, 1982, pp. 80, ISBN 0684165937
- ↑ Frédéric Lert, Grumman F-14 Tomcat in combat, Histoire & Collections, 2008, pp. 73, ISBN 9782352500735
- ↑ Tom Cooper & Farzad Bishop, Iranian F-14 Tomcat Units in Combat, Osprey Publishing Ltd, 2004, pp. 21, ISBN 1841767875
- ↑ Acig team (Setembro de 2003). «Iranian Air-to-Air Victories, 1982-Today». Consultado em 1 de Maio de 2011
- ↑ Acig team. «Iranian Air-to-Air Victories 1976-1981». Setembro 2003. Consultado em 1 de Maio de 2011
- ↑ Tom Cooper & Farzad Bishop, Iranian F-14 Tomcat Units in Combat, Osprey Publishing Ltd, 2004, pp. 18 ISBN 1841767875