Parábola da Ovelha Perdida

A Parábola da Ovelha Perdida é uma das parábolas de Jesus e aparece em dois dos evangelhos sinóticos do Novo Testamento, bem como no apócrifo Evangelho de Tomé[1].

O Bom Pastor regozijando-se com seus amigos.
Gravura de Jan Luyken na Bíblia de Bowyer.

De acordo com Mateus 18:10–14 e Lucas 15:1–7, um pastor deixa seu rebanho a fim de encontrar uma ovelha que se perdeu. Esta parábola é a primeira de uma trilogia sobre a redenção que Jesus conta após os fariseus e os líderes religiosos terem-No acusado de receber e fazer suas refeições com "pecadores"[2]. Em Lucas, ela aparece em Lucas 15:1–7 e é seguida pelas outras duas da trilogia, a Parábola da Moeda Perdida e a Parábola do Filho Pródigo.

Narrativa bíblica

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O Bom Pastor.
1520. Por Frei Carlos, atualmente no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.

No Evangelho de Mateus:

«Vede não desprezeis um destes pequeninos; porque vos digo que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai celestial. {Porque o Filho do homem veio salvar o que havia perecido.} Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se extraviar, não deixa as noventa e nove e vai aos montes procurar a que se extraviou? Se acontecer achá-la, em verdade vos digo que se regozija mais por causa desta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Assim não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que pereça um só destes pequeninos.» (Mateus 18:10–14)

No Evangelho de Lucas:

«Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. Os fariseus e os escribas murmuravam: Este recebe pecadores e come com eles. Jesus propôs-lhes esta parábola: Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai em busca da que se havia perdido até achá-la? Quando a tiver achado, põe-na cheio de júbilo sobre os seus ombros; e chegando à casa, reúne os seus amigos e vizinhos e diz-lhes: Regozijai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido. Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos, que não necessitam de arrependimento.» (Lucas 15:1–7)

Evangelho de Tomé

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No Evangelho de Tomé:

107. Disse Jesus: O Reino é semelhante a um pastor que tinha cem ovelhas. Uma delas se extraviou, e era a maior de todas. Ele deixou as noventa e nove e foi em busca daquela única até achá-la. E, depois de achá-la, lhe disse: eu te amo mais do que as noventa e nove.
 

Interpretações

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Esta parábola compartilha com a da Moeda Perdida o mesmo tema, sobre perda, busca e reencontro[2]. A ovelha perdida ou a moeda perdida representam o ser humano perdido.

Tal como na analogia do Bom Pastor, Jesus é o pastor, identificando-se com a imagem de Deus como um pastor em busca de ovelhas perdidas em Ezequiel 34:11–16[2]. Joel B. Green escreve que "essas parábolas são fundamentalmente sobre Deus, ... o seu objectivo é esclarecer a resposta divina em relação à recuperação do que foi perdido."[4]

A alegria do pastor com seus amigos representa Deus se alegrando com os anjos. A imagem de Deus, regozijando-se com a recuperação dos pecadores perdidos contrasta com as críticas de líderes religiosos (os fariseus) que motivaram Jesus a contar a parábola[4].

Como a Parábola do Servo Fiel, é uma parábola sobre homens que está imediatamente antes, e chega na mesma conclusão, que uma parábola sobre mulheres[5].

Representação na arte

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A imagem desta parábola, do pastor colocando a ovelha sobre os ombros, foi amplamente incorporada pelas representações do Bom Pastor[6]. Consequentemente, esta parábola aparece na arte majoritariamente como uma influência nas representações do Bom Pastor ao invés de um tema em si mesmo.

Ver também

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Referências

  1. Gospel of Thomas: 107 Lamb translation and Patterson/Meyer translation.
  2. a b c Richard N. Longenecker, The Challenge of Jesus' Parables, Eerdmans, 2000, ISBN 0802846386, pp. 201–204.
  3. «Evangelho de Tomé». Saindo da Matrix. Consultado em 19 de fevereiro de 2011 
  4. a b Joel B. Green, The Gospel of Luke, Eerdmans, 1997, ISBN 0802823157, p. 526.
  5. A Parábola do Servo Fiel está antes da Parábola das Dez Virgens e esta está antes da Parábola da Moeda Perdida.
  6. Walter Lowrie, Art in the Early Church, Pantheon Books, 1947, ISBN 1406752916, p. 69.