O Vapor Ipiranga ou Canhoneira Ipiranga foi um navio de guerra da Armada Imperial Brasileira, tendo atuado na Guerra do Paraguai. Foi o terceiro navio a ostentar esse nome na Marinha do Brasil, referente ao riacho histórico de São Paulo, e foi o primeiro navio de guerra a hélice projetado e construído no Brasil. [1][2]

Ipiranga
Vapor Ipiranga
Vapor Ipiranga, comandado por Álvaro de Carvalho, bate o vapor de guerra paraguaio Saltó.
   Bandeira da marinha que serviu
Operador Marinha Imperial Brasileira
Fabricante Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
 Brasil
Lançamento 23 de setembro de 1854
Descomissionamento 1880
Características gerais
Tipo de navio Canhoeira
Deslocamento 350 toneladas
Comprimento 39,4 metros
Boca 5,52 metros
Calado 2,63 metros
Propulsão Caldeira a vapor para propulsão na hélice de popa
- 70 cv (51,5 kW)
Velocidade 9 nós
Armamento 7 canhões
Passageiros 173 homens e oficiais

Características

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Foi lançado em 1854 e possuía uma tripulação de até 171 homens. Era impulsionado por um motor a vapor com potência de 70 hp que impulsionava uma hélice que lhe permitia alcançar uma velocidade de até 9 nós. As suas dimensões era de 39,4 metros de comprimento; 5,52 metros de largura e 2,63 metros de calado, com deslocamento de 350 toneladas. Era equipado com 7 canhões, [3] sendo uma peça de calibre 30 de 2ª classe, disposto em rodizio, e seis outras, do mesmo calibre e de 5ª classe, posicionadas em bateria. Sua guarnição, em tempos de paz, era definida em 104 homens.[4]

Teve sua quilha batida em 20 de outubro de 1852 e foi batizada, por meio de Aviso de 20 de dezembro do mesmo ano, em homenagem ao histórico riacho paulista junto ao qual Dom Pedro lançou o brado da Independência do Brasil. Foi lançada ao mar em 29 de setembro de 1854 e a 19 de outubro desse ano foi realizada sua mostra de armamento.[4]Teve como o seu primeiro comandante, o Capitão-Tenente João Gomes de Aguiar. [2]

O Vapor Ipiranga foi projetado por Napoleão Level e construído pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, tendo sido o primeiro navio de guerra a hélice produzido no país. [1][2]

História

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Episódios do dia 13 de junho de 1865. Combate Naval de Riachuelo. Os vapores Ypiranga (com Álvaro de Carvalho), Vapor Mearim (com Barbosa), Vapor Araguari (com Hoonholtz) e Vapor Iguatemi (com Coimbra), trabalhando em desencalhar o Jequitinhonha. Por Fleiuss (1865).

Em 18 de maio de 1863, assumiu seu comando o Capitão-Tenente Manuel Antônio Vital de Oliveira, que, a 27 de janeiro de 1864, auxiliou a Canhoneira francesa Lutim no salvamento de uma galera da mesma nacionalidade que naufragara no litoral fluminense. A 18 de fevereiro desse ano, partiu para serviços hidrográficos ao Sul do Brasil.

O Ipiranga participou desde de o início da Guerra do Paraguai, sendo sua primeira atuação, o bloqueio de 5 de abril de 1865. [2]Em 5 de abril de 1865, partiu para o bloqueio naval ao Paraguai, fazendo parte da Divisão do Chefe José Segundino de Gomensoro.

Em 30 de abril de 1865, o vapor partiu para Buenos Aires sob o comando do 1º Tenente Álvaro Augusto de Carvalho com o objetivo de subir o Rio Paraná a fim de bloquear, efetivamente, as Forças Navais inimigas. O navio fazia parte da esquadra do Almirante Barroso, junto da Fragata Amazonas (capitânia), e pelas Corvetas Beberibe, Belmonte e Parnahyba e pelas canhoneiras Araguary, Mearim, Iguatemy e Jequitinhonha.[2] Para essa missão contava com 98 praças e 8 oficiais da Armada em sua tripulação, além de um destacamento embarcado composto por 61 soldados e 4 oficiais da Polícia do Rio de Janeiro.

Em 11 de junho de 1865, a Esquadra travou com o inimigo a Batalha Naval do Riachuelo. O Comandante elogiou os seguintes oficiais e praças: Primeiro-Tenente Joaquim Cândido dos Reis, imediato; Segundo-Tenente José Cândido Guillobel e Antônio Maria do Couto; Guarda-Marinha Francisco Augusto de Paiva Bueno Brandão; Escrivão José Carlos de Gouveia Faria; Comissários José de Tavora Noronha de Almada e Vasconcellos Freire de Andrade; Cirurgião Dr. Manuel Joaquim de Saraiva; Alferes do Depósito do Corpo da Polícia Faustino José da Silveira e os Alferes, do mesmo corpo, Antônio Firmino da Costa e José Joaquim Rodrigues de Araujo; Primeiro Engenheiro Maquinista James Ronfrew, Segundo-Tenente Pedro Xavier Ferreira; Mestre do Navio Lauriano do Nascimento; Guardião Manuel Joaquim; Escrevente Manuel Jesser de Sá; Prático José Ricardo; Imperiais-Marinheiros Manuel Joaquim dos Mártires e Antônio Garcindo. O navio apenas teve morto um grumete e alguns feridos nesse embate. Restando algumas avarias no material que foram facilmente reparadas.

Ainda na Campanha da Guerra da Tríplice Aliança, a 18 de junho de 1865, seguiu com a Esquadra para forçar o passo fortificado de Mercedes e, a 12 de agosto, suspendeu a fim de forçar o passo de Cuevas. Nesse combate, a Ipiranga, que cerrava a coluna devido à sua pouca marcha, foi fortemente atacada pelas Forças inimigas, restando então um morto e sete feridos.

Seu comandante, Primeiro-Tenente Álvaro Augusto de Carvalho, mesmo abatido em razão da febre tifoide, contrariando seus comandados, foi transportado até o convés onde pôde comandar as ações de seus homens durante todo o combate.Em 05 de setembro de 1865, 1º Tenente Álvaro Augusto de Carvalho faleceu em decorrência de uma febre tifóide em hospital de Buenos Aires.[4]

Em 16 de novembro de 1865, a ordem do dia n.º 21 do Comandante da Divisão no Paraná nomeou o Capitão-Tenente Francisco José de Freitas o novo comandante da Ipiranga. O Capitão-Tenente Freitas assumiu o comando em Buenos Aires.

 
Vista dos barrancos e fortificações de Curupaity, tomada de bordo do vapor Princesa.

Em 16 de abril de 1866, tomou parte nas ações no passo de Vitória, onde lhe coube a função de proteger o desembarque das tropas do Exército. Ainda nesse mesmo mês, participou dos bombardeios contra posições inimigas na Fortaleza de Itapiru.  A 13 de julho, o Primeiro-Tenente Antônio Maria do Couto e sete praças de escaler de ronda foram mortos, vítimas da explosão de um torpedo. Em setembro de 1866, participou dos bombardeios ao Forte de Curuzú e ao Forte de Curupaiti. [2]

Após término dos combates na Campanha da Tríplice Aliança e a consequente declaração de paz, retornou ao Rio de Janeiro.

Por Aviso, de 28 de abril de 1875, passou à subordinação do 2o Distrito Naval e, por meio de outro Aviso, de 10 de julho de 1877, foi posta em disponibilidade. Em setembro de 1881 suspendeu de Pernambuco para o Atol das Rocas, levando a bordo o Engenheiro Militar Coronel Alvim para estudar a colocação de um farol naquele ponto. Permanecendo naquela localidade do dia 24 de setembro até 27 de outubro desse mesmo ano.[4]

Comandantes

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Representação na cultura

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Obra de Victor Meirelles, Estudo para a Batalha do Riachuelo.

Referências

  1. a b Lodi-Ribeiro, Gerson (5 de abril de 2016). Crimes Patrióticos - Uma Crônica de Guerras Perdidas. [S.l.]: Editora Draco. ISBN 9788509994129 
  2. a b c d e f «NGB - Canhoneira a Vapor Ipiranga». www.naval.com.br. Consultado em 8 de outubro de 2018 
  3. Theotonio, Meirelles da Silva (1877). O exercito brazileiro na campanha do Paraguay: Resumos historicos. Offerecidos à mocidade estudiosa. [S.l.]: Typ. do Globo 
  4. a b c d «IPIRANGA Canhoneira» (PDF). Marinha do Brasil. Consultado em 9 de maio de 2021  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)