Smṛti (em sânscrito: स्मृति, IAST: smṛti, "aquilo que é lembrado") ou smriti, é um corpo textual canônico de escrituras que registram a tradição oral no Hinduísmo[1], inspirado no conteúdo dos Vedas[2]. Essas obras possuem autores definidos e possuem autoridade secundária, em contraste à literatura védica śruti, que é vista como eterna, dogmática e é atribuída à revelação divina direta[2]. A autoridade de um smṛti é derivada do śruti, em que é baseado[3].

Cada texto smṛti pode conter muitas variações e versões, sendo lidos de muitas maneiras, até mesmo conflitando entre si[2]. Obras de categoria smṛti são fluídas, passíveis de atualização e são comumente escritas por tradições medievais antigas[2][3].

Textos

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O corpus textual Smṛti inclui as seguintes categorias de textos, mas não se limita a elas:

  1. Os seis Vedāngas (gramática, métrica, fonética, etmologia, astrologia e rituais)[1],
  2. O Itihasa, o Mahābhārata e o Rāmāyana[1],
  3. Textos sobre as quatro metas da vida humana[4]:
    1. Dharma: Textos que discutem várias perspectivas religiosas, sociais, morais, deveres e perspectivas éticas. Cada uma das maiores escolas do Hinduísmo possui sua própria literatura sobre dharma. Isto inclui os Dharma-sutras (particularmente os de Gautama, Apastamba, Baudhayana e Vāsiṣṭha) e os Dharma-sastras (como o Manusmṛti, Yājñavalkya Smṛti, Nāradasmṛti and Viṣṇusmṛti). Em um nível mais pessoal, vários capítulos do Yogasutras.
    2. Artha: Textos que tratam de riqueza individual, de todas a sociedade, políticas econômicas e leis. Por exemplo, o Arthashastra de Chanakya, o Kamandakiya Nitisara, Brihaspati Sutra, e Sukra Niti. Segundo o indologista Olivelle, a maioria desses textos se perderam.
    3. Kama: Textos que discutem artes, emoções, amor, erotismo, relações e outras ciências da busca pelo prazer. O Kamasutra de Vātsyāyana é o mais conhecido. Outros textos incluem o Ratirahasya, Jayamangala, Smaradipika, Ratimanjari, Ratiratnapradipika, Ananga Ranga, dentre outros.
    4. Moksha: Aqueles que desenvolvem e debatem a natureza e o processo de liberação, liberdade e emancipação espiritual. A maioria desses tratados incluem Upanishads de datação mais recente (os antigos são considerado Sruti), Vivekachudamani, e os sastras de Yoga.
  4. Os Purānas[1],
  5. Kāvya, a literatura poética[1],
  6. A extensiva categoria de textos Bhasyas (que comentam textos sagrados)[1],
  7. Os sutras e shastras das várias escolas de filosofia Hindu[5],
  8. Os numerosos Nibandhas que cobrem política, medicina (Charaka Samhita), ética (Nitisastras), cultura, artes a sociedade[1].

Ver também

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Ligações externas

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  1. a b c d e f g Purushottama, Bilimoria. The idea of Hindu law, Vol. 43. [S.l.]: Journal of Oriental Society of Australia. pp. 103–130 
  2. a b c d Wendy, Doniger O'Flaherty. Textual Sources for the Study of Hinduism. University of Chicago Press: [s.n.] pp. 1–2 
  3. a b Pollock, Sheldon (2012). The Revelation of Tradition: śruti, smrti, and the Sanskrit Discourse of Power. London.: Anthem Press. pp. 41–62 
  4. Tadeusz Skorupski. Review: Manu Swajambhuwa, Manusmryti, Czyli Traktat o Zacności; Watsjajana Mallanga, Kamasutra. [S.l.]: Journal of the Royal Asiatic Society of Great Britain & Ireland. pp. 208–209 
  5. Karl Potter. The Encyclopedia of Indian Philosophies. [S.l.]: Motilal Banarsidass