Magno VI da Noruega
Magno VI (Tønsberg, 1 de maio de 1238 – Bergen, 9 de maio de 1280), apelidado de "o Legislador" pela modernização e nacionalização do código de leis, foi o Rei da Noruega de 1263 até sua morte. Era filho do rei Haakon IV e Margarida Skulesdatter.[1]
Magno VI | |
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Rei da Noruega | |
Reinado | 16 de dezembro de 1263 a 9 de maio de 1280 |
Coroação | 14 de setembro de 1261 |
Antecessor(a) | Haakon IV |
Sucessor(a) | Érico II |
Nascimento | 1 de maio de 1238 |
Tønsberg, Noruega | |
Morte | 9 de maio de 1280 (42 anos) |
Bergen, Noruega | |
Sepultado em | Catedral de Bergen, Bergen, Noruega |
Nome completo | Magno Haakonsson |
Esposa | Ingeborg da Dinamarca |
Descendência | Érico II da Noruega Haakon V da Noruega |
Casa | Sverre |
Pai | Haakon IV da Noruega |
Mãe | Margarida Skulesdatter |
Religião | Catolicismo |
Primeiros anos
editarCom a morte de seu irmão Haakon Haakonsson, o jovem, Magno tornou-se o herdeiro do trono norueguês e foi nomeado rei por seu pai Haakon IV desde 1257, a partir dessa data até a morte de Haakon IV, ambos governariam conjuntamente.[1]
Em 11 de setembro de 1261 se casou com a princesa Ingeborg de Dinamarca, filha do rei Érico IV. O pleito pela herança de Ingeborg envolveria a Noruega, em uma série de conflitos contra a Dinamarca que iria durar décadas. Magno e sua esposa foram coroados em 1261 e ele se encarregou do governo da Noruega enquanto Haakon IV saiu numa expedição contra a Escócia pela possessão das Ilhas Britânicas, onde morreu em 1263.[1]
Reinado
editarPolítica externa
editarMagno terminou com a política de seu pai em relação aos domínios noruegueses nas Ilhas Britânicas. Iniciou negociações de paz com o rei Alexandre III da Escócia. Com o Tratado de Perth de 1266, Magno abandonou as reivindicações norueguesas no Mar da Irlanda (Ilha de Man e Hébridas) em troca de 4 mil marcos e um pagamento anual de mil marcos por parte do rei da Escócia, que contudo não seria concluído. Também em troca da cessão territorial, a Escócia reconheceu a soberania norueguesa sobre as Órcadas e as Shetland.[2] As negociações de paz com a Escócia se deveram em parte à pressão da Inglaterra, país com que a Noruega mantinha um tratado comercial desde 1223, que em 1269, mediante o Tratado de Winchester, tomou a categoria de livre comércio.
As relações políticas com a Inglaterra foram boas, mas com a Escócia tiveram um caráter mais distante, já que seu governo deixou de realizar os pagamentos a que estava obrigado desde o Tratado de Perth. No entanto, Magno não exerceu pressões sobre a Escócia, mas tentou melhorar as relações entre os dois países. O primeiro passo nesse sentido foi a relação matrimonial entre seu filho Erik e Margarida, Princesa da Escócia, filha de Alexandre III.[1]
Apesar de ter mantido uma boa política nos assuntos internos do reino e nas relações com o Ocidente, a situação com os seus vizinhos nórdicos foi mais problemática.[1] Magno lutou pela herança de sua esposa, cujo pai foi morto em 1250, e iniciaria a uma série de conflitos com a Dinamarca que durariam várias décadas. Na década de 1270 ele tentou intervir na disputa pelo trono da Suécia, entre o rei Valdemar e seus irmãos Magno e Érico. Quando Valdemar foi deposto por Érico, Magno reuniu uma frota e teve uma audiência com o novo rei Magno III para encontrar um acordo entre os irmãos, sem qualquer bom resultado.
Legislação nacional
editarO sobrenombre de Lagabøte significa literalmente o melhorador das leis, devido a realização de mudanças substanciais nas leis do reino. Em primeiro lugar, levou a revisão da velha lei provincial e posteriormente trabalhou na elaboração de uma nova lei nacional. Essa nova lei foi aprovada nos tings em 1274 (lei nacional), em 1276 foi criado um suplemento, a lei municipal e foi aplicada também na Islândia e nas Ilhas Feroe.[1] A existência de um código legal para todo o país converteu a Noruega num reino vanguardista nesse aspecto na Europa, algo só introduzido nos reinos da Sicília e de Castela.
A lei do rei Magno considerou o crime como um prejuízo para o Estado e não apenas para o indivíduo, e, portanto, estava sob o domínio do Estado punir criminosos, reduzindo assim as vinganças pessoais. Aumentou o poder do rei, tornando-o na garantia da justiça. A lei municipal, por seu lado, concedeu liberdades às cidades, garantindo a independência do controle rural. A seção específica do direito nacional estabelecia a legitimidade no nascimento de um descendente real como um pré-requisito e primogenitura como uma prioridade na sucessão do trono, em conformidade com os acordos que o rei Haakon IV tinha estabelecido com a Igreja às leis ambíguas de sucessão que reinava na Noruega. Em 1273, Magno outorgou a Erik, seu filho mais velho - então com cinco anos de idade - o título de príncipe, e a seu filho mais novo, Haakon, o título de duque.[1]
Embora Magnus seja considerado por diversas fontes biográficas como um rei piedoso, suas leis entraram num conflito com a Igreja. O arcebispo de Nidaros, Jon Raude, protestou pela intromissão do monarca no âmbito eclesiástico mediante a revisão das leis da Igreja, ao tempo que buscava manter a influência do clero no Estado. Com a Concordata de Tønsberg de 1277 se reconciliaram as partes: o clero recebeu maiores privilégios jurídicos, mas renunciou às suas pretensões de que a Noruega era um feudo sob a autoridade última da Igreja Católica.[3]
As cidades comerciais do norte da Alemanha expressaram seu descontento pela lei municipal norueguesa, que tratava aos comerciantes alemães a par de cidadãos noruegueses, de modo que o rei decidiu conceder algum tipo de imunidade legal a partir de 1278.
Cultura
editarMagno VI continuou com a política de seu pai de introduzir a cultura das cortes europeias na Noruega. Em 1277 substituiu os antigos títulos nórdicos de lendmann e skutilsvein pelos títulos europeus de barão e cavaleiro (riddar) e ao mesmo tempo concedeu privilégios adicionais à nobreza. Magno é provavelmente também o primeiro rei norueguês que nomeava a si mesmo com um número ordinal,[4] nesse caso apresentando-se como Magnus IV.
Imediatamente depois da morte de seu pai, deu instruções ao historiador islandês Sturla Þórðarson para escrever sua biografia, a Saga de Haakon Håkonsson. Em 1278 fez redigir sua própria saga, para o qual chamou ao mesmo Sturla. A Saga de Magno, o Legislador é a última das sagas reais norueguesas; desafortunadamente, apenas ficou conservado um pequeno fragmento.[1]
Com a política exterior que Magno implementou, construiu-se pela primeira vez um aparato diplomático norueguês, com missões no exterior, intercâmbio de cartas e presentes de boa vontade. A diplomacia levou a criação de um grupo de proeminentes homens do ramo, entre eles Loðinn leppur, que destacavam-se por sua ampla cultura.
Reformou o leidang tradicional para construir um exército profissional e criou uma força de elite que propiciou o surgimento de uma nova classe social.
Morte e legado
editarNa primavera de 1280 Magno adoeceu em Bergen e morreu em 9 de maio. Foi sepultado na igreja do mosteiro franciscano dessa cidade, que a partir do século XVI seria a Catedral de Bergen.
Alguns historiadores modernos consideram-no um rei fraco, que desistiu das Hébridas e cedeu às exigências da Igreja, enquanto outros julgam essas políticas como sábia, já que a Noruega manteve-se longe de guerras desnecessárias e com pouco futuro para a estabilidade, que foi preservada no país.
Família
editarCasado em 1261 com Ingeborg Eriksdotter, teve quatro filhos varões, dos quais apenas dois sobreviveriam até a idade adulta:
Ancestrais
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h Magnus 6 Håkonsson Lagabøte – utdypning(Store norske leksikon)
- ↑ Full original text of the treaty, from Diplomatarium Norvegicum (em Latim)
- ↑ Sættargjerden i Tunsberg (Store norske leksikon)
- ↑ Skaare, Kolbjørn (1995). Norges mynthistorie: Bind 1. [S.l.]: Universitetsforlaget. p. 332
Bibliografia
editar- Sturla Þórðarson; translation to English by G.W. Dasent (1894). The Saga of Hakon and a Fragment of the Saga of Magnus with Appendices (em inglês). 88.4. London: Rerum Britannicarum Medii Ævi Scriptores
- Knut Helle (1974). Norge blir en stat, 1130–1319, pp. 134–146. [S.l.]: Universitetsforlaget
Ligações externas
editar- (em norueguês) Utdrag frå Magnus Lagabøtes landslov
- (em norueguês) Magnus 6 Lagabøte NRK
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