Pietralata
Pietralata é o vigésimo-primeiro quartiere de Roma e normalmente indicado como Q. XXI. Este mesmo topônimo indica a zona urbana 5G do Municipio IV da região metropolitana de Roma Capitale. Seu nome deriva do termo latino "prata lata" ("grande planície"), uma característica ainda hoje presente na região.
Geografia
editarO quartiere Pietralata fica na região nordeste da cidade. Suas fronteiras são:
- ao norte estão os quartieres Q. XVI Monte Sacro, separado pelo rio Aniene, da Via Val Brembana até a Via Monte Gemma, por esta última e pela Via Levanna, Q.XXVIII Monte Sacro Alto, separado pela Via Nomentana, da Via Levanna até a Via Giovanni Zanardini, e Q.XXIX Ponte Mammolo, separado pela Via Giovanni Zanardini inteira.
- a leste está o quartiere Q. XXIX Ponte Mammolo, separado por um trecho da Viale Kant, um trecho da Viale Egidio Galbani e por toda a Via Casal de' Pazzi até a Via Tiburtina.
- ao sul estão os quartieres Q. XXII Collatino, separado pela Via Tiburtina, do rio Aniene até a Via di Portonaccio, e Q. VI Tiburtino, separado pela Via Tiburtina.
- a oeste está o Q. V Nomentano, separado pela Tangenziale Est, da Via Tiburtina até a altura da Via Val Brembana.
História
editarPietralata, ou Prata Lata[1], como aparece nos documentos mais antigos, era um conhecido latifúndio da zona rural romana (a campagna), com cerca de {{fmtn|2500|| hectares entre as vias Tiburtina e Nomentana que incluía o vale de Sant'Agnese fuori le Mura, as colinas de Portonaccio e, ao longo do rio Aniene a Casal de' Pazzi, incluía também o Castello di Pietralata, erguido sobre as ruínas de uma antiga villa romana[2]. Deste último derivou o nome de uma família que foi proprietária de todo o terreno até o final da Idade Média, como atestam duas cartas preservadas no Arquivo de Latrão: nelas são mencionados um Orazio di Pietralata, que viveu no início do século XVI, e um tal Giovan Battista di Pietralata, bispo de Sant'Angelo in Vado[2]. A ela se sucederam primeiro a família Lante, e, depois, uma famosa divisão: os Ruberti, o príncipe Stanislao Poniatowski e finalmente a família Mazzetti, que, reunindo todas as porções novamente, obteve do papa a criação de do "Marquesado de Pietralata"[3].
Passada depois aos Torlonia, a região nasceu como um dos doze "borgos oficiais", criados pelo Governorato de Roma para receber, entre 1935 e 1940, o entulho das demolições realizadas por Mussolini no centro de Roma, em particular nas regiões no entorno do Campidoglio, na Via del Teatro di Marcello, dos Fóruns imperiais, San Giovanni in Laterano, Porta Metronia e da Viale Castrense.
Durante o regime fascista, a região ficou famosa por causa de suas "casinhas de sete liras", chamadas assim por causa de seu baixo custo e caracterizadas por não terem banheiro, cozinha e nem água corrente. Em 23 de outubro de 1943, numa vala entre os campos que flanqueavam a Via Tiburtina, perto de uma fábrica de queijos da Ponte Mammolo, foram trucidados pela SS nazista nove partisans do movimento comunista Bandiera Rossa, que haviam atacado o Forte Tiburtina atrás de víveres, armas, munições e remédios, e mais um ciclista que estava de passagem no local, um evento conhecido como Massacre de Pietralata.
Em 1953, as antigas casinhas foram substituídas por unidades mais modernas e, entre 1957 e 1964, os antigos lotes foram substituídos por edifícios. Todos estes eventos estão ligados à profunda identidade suburbana dos habitantes locais que, isolados do contexto mais urbano da cidade, recorreram à igreja (San Michele Arcangelo a Pietralata), especialmente às irmãs sacramentinas que ajudavam na escolarização dos mais jovens, e ao Partido Comunista, que fomentou a organização política e na luta por moradia. O partido também foi responsável, em 1968, pela fundação da "Polisportiva Albarossa", que jogava no campo "XXV Aprile".
Da década de 1950 até o final da década de 1970 eram frequentes os alagamentos provocados pela construção das marginais do vizinho rio Aniene num nível muito baixo. Mais tarde foram realizadas obras para elevar o nível da via cujos efeitos ainda hoje são visíveis: algumas lojas estão num nível mais baixo do que o da Via di Pietralata e os primeiros andares de muitas casas se tornaram andares térreos. Até 1961, o borgo de Pietralata era parte do subúrbio S. II Nomentano, quando a região foi separada e constituída no quartiere Q. XXI Pietralata.
Os únicos pontos de lazer em todo o quartiere eram um cinema, o mercado com sua praça, a paróquia de San Michele Arcangelo e a Casa del Popolo, construída em 1967. Na década seguinte começou o combate contra o analfabetismo: até então, a região toda tinha apenas uma escola elementar e não havia nenhuma escola de ensino médio e nem superior, o que obrigava muitos jovens a interromperem seus estudos por falta de recursos. Foi nesta época que começou a se acentuar a distinção entre a parte alta e a parte baixa (histórica) de Pietralata, tanto do ponto de vista econômico quanto do político.
A partir do final da década de 1970, Pietralata mudou bastante, especialmente depois que Luigi Petroselli deu início a intervenções no quartiere, especialmente o já citado aumento do nível da rua da Via di Pietralata em dezembro de 1979. Em 1990 foi inaugurado ali a estação Pietralata do metrô de Roma e, logo depois, o Ospedale Sandro Pertini. Em 1998, com a recuperação dos fundos roubados durante a construção do metrô, o então prefeito Francesco Rutelli determinou a construção de uma praça onde anteriormente havia um aterro, primeiro chamada de Piazza Risarcimento e, depois de protestos dos habitantes do bairro, que queriam o nome de Pier Paolo Pasolini, passou a ser chamada de Largo di Pietralata.
Vias e monumentos
editarAntiguidades romanas
editarEdifícios
editarPalácios e villas
editarOutros edifícios
editarIgrejas
editarVer também
editarReferências
- ↑ Verdi, Orietta; Curti, Francesca; Piersanti, Stefania, eds. (2009). In presentia mei notarii. Piante e disegni nei protocolli dei Notai Capitolini (1605-1875) (em italiano). Roma: Ministero per i beni e le attività culturali, Direzione generale per gli archivi. p. 210, 311, 370. ISBN 978-88-7125-306-0
- ↑ a b Cav. P.E. Visconti Commissario delle Antichità, Relazione intorno alla Tenuta, già Castello di Pietralata del 31 maggio 1841, ASV-Sec. Brev., Reg. 5013 n. 41 e 42
- ↑ Breve Pontificio di SS Gregorio XVI del 28 gennaio 1842, in ASV-Sec. Brev., Reg. 5013 n. 118.
Bibliografia
editar- Cerchiai, Claudia (1991). I Rioni e i Quartieri di Roma. QUARTIERE XXI. PIETRALATA (em italiano). 8. Roma: Newton Compton Editori
- Carpaneto, Giorgio (1997). I quartieri di Roma (em italiano). Roma: Newton Compton Editori. ISBN 978-88-8183-639-0
- Tocci, Walter; Ligi, Gianluca (1998). La piazza di Pietralata a Roma (em italiano). Roma: Gangemi editora. ISBN 978-88-7448-847-6
- Rendina, Claudio; Paradisi, Donatella (2004). Le strade di Roma (em italiano). 1. Roma: Newton Compton Editori. ISBN 88-541-0208-3
- Bernardini, Albino (2005). Un ano a Pietralata. La scuola nemica (em italiano). Nuoro: Ilisso Edizioni. ISBN 978-88-87825-94-7
- Rendina, Claudio (2006). I quartieri di Roma (em italiano). 2. Roma: Newton Compton Editori. ISBN 978-88-541-0595-9
- amarda, Emiliana C (2007). Pietralata. Da campagna a isola di periferia (em italiano). Milano: FrancoAngeli. ISBN 978-88-464-8337-9
- Carpaneto, Rodolfo; Gerindi, Senio; Rossi, Aldo (2007). Pasolini e le borgate (em italiano). Roma: Associazione Culturale "Aldo Tozzetti" e Regione Lazio
- Villani, Luciano (2012). Le borgate del fascismo. Storia urbana, politica e sociale della periferia romana (pdf). 2.4 Tor Marancia, Gordiani, Pietralata (em italiano). Milano: Ledizioni. p. 70-82. ISBN 978-88-6705-014-7
- Villani, Luciano (2012). Le borgate del fascismo. Storia urbana, politica e sociale della periferia romana (pdf). 5.3 Pietralata e Tiburtino III (em italiano). Milano: Ledizioni. p. 163-174. ISBN 978-88-6705-014-7
- Petaccia, Paolo; Greco, Andrea (2016). Borgate. L'utopia razional-popolare. Col: Roma Capitale (em italiano). Roma: Officina Edizioni. ISBN 978-88-6049-194-7
- Spadano, Luigia (2018). Pietralata story. Col: Segreti e tesori di Roma (em italiano). Roma: Ponte Sisto. ISBN 978-88-9929-081-8
Ligações externas
editar- «Fronteiras do Quartiere Pietralata» (em italiano). Google Maps
- «Mappa sensibile dei Quartieri e Suburbi di ROMA» (em italiano). Portali di Roma
- «Municipio Roma IV (4) ex Municipio Roma V (5)» (em italiano). Roma Capitale
- «Da Bene Confiscato a Bene Comune, gli Studios Ex De Paolis tornano a Roma Capitale» (em italiano). Roma Capitale. 27 de novembro de 2013
- «Pietralata - La storia della borgata romana» (em italiano). Pagine corsare - I luoghi di Pasolini
- «Storia degli ex studi cinematografici De Paolis» (em italiano). Studios s.r.l.